domingo, 25 de março de 2012

Preço do café e informação ao produtor dominou a abertura do Circuito Mineiro do Café na Cooparaiso



Presente ao evento, Reitor da Universidade Federal de Lavras, diz que produtor precisa ter informação para fazer umtrabalho cada vez melhor.
Um dos eventos mais tradicionais do setor cafeeiro, oCircuito Mineiro de Cafeicultura, realizou mais uma vez sua abertura na sede daCooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastiãodo Paraíso (Cooparaiso), parceira doevento. Cerca de 200 produtores de café do sul de Minas compareceram ao Circuito, queteve como tema neste ano “Produtividade, qualidade, competitividade erenda”.
Para o diretor comercial  da Cooparaiso,Rogério do Couto Rosa Araújo, sediar um evento desse porte em sua abertura éuma honra para a cooperativa: “Tivemos pessoas ilustres presentes noevento, como o reitor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), AntônioNazareno; Ednaldo Abrahão, da Emater e do Polo de Excelência do Café; tivemos aspresenças dos gerentes regionais das Emater-MG. As palestras foram muitointeressantes. Podemos dizer também que foi a abertura de nosso Plano de Safra,o que quer dizer que essas foram as primeiras de uma série de palestras quevamos apresentar em nosso plano de safra 2012”, disse o diretor da Cooparaiso.
O reitor Antônio Nazareno Mendes Junior disse que o eventoocorre para demonstrar o quanto a informação é necessária ao produtor de café.“O cafeicultor está apreensivo por causa das quedas no preço do café. Elevive um cenário pior do que há alguns meses. Com a proximidade da colheita aapreensão aumenta, mas esperamos que nossos técnicos, pesquisadores,profissionais do setor possam, pelo menos, nivelar as informações para oscafeicultores, para que tenhamos uma visão, o mais próxima possível do mercado,e que a gente possa assegurar ao produtor, para essa safra, informações paraque ele faça uma boa colheita e, principalmente, que ele continue a colher umcafé de ótima qualidade, que agregue valor ao seu produto e com isso possaatingir patamares melhores no mercado internacional. E a Universidade de Lavrastrabalha para prestar a sua contribuição”, disse o reitor.
Uma das palestrantes do evento, a engenheira agrônoma eadministradora técnica de vendas, Sílvia Miranda Borba, apresentou o tema sobre“manejo técnico de doenças”. Ela disse que a preocupação dosprodutores deve ser agora quanto à mancha aureolada e cercospora que podemtrazer perdas significativas para esta safra. “A mancha aureolada estásendo um problema sério na região do sul de Minas e agora a cercospora surgiunos cafezais, por isso é importante falar sobre o manejo sustentável, tanto como produto químico, quanto o manejo cultural”, explicou.
Silvia também elogiou o evento por sua abrangência. “Éum evento fundamental para difundir tecnologia, novos produtos, debater sobredoenças, pragas e mercado. Hoje a informação pode mudar cenáriospositivamente”, refletiu.
O professor do departamento de Agricultura da UFLA, RubensJosé Guimarães, que apresentou a palestra “manejo sustentável da lavouracafeeira”, disse que “a novidade sobre a pesquisa cafeeira –desde a muda, até a qualidade final da bebida - tem o objetivo maior de levaralgo novo que a Universidade tem a dizer ao produtor. Temos que elogiar o setorprodutivo, na figura do produtor de café. Se não fosse adotarem as novastecnologias que apresentamos, não existiria o aumento de produtividadesignificativo que temos notado”, ponderou.
O Circuito Mineiro de Cafeicultura é realizado pelaEmater-MG, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e UFLA.
Análise do momento
De acordo com o coordenador do Polo de Excelência do Café,Ednaldo Abrahão, presente ao evento, o momento atual da cafeicultura é muitopositivo. “Apesar de estarmos vivendo uma queda nos preços do café, euacredito que ela seja artificial, pois coincidiu com o anúncio de uma supersafra, que eu não acredito que vá atingir os números anunciados. Para mim, chegaremosa ter uma safra de 50 milhões de sacas, que podemos considerar boa, mas não osuficiente para repor o que torramos de café. Mesmo com essa safra, não vamosconseguir suprir a demanda de café, por isso acredito na recuperação de preços”,contextualizou Ednaldo.
Para ele, a divulgação dessa safra não veio junto com alguns“artefatos” capazes de proteger os preços. “Tínhamos que teralguns mecanismos implantados que fossem capazes de fazer com que o produtorsegurasse a sua safra. Com a divulgação de uma super safra, há uma maior ofertade café, pois o produtor vai vender, temendo que o preço ainda abaixe mais eporque tem que quitar suas dívidas”, disse.
Ednaldo disse que o momento é único, não só por causa dosbaixos estoque de café no mundo e dos preços. “Estamos com representaçãonova no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no Conselho Nacionaldo Café (CNC), temos agora um brasileiro na Organização Internacional do Café(OIC). Nós precisamos de lideranças que pensem na cafeicultura como um todo, enão segmentada, porque se um setor vai mal, influencia o outro”.
Outro aspecto que Ednaldo ressaltou é a questão da difusãode informações, fator essencial para o crescimento do setor cafeeiro.“Nós não fazemos nada sozinho e o trabalho do Coffee Break, Comunidade Manejo da Lavoura, RevistaCafeicultura, Polo de Excelência do Café e Universidade Federal de Lavras,entre outros, têm realizado a construção coletiva do conhecimento, isso vaiunir a cadeia, aí a força do café terá que ser reconhecida, afinal somos omaior produtor do mundo de café e não nos posicionamos assim. Para se ter umideia de quanto isso é importante, vamos trabalhar em prol do mapeamento dacafeicultura, pois não temos noção de como é o parque cafeeiro, quanto temos deárea plantada, quanto de produção e produtividade. Em conseqüência dessasquestões não temos uma metodologia científica para fazer estimativa de safra eficamos a sabor do mercado. Não sabemos, por exemplo, qual a extensão doprejuízo que a seca provocou. Como podemos formular políticas públicas se nãoconhecemos o nossonegócio?”, questiona Ednaldo Abrahão.

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