Não falta quem diga que não é de esquerda nem de direita, ou que não entende de política, apenas quer um trabalho e uma vida digna.
Pascual Serrano
Pascual Serrano
Para a esquerda, o exercício de uma liberdade que necessita dinheiro, nunca será um verdadeira liberdade. Isso será mercado. Essa é uma diferencia fundamental com a direita. E apenas algumas instituições representativas do povo, ou seja, o Estado, podem garantir esses direitos e liberdades, que estarão orientados a garantir que se cubram as necessidades dos cidadãos e que existe um sistema de leis e distribuição da riqueza justa. Em termos marxistas, “de cada um segundo sua capacidade, a cada um segundo sua necessidade”.
Ser de esquerda também supõe a adoção de alguns valores e princípios. Leva a renegar do mito da competitividade que impõe a direita e o neoliberalismo, para defender o da cooperação. A esquerda se inspira no compromisso com apoiar o mais débil da manada frente ao darwinismo social da direita. Igualmente, a esquerda entende que as lutas nunca são individuais, mas coletivas. Como afirmou Paulo Freire, “Ninguém se salva sozinho, ninguém salva ninguém, todos nos salvamos em comunidade”.
Por último ser de esquerda supõe adotar um comportamento coerente na vida pessoal. Para isso será imprescindível uma vida em harmonia com a sustentabilidade do planeta e o resto de seres vivos. Também informar-se, indignar-se e combater, como diria o Che a sua filha, qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo. Supõe formar-se e capacitar-se para poder melhorar a participação e colaboração no avanço coletivo. E também enfrentar e combater em nossa vida cotidiana as tentações que o modelo neoliberal tenta nos impor pela via do consumismo, da frivolidade, do egoísmo e do individualismo.
Por último, diferente dos modelos de direita que podem ser impostos pela força, um projeto social de esquerda apenas será possível se é compartilhado pelas maiorias sociais. Daí que um compromisso individual do cidadão de esquerda é trabalhar para promover os princípios, os valores, as políticas e os líderes que os representem.
As linhas recém escritas são breves, mas as condições e obrigações que impõem à esquerda são poderosas. Devem ser, porque demasiadas vezes, demasiados governos, em nome da esquerda, cometeram demasiadas traições. Dizem que muitas vezes a política é como tocar o violino: se toma o controle com a mão esquerda, mas depois se executa com a direita. Por isso devemos ter claro o que é esquerda, para que não confundamos tocar o violino com um governo de esquerdas.
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