sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Limitar desmatamento não prejudica a economia, aponta pesquisa da USP


Questão do desmatamento no Brasil foi tema de estudo realizado no Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada da FEA-RP/USP, em Ribeirão Preto (SP)

Um estudo desenvolvido na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que os impactos econômicos das políticas de limitação do desmatamento no Brasil são praticamente insignificantes diante dos efeitos positivos da preservação de milhões de hectares de florestas e cerrados que deixam de ser transformados em áreas agrícolas até 2050. 
A pesquisa foi apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia pela aluna de mestrado Caroline de Souza Rodrigues Cabral sob orientação do professor doutor Ângelo Costa Gurgel. Através do estudo, os pesquisadores comprovaram que a redução na produção setorial chega a no máximo 1,87% na agricultura, 1,81% na pecuária e 1,54% no setor de alimentos no ano de 2050, mostrando que a introdução de políticas de redução do desmatamento pouco altera a trajetória de crescimento da economia, gerando uma diminuição de no máximo 0,15% no PIB.
Com as políticas de preservação e de redução do desmatamento, até 68 milhões de hectares de florestas e cerrados podem deixar de ser transformados em área agrícola até 2050. Sem falar nos benefícios associados ao controle dos desmatamentos, como a manutenção da biodiversidade e a reduções nas emissões de gases de efeito estufa, com redução nos danos e prejuízos que podem ser causados pelas mudanças climáticas.
Os resultados da pesquisa sugerem custos econômicos pouco expressivos diante dos potenciais benefícios de preservação ambiental, devido à capacidade de aumento em produtividade das pastagens brasileiras e conversão de áreas de vegetação secundária e subaproveitadas em cultivos agrícolas.
A produção na pecuária poderia ser intensificada diante da restrição a expansão sobre as áreas de vegetação natural, de modo a liberar terras para a produção agrícola, na qual as possibilidades de intensificação são menores. As simulações também sugerem que a expansão da fronteira agrícola pode ocorrer sob a vasta área de vegetação secundária e áreas de cultivo e pastagens abandonadas e ou degradadas existentes no Brasil, que poderiam ser melhor utilizadas com a adoção de tecnologias e práticas agrícolas modernas capazes de aumentar a produtividade tanto da agricultura como da pecuária.
“Dessa forma, espera-se que o aumento na demanda por produtos agrícolas e alimentos possa ser acompanhado de aumento da oferta baseada na intensificação da produção agropecuária, evitando tendências de crescimento nos preços de alimentos e a perda de competitividade do setor brasileiro”, conclui Caroline Cabral.
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