“Disse me disse” de Veja alimenta polêmica nos corredores do STF
Marcos Valério continua negando, por intermédio do seu advogado, que tenha concedido entrevista à Veja. E desmente conteúdo que envolve o ex-presidente Lula com o chamado “mensalão”. Um repórter da revista, entretanto, garante que há uma gravação que comprova o contrário. O procurador-geral pede cautela quanto às declarações do empresário, mas a imprensa o pressiona por “providências”. Advogado diz que sócio de Valério nunca ouviu falar em envolvimento de Lula com o “valerioduto”. E ministro do STF diz, em off, que a repercussão, no julgamento, é nenhuma.
Najla Passos
Brasília - Nesta segunda (17), enquanto o relator da ação penal 470, ministro Joaquim Barbosa, apresentava a quarta fatia do seu voto, nos corredores do Supremo Tribunal Federal (STF) o assunto principal era outro: a polêmica matéria publicada na última edição da revista Veja que atribui ao empresário Marcos Valério (já condenado como operador do “valerioduto”) declarações que envolvem diretamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esquema do “mensalão”.
O advogado Marcelo Leonardo, que representa Valério, não compareceu à corte. De Belo Horizonte (MG), passou a tarde atendendo, por telefone, aos jornalistas que cobrem o julgamento no STF. E a todos eles respondeu no mesmo teor: “Marcos Valério não concede entrevista a nenhum veículo de comunicação desde 2005. Aliás, a própria revista admite que não entrevistou Valério”.
- O senhor vai interpelar judicialmente a revista?, questionou Carta Maior.
- Ainda não conversei com meu cliente a respeito, respondeu Leonardo.
Um repórter de Veja que cobria o julgamento, entretanto, garantia aos colegas jornalistas que a revista possui, sim, uma gravação com Valério. E que seu conteúdo ainda poderá vir a ser divulgado.
- Se a revista realmente entrevistou Valério, por que omitiu isso dos leitores?, perguntou Carta Maior.
- Faz parte de uma estratégia da publicação. Mas a redação está estudando se publica a gravação agora, respondeu o repórter.
Antes do início da sessão, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, também comentou o episódio. Começou pedindo “cautela” em relação ao que chamou de “supostas declarações de Marcos Valério”, um personagem que, segundo ele, desde o início do processo se revelou um “jogador”.
- As declarações dele tem que ser sempre tomadas com muita cautela. Desde o início do processo, Marcos Valério sempre se revelou um jogador. É preciso ver que tipo de jogo está sendo feito, disse Gurgel.
A grande imprensa, então, o pressionou. Os jornalistas insistiam se o MPF não iria fazer nada: processo contra ao Lula, convocação de Valério para novo depoimento, oferecimento do benefício da delação premiada... várias eram as alternativas apresentadas. E Gurgel acabou aviltando possibilidades das supostas declarações resultarem em desdobramentos futuros.
- O MPF vai tomar alguma providência?, questionou um repórter.
- Vamos, primeiro, aguardar. Nós temos apenas essa declaração. Vamos aguardar para ver como desenrola. É preciso cautela”, disse o procurador-geral.
- Essa declaração não é suficiente?, perguntou outro repórter.
- Não, não é suficiente. Nós temos que dar mais consistência para essas declarações (...) A grande prioridade do MPF é a conclusão deste julgamento e depois vamos examinar esses aspectos. Não é bom misturar as coisas até porque as declarações não podem interferir neste julgamento, acrescentou Gurgel.
Um dos poucos advogados presentes à sessão desta segunda, Hermes Guerreiro, que representa Ramon Hollerbach, sócio de Valério, disse que não há possibilidade das declarações atribuídas a Valério interferirem neste julgamento, já em curso.
- Se Valério conseguir uma delação premiada, por exemplo, seu cliente pode ser prejudicado?, questionou Carta Maior.
- Tudo neste processo é tão atípico que é difícil fazer previsões, disse Guerreiro.
- Seu cliente comentou algo sobre a veracidade das declarações atribuídas a Valério?, insistiu Carta Maior.
