sábado, 1 de setembro de 2012

Buenos Aires institui bolsa-escritor



Cidade, que tem centenas de pequenas livrarias, vai homenagear quem a enriquece com ficção e poesia
Conhecida por sua tradição literária, cidade oferece R$ 2 mil mensais para assegurar vida digna a ficcionistas e poetas que passaram dos 60
Por Laís Bellini
Aconchegante e envolvente, Buenos Aires sempre teve, em suas ruas, a presença de gigantes literários. Vinho tinto, clima, praças, cafés e livrarias aos montes têm, agora, a companhia de um novo atrativo: a prefeitura está concedendo pensões aos escritores, como forma de complementar sua renda.
Desde que promulgada, a lei que estabelece o benefício já alcançou mais de 80 escritores — e eles podem receber o equivalente a R$ 2 mil mensais. A política amplia o esforço do país para consolidar e desenvolvera ainda mais sua já forte tradição literária espanhola: dentre os 22 autores escolhidos recentemente pela revista Granta como os melhores romancistas jovens que escrevem em espanhol, oito são argentinos. Além das pensões, a cidade oferece subsídios para editores independentes e isenções de impostos na compra de livros.
Agora, a ideia é estender essas pensões a literários para além de Buenos Aires, alcançando todo o território nacional e fornecendo, assim, alguma estabilidade financeira a centenas de escritores mais velhos, que são reconhecidos pelo importante papel de formação da sociedade argentina.
Para ter direito ao benefício, o escritor deve ter pelo menos 60 anos e ser autor de no mínimo cinco livros lançados por editoras conhecidas. Autores das áreas de medicina, direito ou outras áreas técnicas não são contemplados: o apoio é restrito aos escritores de ficção, poesia, ensaios literários e peças teatrais. A pensão é calculada com o objetivo de elevar a renda de aposentadoria desses escritores à escala do salário-base dos servidores públicos municipais.
Autor com menos de cinco livros podem fazer jus ao complemento. Sua reivindicação é, porém, submetida a uma comissão, constituída por membros de entidades como a Sociedade de Escritores Argentinos e o departamento de Literatura da Universidade de Buenos Aires. Nesses casos, a comissão considera reconhecimentos como prêmios literários para legitimar a pensão. Mesmo estrangeiros podem beneficiar-se da política — desde que tenham ao menos quinze anos de redidência em Buenos Aires e trabalhos publicados em espanhol ou em alguma língua indígena da Argentina.
Leia mais:
  1. Políticas Públicas: a opção da Bolsa-Cultura

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