domingo, 25 de março de 2012

MEU CARO SILVESTRO FÁVERO



04-02-1990
Neste momento de grande angústia e de perplexidade, ficamos pensando no que fazer. Rodamos nossos pensamentos em busca de uma explicação que justifique a situação atual. Por mais que nos esforcemos não conseguimos ir muito adiante. Não entendemos a situação.
Ficamos em silencio na tentativa de ouvir algum som ou mesmo alguma voz que possa dizer e te acusar de algum ilícito ou de algum crime. É tudo uma tentativa em vão. É tudo um enorme tempo perdido.  Ninguém possui condição para levantar a voz e te condenar. Acho que a situação é mesmo outra: a você somente se pode aplaudir, pela sua correção, dedicação, honestidade e determinação em serviço. A tua conduta é modelar, uma verdade para todos que convivem com você. As tuas ações são exemplos de amor ao próximo.
A nossa incapacidade em poder fazer algo de concreto em sua defesa é também motivo de nossa tristeza. A nossa ação de conforto é o instrumento que dispomos e lhe oferecemos, bem como a sua formidável família. É neste momento de apreensão e temor que a gente tem de se revelar forte e sucesso.
Tenho ainda nítido na memória o nosso primeiro encontro que tivemos. Numa reportagem na sua propriedade, quando o Celso falava da leguminosa no café, você com a sua fala mansa dizia que havia problemas na irrigação. Antes mesmo de você concluir, eu pensei rápido: lá vem produtor rural reclamar de falta de crédito. Mas a minha surpresa veio com as tuas palavras: não existe nada de irrigação para os pequenos, eles estão abandonados.
Que bela surpresa tive neste nosso primeiro encontro. Alguém se preocupando com os menos protegidos. Que bela surpresa teria novamente quando o encontro lutando no Mepes.
O tempo vai passando e hoje posso atestar a sua contribuição positiva para o meio rural capixaba. As tuas palavras calmas e cadenciadas exalam a sabedoria de quem vive uma vida de trabalho fraternal.
Com a  madrugada avançando, vou remoendo minha tristeza de ver um companheiro ser acusado e intimidado. Uma imensa tristeza de todos daqui de casa. A tua conduta sempre foi tema de conversas familiares e também com os amigos.
Gostaria que você e todos seus, recebessem estas palavras como sendo uma expressão de amor de uma família que lamenta o quadro atual. A gente de longe de vê impossibilitado de estender a mão, mas ao mesmo tempo registrar a nossa solidariedade:
Sonhar. Pensar. Fazer.
Ir em frente.
Lutar todos os dias.
Vencer e ser derrotado nos
Embates da vida,
Sonhar e sofrer são coisas
Tão normais na vida e na
Rota de quem como você tem
O amor ao próximo como rotina de vida.

Família e comunidade são
As chaves da tua
Vida. Solidariedade
E amor, são as linhas do
Rumo que você percorre.
O teu sofrimento é também a nossa dor.
Ser uma luz firme na escuridão é tarefa difícil. A tua tarefa é árdua e dura. Você tem sido mais do que uma luz, porque os caminhos que ilumina são os caminhos do bem, são estradas que levam ao bem, ao conhecimento, a uma vida mais digna para os seres humanos.
Meu querido Silvestro, como você gosta tanto de dizer vamos fazer uma reflexão. Feliz é o homem que pode mostrar para a Sociedade uma folha imensa colaboração com ela, dentro do espírito de fraternidade e nas palavras mágicas do padre Humberto Pietrogrande, que está presente em todos relatórios do Mepes.
ENCONTRAR-SE PARA CONHECER-SE.
CONHECER-SE PARA CAMINHAR JUNTOS.
CAMINHAR JUNTOS PARA CRESCER.
CRESCER PARA AMAR MAIS.
Com a devida licença do padre Humberto, mas estes versos retratam com fidelidade a figura e a personalidade de uma pessoa             que estimamos de coração.
Silvestro Fávero e família, fica aqui o nosso respeito e um grande abraço de quem te ama.
Nota- este texto foi escrito e entregue a Silvestro Fávero que não época estava com a sua vida ameaçada. Felizmente nada aconteceu e ele permanece firme na sua propriedade diversificada em Pinheiro, Norte do Estado.
Nota 2 – este texto é o de número 17 do livro Mepes 25 anos. Conversa franca, amizade longa. O nosso testemunho e a nossa esperança. 

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