quinta-feira, 8 de março de 2012

CACHOEIRO SEM O HORTÃO



CACHOEIRO SEM O HORTÃO

Não consigo imaginar Cachoeiro sem o Hortão          Foi com tristeza que li aqui neste blog o lamento do Mansur sobre o fim do Hortão de Cachoeiro de Itapemirim. Aqui de longe, no Norte do Paraná, já imaginava que isto tivesse acontecido. Mas queria acreditar que não.          Perdi a conta das vezes que lá estive fazendo reportagens para o Jornal do Campo da TV Gazeta. Foi nos anos de 1980, 1990. Ainda tenho na memória aquele Nasser sorridente, orgulhosamente nos apresentando, a cada viagem, “uma nova variedade” de fruta ou hortaliça que ele passara a produzir. Tudo cuidadosamente cultivado sem veneno, sem adubo químico e no meio do mato, por assim dizer. Isso mesmo: junto com as ditas ervas daninhas que, no caso, desculpem o trocadilho, não provocavam dano algum. Ao contrário, protegiam o solo e serviam de alimento para os insetos (pragas) que por terem comida farta no seu habitat natural deixavam de atacar as plantas.          Que beleza o laranjal! Muitos pés necessitavam de escoras nos galhos tantos frutos produziam. Recordo que certa vez contamos mais de 700 laranjas em apenas uma árvore. E olha que não estava totalmente formada. Pássaros faziam ninhos na plantação de tomate. Onde isso seria possível com a infinidade de agrotóxico jogado nos tomateiros? Somente lá. Enchia os olhos ver a beleza, a qualidade, da couve, da alface, da beterraba, da cenoura, do inhame... E o tamanho das goiabas? No Hortão se produzia quase tudo, e muito bem, de forma totalmente orgânica, repito. Tinha também criações de coelho e de galinha que comiam ração preparada com o que sobrava dos canteiros. Tudo se aproveitava. Nada mais perfeito.           Toda produção era destinada à merenda das crianças das escolas públicas e às refeições dos pacientes da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro. Alimento saudável! Fortalecia os seres em formação e recompunha as energias dos enfermos. Que beleza!                  Essa infeliz mania que os administradores brasileiros têm de não dar sequência aos trabalhos realizados pelos antecessores custam caro à população e põe a perder grandes projetos como o do Hortão de Cachoeiro. É uma prática, a meu ver, própria da incompetência, da inveja  e da mesquinhez. Da falta de respeito ao profissional e aos raros homens públicos que se preocupam com a saúde e qualidade de vida de seus cidadãos.           Liga não Nasser. Você fez o trabalho. Provou ser possível produzir alimento – e muito bem – sem química alguma. Sei que está triste por não poder tê-lo levado adiante, mas com a consciência tranqüila. Não quiseram continuar. Azar o deles.          E do povo, óbvio!   Sérgio Marqueze

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