segunda-feira, 24 de setembro de 2012

HERACLIDES ALVES DE ARAUJO (I)



Filho de Cândido Alves de Araújo e de  Severina Pia de Assis Dornelas Soares de Araújo, bisavós maternos deste articulista.
Era estudioso, um real “self made man” (“homem que se fez a si mesmo”), reconhecidamente em todo o sentido da palavra. Um autodidata, com o dom nato e portador de memória fotográfica, tornando-se conhecido e divulgado até os nossos dias, devido a seu extraordinário e invejável carisma de memorizar com radicalidade tudo o que as demais pessoas queriam que ele o fizesse, como se estivessem “alugando” sua mente para memorizar fatos, idéias e problemas para serem solucionados em futuro imediato ou distante.
Heraclides Alves de Araújo, era homem extrovertido, alegre, simpático, popular, amigo de todos e um paladino das letras, embora não ter sido conhecido pela mídia de seu tempo, em face de residir sempre no interior, mesmo porque, naqueles “idos”, os meios veiculadores de notícias eram mais facilmente encontrados só nos grandes centros urbanos.
            Gostava imensamente de ler jornais que vinham da capital, via Castelo e para lá também enviava alguns artigos para serem publicados nos hebdomadários que circulavam em Vitória.
           Era um intelectual refinado, embora vivendo em cidade  interiorana, tinha o hábito de adiantar algumas coisas das realidades, a ponto de arriscar um palpite que deu certo, conforme dizia: “chegará o dia em que tudo será de plástico!” (É possível crer-se que esta frase que estava sempre em seus lábios, fosse originada das leituras de jornais que acompanhava, havendo-a colhido, certamente, de outros articulistas mais adiantados que ele, mas não é de se duvidar que tenha se originado de sua mente fértil e evoluída para a época ou por algum de seus pares! Não sei qual assertiva é a verdadeira! Só chegou ao meu conhecimento que estas palavras futurólogas ele sempre as pronunciava!)
Sabia resolver com tremenda facilidade problemas dificílimos de matemática. Esta capacidade era tão admirável que, em meio aos burburinhos da vida, mesmo em trânsito, nas estradas poeirentas, quando alguém lhe passava um problema comercial complicado e que exigia longos e intrincados cálculos, ele dava com maestria, a tempo, o resultado de forma mágica e precisa!
Sua capacidade de raciocínio aritmético e matemático era coisa de invejar – dizem os mais antigos e todos os que o conheceram e tiveram a subida honra de terem sido seu aluno.
Foi-lhe feita referência pelo Dr. Carlos Brahim Bazzarella, in “Documentos Históricos”- nº 4 – “Nossos Distritos” - página 9 – apostila da CASA DA CULTURA, informando que ele era professor, transcrito conforme segue: “... 2) Ensino  - proposta do vereador Joaquim Emílio Bicalho para criação da Escola Mixta em São Sebastião do Laje, em 1912. Foi nomeada a professora Lina Vieira Perina, que permaneceu até 1913. Em 1916, era professor Heraclides Alves de Araújo” - no distrito de Vieira Machado.
Na gestão municipal do então Prefeito, José Almança Trujillo (“Zé Ico”), foi homenageado através de um projeto levado à aprovação na Câmara Municipal, pelo vereador Jordão Rodrigues Pereira, denominando a Biblioteca do Município de “BIBLIOTECA MUNICIPAL HERACLIDES ALVES DE ARAUJO”, cujo acervo encontra-se no pavimento térreo da “CASA DA CULTURA” desta cidade de Muniz Freire.
  Há um neto que se parece bastante com ele, no corte de cabelo. Trata-se do Ronald Mansur, jornalista da “A Gazeta”, que sempre aparece no “Jornal do Campo”, nos domingos matinais, através desta Rede de TV. Mas, nos jeitos e na forma de falar, nas brincadeiras, na didática de conduzir e ensinar crianças, certo treinamento mental e ainda o gosto intenso pelo bom hábito de ler, que também muito se assemelha a esse vovô Heraclides Alves de Araújo, - dizem alguns, que é um dos filhos da Dona Maria Gerda (de Araújo) Lúcio. Não sei até que ponto isto é verdade, mas, esse tal neto do vovô Heraclides sente-se honrado em ter a aparência ou lembrar, com certa nitidez esse vovô intelectual.
              Ele (o “guru”, o “Gamaliel”, o “professor particular”  de tempos remotos), encarnava e vivia realmente o Educador em potencial dedicado de sua época, com “aulas particulares”, para ajudar nos orçamentos domésticos. Deste mister inúmeros foram os seus alunos que com ele aprenderam as matérias mais simples e as mais complexas daquele nível curricular de ensino, que alguns deles (lembro-me de poucos), sempre me fizeram referência de seu cabedal cultural e que têm prazer de ter sido seus alunos. Para não dizer que não me lembrei de ninguém, cito alguns que me vieram à mente: os tios da socióloga Zélia Cassa (Alegre-ES); o senhor Darci Araújo, Diácono da Igreja Católica, desta cidade; Elias de Almeida, o Presbítero da Igreja Cristã, do Distrito de Menino Jesus; Joel Madeira Tiengo, comerciante conceituado no Distrito de Piaçu e diversos outros que podem atestar o que aqui foi delineado e, inclusive, contarem outras experiências vividas ao seu lado, para registro histórico.
              Atuava como educador, conforme informação da mencionada Socióloga, Zélia Cassa, em zonas rurais (nas Fazendas), principalmente na Fazenda “Bugari”, que dista desta cidade, cerca de 05 Km, onde residem e militam boa parte da família Caçador, Cassa e outros. Nessa função de alfabetizador que era, ele se empenhava profundamente para que seus alunos caprichassem bastante na caligrafia e a maioria deles tornaram-se exemplares no desenho das letras de forma admirável, imitando seu mestre à altura.

            Muniz Freire, 03 de março de 2.003

           Fernandinho do fórum

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