Hoje produzem-se suficientes calorias no mundo para alimentar toda a gente, mas um sétimo da população mundial não tem dinheiro suficiente para comprar comida.
RICARDO COELHO
RICARDO COELHO
Isto não significa, contudo, que a quantidade de alimentos produzida seja irrelevante. Pelo contrário, o que a história recente nos mostra, pelo menos desde a crise alimentar de 2008, é que perturbações na produção de alimentos ou na distribuição, causadas pelas alterações climáticas ou pelo desvio de alimentos para a produção de agrocombustíveis, podem ter um impacto significativo na fome mundial. O desafio coloca-se, portanto, no desenvolvimento de métodos de produção que sejam tão respeitadores do meio ambiente quanto produtivos.
Felizmente, estes métodos já existem. Um artigo publicado recentemente na Nature estimou que a produtividade da maior parte das culturas pode ser aumentada em 40 a 70 por cento nas terras usadas para a agricultura através de um uso da água e de fertilizantes mais racional. O estudo aponta também que na Europa Ocidental, assim como nos EUA e na China, o uso de fertilizantes é claramente excessivo, resultando na poluição de cursos de água. Seria possível, portanto, transferir o uso destes fertilizantes para países na Europa de Leste e África sem prejudicar a produção de alimentos nos países ocidentais e na China.
Como assinalou Nathaniel Miller, um dos autores do estudo, ao Science Daily, uma das conclusões é que será possível ainda alimentar o mundo em 2050, quando a procura de alimentos poderá duplicar devido ao aumento da população e mudanças nos hábitos alimentares, sem destruir o meio ambiente.Mas é possível ir ainda mais longe.
Já em 2007, um meta-estudo da Universidade do Michigan analisou 293 estudos publicados comparando a produtividade da produção biológica com não-biológica. A conclusão foi impressionante: a agricultura biológica pode ser até três vezes mais produtiva nos países menos desenvolvidos e atinge produtividades comparáveis à agricultura convencional nos países desenvolvidos. Ou seja, é possível alimentar o mundo com uma agricultura que não agride o ambiente nem nos enche os pratos com químicos.
Com estas importantes mudanças, podemos alimentar o mundo e preservar o ambiente em que vivemos e a nossa saúde. Aí sim, podemos falar de uma verdadeira Revolução Verde.
Organic Farming Yields as Good or Better – Study, http://www.reuters.com/article/2007/07/10/us-farming-organic-idUSN1036065820070710
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