Além de não realizarem os tratos adequados, dados preliminares apontam que o endividamento do setor cafeeiro alcance, atualmente, cerca de R$ 6 bilhões e, diante desse cenário de perda de renda e competitividade, o CNC entende que é necessário unir a produção e toda a cadeia café para pensar em políticas estruturantes para evitar que o setor não sofra tanto os impactos da volatilidade do mercado. Partindo dessa premissa, contamos com o apoio do Sistema OCB para realizarmos o seminário “Rumos da Política Cafeeira no Brasil”.
MERCADO — O mercado futuro do café arábica apresentou tendência de valorização nesta semana, impulsionado, principalmente, pelo estreitamento da arbitragem entre as Bolsas de Londres e Nova York, que chegou a atingir a mínima dos últimos cinco anos. O vencimento março de 2014 do contrato C encerrou a quinta-feira a US$ 1,1130 por libra-peso, com ganho acumulado de 490 pontos na semana.
Os preços futuros do café robusta sustentaram a tendência de alta pela quinta semana consecutiva. O vencimento janeiro de 2014 do contrato 409 da NYSE Liffe valorizou-se em US$ 100 até o fechamento de ontem, que se deu a US$ 1.821 por tonelada. A retração da oferta vietnamita tem causado esse efeito no mercado londrino, porém analistas avaliam que a alta não deve sustentar-se no médio prazo, pois após o feriado do Ano Novo do Vietnã (final de janeiro/início de fevereiro) as vendas devem intensificar-se.
Além disso, a significativa alta dos preços do café robusta, que pressionou a arbitragem entre as bolsas de Londres e Nova York, tende a incentivar as compras de arábica pelos torrefadores. Ontem, a arbitragem entre os terminais estava em 28,7 centavos de dólar por libra-peso, 30% inferior ao valor do início de novembro, de 41 centavos de dólar por libra-peso.
No mercado doméstico brasileiro, os preços do arábica e do conilon apresentaram tendências opostas. Os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) encerraram a quinta-feira a R$ 263,57/sc para o arábica e a R$225,79/sc para o robusta, representando variação acumulada de, respectivamente, 1,5% e -1,1% na semana.
Embora o Cepea avalie que as condições climáticas têm favorecido o desenvolvimento dos grãos da safra 2014/15 do Brasil, uma análise mais detalhada das informações divulgadas pela Somar Meteorologia e pela Fundação Procafé mostra que os volumes futuros a serem produzidos pelo País ainda são incertos.
A Somar afirma que a redução dos tratos culturais no campo, em função dos prejuízos auferidos nesta safra, pode resultar em abortamento dos grãos. Outra preocupação decorre da maior probabilidade de proliferação de doenças fúngicas, cujo controle é dificultado pela situação financeira desfavorável dos produtores. Por sua vez, a Fundação Procafé estima que a safra 2014 da cafeicultura de montanha, cujo potencial produtivo é de cerca de 10 milhões de sacas, poderá sofrer quebra de 30% a 40%. Esses cafezais possuem custo mais alto, em função do intenso uso de mão de obra para os tratos culturais e colheita, de forma que sofrem maior impacto da crise de baixos preços. Também o esgotamento das plantas apresenta elevada desfolha e seca intensa da ramagem.
Ainda nesta semana, foi divulgado o Informe Estatístico do Café, elaborado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que traz informações sobre o comércio exterior do produto. O volume exportado de café (verde e industrializado), de janeiro a novembro, foi de 29,15 milhões de sacas, 13% superior ao do mesmo período de 2012. Em função dos preços aviltados, houve perda de receita, que totalizou US$ 4,87 bilhões ante os US$ 5,85 bilhões auferidos nos 11 meses do ano anterior.
Em relação ao mercado cambial brasileiro, o dólar operou em um patamar médio inferior ao da semana passada, mas com tendência de alta nos últimos dias. No acumulado da semana houve valorização de 0,7%, com o fechamento da quinta-feira a R$ 2,3426. A divulgação de dados positivos da economia americana, que reforçam a redução dos estímulos monetários do Banco Central dos Estados Unidos, sobrepujou o impacto dos leilões de swap cambial do Banco Central do Brasil e da entrada de divisas desta semana.
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