domingo, 26 de janeiro de 2014

Ricos, poderosos, sem limites. O trilionário negócio das armas

Num mundo de 840 milhões de famintos, as despesas militares dos países superam US$ 1,7 trilhão em três anos, o equivalente a US$ 260 dólares por habitante do planeta

Renato Brandão

Mundo

Num mundo de 840 milhões de famintos, as despesas militares dos países superam US$ 1,7 trilhão em três anos, o equivalente a US$ 260 dólares por habitante do planeta
Há pelo menos 70 mil anos o Homo sapiens já era dotado da capacidade de produzir armas. Junto com a capacidade de desenvolver a linguagem e dominar o fogo, a construção de instrumentos acompanhou a espécie humana nas tarefas de conquistar e se consolidar por diversas regiões do planeta. Transformações posteriores, em especial após os períodos Paleolítico e Neolítico, abririam uma nova etapa da evolução do homem, culminando com a formação de pioneiras organizações sociais e o surgimento da escrita, colocando fim à Pré-história. Homens e armas evoluiram pela Antiguidade até os dias atuais, em uma história de mais de 5 mil anos que vai do uso de metal derretido para fazer espadas, flechas e lanças, até o domínio biológico, químico e nuclear para construir armas de destruição em massa capazes de aniquilar o planeta em poucos minutos e por várias vezes.
Depois da Revolução Industrial surgiu o que se conhece hoje como setor aeroespacial, defesa e segurança, um dos mais lucrativos e poderosos do mundo. Envolve empresários, políticos, militares, agentes de inteligência e negociantes de armas – e não é raro uma mesma pessoa se mover entre essas funções; a indústria bélica é repleta de poder e segredo, difícil de ser estudada e fiscalizada.
Estimativas sobre o setor normalmente são imprecisas e incompletas, especialmente porque países e empresas não revelam detalhes sobre o negócio, por sigilo militar ou pelo caráter das transações. As poucas informações divulgadas dão uma ideia da força da indústria de defesa. O comércio internacional de armas convencionais movimenta cerca de US$ 80 bilhões por ano – embora essa cifra deva ser bem maior, uma vez que alguns dos principais exportadores, como a China e o Reino Unido, não dão informação precisa sobre suas exportações.
Essa estimativa diz respeito a apenas uma parte dos negócios. Não estão incluídas vendas para o mercado doméstico. “O comércio mundial de armas representa apenas uma minoria do total da produção da indústria de armamento no planeta. Embora empresas de países menores sejam mais dependentes das exportações, a realidade é que a maioria das vendas feitas por grandes fabricantes dos Estados Unidos e demais potências é para dentro do país”, explica Samuel Perlo-Freeman, do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo, Suécia (Sipri, na sigla em inglês).

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