terça-feira, 11 de setembro de 2012

Buenos Aires incentiva distribuição de bicicletas e vestiários para ciclistas


Para incentivar os portenhos a pedalar e desafogar o trânsito, o governo da cidade de Buenos Aires está incentivado empresas, universidades e ONGs a aderirem a um programa que prevê a distribuição e o empréstimo de bicicletas a funcionários e alunos. Estacionamentos e vestiários com chuveiros para os que chegam suados após a pedalada para o trabalho ou estudos também estão no plano.

Trata-se do programa chamado Mejor en Bici (Melhor de Bicicleta). Segundo dados do governo local, 107 empresas de diferentes setores como tecnologia, petróleo e alimentos, além de 28 ONGs e oito universidades, já foram classificadas como ‘amigas da movimentação sustentável’ porque estão estimulando o uso de bicicletas.
De acordo com o subsecretário de Trânsito e de Transporte, Guillermo Dietrich, em troca, o governo oferece palestras sobre segurança no trânsito e assessoria na área de infraestrutura ligada às ciclovias. As empresas ainda ganham ainda um selo de ’socialmente responsável’.
O objetivo é que a bicicleta torne-se o principal meio de transporte de muita gente entre a casa e o trabalho – ou pelo menos até a metade do caminho.
Buenos Aires, com três milhões de habitantes, possui 90 quilômetros de ciclovias e um sistema integrado com 22 estações com 850 bicicletas gratuitas. O governo local planeja chegar a 120 quilômetros em três anos e 5 mil bicicletas grátis.
Para efeitos de comparação, em São Paulo, com 19 milhões de habitantes, a malha de ciclovias, incluindo as das áreas de lazer, é de 140 km, de acordo com o site da Prefeitura.
Já o Rio de Janeiro conta, no total, com 235 km de ciclovias, ficando atrás apenas de Bogotá, na Colômbia, entre as cidades sul-americanas, também segundo a Prefeitura.
Gratuitas – Em Buenos Aires, 57 mil pessoas estão registradas nos computadores das estações de bicicletas, segundo dados oficiais.
Na prática, muitos usam a bicicleta do programa para completar a viagem – por exemplo para chegar a estação de trem ou de metrô na ida ou na volta para o trabalho, para a universidade ou órgão público.
O sistema inclui a entrega de capacetes e o usuário deve devolver a bicicleta e o capacete até uma hora depois em outra estação de bicicletas.
‘A maioria das viagens (dos que trabalham ou estudam) é de menos de cinco quilômetros e esse percurso pode se fazer facilmente de bicicleta’, disse o subsecretário.
O universitário Ignácio Castiglioni, de 26 anos, pega a bicicleta em frente à faculdade de direito, no bairro da Recoleta, e vai até a estação de trem de Retiro, a cerca de 15 minutos dali, onde entrega a bicicleta e segue para casa, no bairro de Villa Devoto.
‘É uma forma de fazer exercício e evitar os ônibus. Não sou apoiador deste governo, mas reconheço que esse sistema de ciclovias é bom’, disse à BBC Brasil na estação em frente à faculdade.
‘Ruas estreitas’ – A construção de ciclovias gerou, inicialmente, criticas por parte de muitos motoristas, que reclamaram ‘das ruas mais estreitas’.
‘Pensaram que estávamos loucos, mas agora as pessoas começam a perceber a mudança, os resultados positivos’, disse o subsecretário.
O psicólogo Federico Pardo adquiriu em Barcelona, na Espanha, onde morou, o hábito de usar a bicicleta como seu meio de transporte e acha que as críticas, em Buenos Aires, são uma questão de ‘adaptação’ dos hábitos da sociedade.
‘Aqui em Buenos Aires, vou de casa para o escritório de bicicleta e no fim de semana a coloco no trem para jogar futebol com os amigos em San Isidro’, município da Província de Buenos Aires.
Mas há quem prefira não se arriscar com a bicicleta. A bioquímica Vanesa Mares diz que prefere caminhar ou usar o transporte público ou táxi. ‘Acho que ainda falta a conscientização dos motoristas em relação aos ciclistas’, disse ela.
Estações – As estações de bicicletas públicas estão em vários pontos da cidade, como nas calçadas das avenidas Nove de Julio, no centro, ou em pontos da Recoleta e de Palermo. O serviço funciona de segunda a sexta das oito da manhã às oito da noite e sábados das nove da manha às três da tarde.
Quase dois anos após a inauguração das primeiras ciclovias, em dezembro de 2010, o número de viagens em bicicleta já representa 2% dos descolamentos em Buenos Aires. O objetivo das autoridades é ampliar esse percentual para 5%, em três anos.
Atualmente, 60% do transporte de passageiros é feito em ônibus. (Fonte: G1)
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