OPINIÃO DO SETOR PRODUTIVO DO CAFÉ A RESPEITO DA VINDA DA TORREFAÇÃO DA NESTLÉ PARA O BRASIL
Algumas pessoas que se intitulam representantes dos cafeicultoresbrasileiros, vem nos últimos dias expondo suas opiniões a respeito da instalação da Fábrica de cápsulas de café da Nestlé no Brasil, afirmando que os produtores não estão de acordo, sendo que a grande maioria nem teve acesso a essa informação. Conversando com representantes e lideranças, participantes ativos e que estão ligados diretamente e com o setor produtivo, o que se ouve é uma sinalização positiva referente à instalação da nova indústria. “O sonho do produtor é que haja políticas eficientes, com planejamento estratégico, inclusive na divulgação do café brasileiro, investimento em marketing seria uma das maiores prioridades” é o que defende Fernando Barbosa, representante dos cafeicultores do Sul de Minas.
Segundo Barbosa a Nestlé ainda terá que prestar alguns esclarecimentos e todos os detalhes propostos para virem se instalar no Brasil. Pelo pouco que temos de informações uma delas é o cultivo de variedades de cafés oriundos da Colômbia e África entre outros, sendo inicialmente implantados cerca de 3000 pés de cafés vindos do exterior para posterior propagação, a empresa que contratará um centro colaborador para realização para análise de riscos e pragas (ARP), para cada país de onde importará o café. A falta da ARP impedirá a referida importação devido à barreira fitossanitária vigente na legislação brasileira, uma das amarras burocráticas atuais. Existem cafeicultores preocupados com a chegada de pragas e doenças que podem vir junto com essas variedades, já que não se sabe quais seriam os impactos que poderiam acarretar as lavouras brasileiras. Segundo a multinacional Suíça, a introdução dessas novas variedades no Brasil, tem como objetivo principal a redução da importação de café, as quais seriam necessárias para compor os blends específicos exigidos por seus consumidores mundiais. A princípio essa importação solicitada pela Nestlé contempla o Café arábica verde, e não torrado, que será de 70% de café nacional para 30% importado. Quando as novas variedades estiverem em produção essa importação cairá para 15%.
Esta proposta foi analisada pelas cooperativas ao nível do CNC e aprovada por unanimidade. O setor produtivo aprovou a proposta porque vê uma oportunidade de exportarmos no futuro um café com 85% de café brasileiro, além de fazer um marketing de nosso café pois nas embalagens vão constar como "Produzido no Brasil"melhorando nossa imagem. Alguns setores da produção não concordam com esta importação por desconhecerem os detalhes do processo. Quanto aos torrefadores brasileiros não vejo onde vão sofrer concorrência pois os cafés dá variedade arábica importados tem um preço superior ao nosso, portanto o produto industrializado não poderá concorrer em preço com o nosso torrado. Segundo a Cooxupé que tem uma torrefação em ampliação, essa importação não significa uma ameaça.
Existe esta preocupação sobre a importação de café verde para compor o blend , com 70% de café brasileiro, no entanto não se comenta que nos últimos doze meses exportamos de café torrado US$ 3.528.287 e importamos este ano de jan.a jul US$ 28.483.521,com tendência a aumentar a importação dos cafés torrados e não sabendo quanto de cafés brasileiros tem esse blends.
A grande discussão não deveria ser somente a instalação da a fábrica da Nestlé e a importação de cafés que pretendem implantar, mas sim transformar nosso país numa plataforma de exportação do café brasileiro torrado, com maior valor agregado, e nesse sentido a entrada da multinacional no país poderia vir a abrir as portas do mercado internacional, tendo em vista que a qualidade dos nossos cafés não é reconhecida como deveria quando comparada a países como a Colômbia que tem um forte programa de marketing para o café. No entanto acreditamos que a maioria dos cafeicultores quer e precisa de novas opções e programas de apoio a comercialização, marketing e geração de renda, porém sobre essa questão da implantação da fábrica da Nestlé, como compete ao Governo uma permissão, com certeza há de se estudar muito bem a proposta e quais os desdobramentos que podem trazer com o passar dos anos, já que por um lado existe o temor dos problemas fitossanitários e de alterações negativas no mercado devido a importação, no entanto existe a possibilidade de aumento das exportações, reconhecimento e melhoria dos cafés aqui produzidos, entre outras vantagens que poderiam surgir com a estimulação de novas empresas que atuam no setor cafeeiro tanto nacionais como estrangeiras.
Por: Conselho Regional do Café dos municípios ligados á AMOG (Associação dos Municípios da Microregião da Baixa Mogiana)
Comentários
Reginaldo Corteletti Caros colegas cafeicultores, vejo com preocupação a intenção da Nestlé se instalar no Brasil e trazer café verde do exterior para fazer seu blend aqui. É pura empulhação achar que a Nestlé esteja querendo ajudar a nos cafeicultores. Exportadores e torrefadores fizeram fortunas explorando nossos antepassados e a nos (meu bisavô veio da Itália plantar café no Brasil). Se observarmos, nossas histórias são parecidas. Nossa vida pouco mudou em termos de qualidade, apesar de já estarmos na quarta geração de famílias de cafeicultores. O pessoal sempre manipulando o mercado (exportadores). E agora a Nestlé com esse cavalo de tróia para nós. Para ver como a Nestlé é parceira, é só assistir ao documentário sobre como ela está tratando a questão da água a nível mundial emhttp://www.bottledlifefilm.com/index.php/home-en.html. Nossa fonte “São Lourenço”, lá de São Lourenço, MG, entre várias outras, já são da Nestlé. Devemos nos mobilizar contra qualquer tipo de ação de empresa que queira importar café para o Brasil. Que comprem o nosso café!
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