- Ele ficou assustado. Não tem conhecimento sobre nada disso. Se tivesse, eu mesmo o teria aconselhado a fazer um acordo com o MPF, considerou.
O assunto foi pauta também entre os magistrados que julgam o caso.
Perguntado se havia visto a matéria da Veja, um ministro do STF respondeu, em off.
- Vi. Mas vi também que é uma matéria em super off, né?, ironizou.
Questionado sobre que repercussão a reportagem teria sobre o julgamento disse:
- Até agora nenhuma, ninguém falou. O que é relevante para nós aqui é o que está nos autos, não o que está em jornal, revista.
Será?
O advogado Marcelo Leonardo, que representa Valério, não compareceu à corte. De Belo Horizonte (MG), passou a tarde atendendo, por telefone, aos jornalistas que cobrem o julgamento no STF. E a todos eles respondeu no mesmo teor: “Marcos Valério não concede entrevista a nenhum veículo de comunicação desde 2005. Aliás, a própria revista admite que não entrevistou Valério”.
- O senhor vai interpelar judicialmente a revista?, questionou Carta Maior.
- Ainda não conversei com meu cliente a respeito, respondeu Leonardo.
Um repórter de Veja que cobria o julgamento, entretanto, garantia aos colegas jornalistas que a revista possui, sim, uma gravação com Valério. E que seu conteúdo ainda poderá vir a ser divulgado.
- Se a revista realmente entrevistou Valério, por que omitiu isso dos leitores?, perguntou Carta Maior.
- Faz parte de uma estratégia da publicação. Mas a redação está estudando se publica a gravação agora, respondeu o repórter.
Antes do início da sessão, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, também comentou o episódio. Começou pedindo “cautela” em relação ao que chamou de “supostas declarações de Marcos Valério”, um personagem que, segundo ele, desde o início do processo se revelou um “jogador”.
- As declarações dele tem que ser sempre tomadas com muita cautela. Desde o início do processo, Marcos Valério sempre se revelou um jogador. É preciso ver que tipo de jogo está sendo feito, disse Gurgel.
A grande imprensa, então, o pressionou. Os jornalistas insistiam se o MPF não iria fazer nada: processo contra ao Lula, convocação de Valério para novo depoimento, oferecimento do benefício da delação premiada... várias eram as alternativas apresentadas. E Gurgel acabou aviltando possibilidades das supostas declarações resultarem em desdobramentos futuros.
- O MPF vai tomar alguma providência?, questionou um repórter.
- Vamos, primeiro, aguardar. Nós temos apenas essa declaração. Vamos aguardar para ver como desenrola. É preciso cautela”, disse o procurador-geral.
- Essa declaração não é suficiente?, perguntou outro repórter.
- Não, não é suficiente. Nós temos que dar mais consistência para essas declarações (...) A grande prioridade do MPF é a conclusão deste julgamento e depois vamos examinar esses aspectos. Não é bom misturar as coisas até porque as declarações não podem interferir neste julgamento, acrescentou Gurgel.
Um dos poucos advogados presentes à sessão desta segunda, Hermes Guerreiro, que representa Ramon Hollerbach, sócio de Valério, disse que não há possibilidade das declarações atribuídas a Valério interferirem neste julgamento, já em curso.
- Se Valério conseguir uma delação premiada, por exemplo, seu cliente pode ser prejudicado?, questionou Carta Maior.
- Tudo neste processo é tão atípico que é difícil fazer previsões, disse Guerreiro.
- Seu cliente comentou algo sobre a veracidade das declarações atribuídas a Valério?, insistiu Carta Maior.
- Ele ficou assustado. Não tem conhecimento sobre nada disso. Se tivesse, eu mesmo o teria aconselhado a fazer um acordo com o MPF, considerou.
O assunto foi pauta também entre os magistrados que julgam o caso.
Perguntado se havia visto a matéria da Veja, um ministro do STF respondeu, em off.
- Vi. Mas vi também que é uma matéria em super off, né?, ironizou.
Questionado sobre que repercussão a reportagem teria sobre o julgamento disse:
- Até agora nenhuma, ninguém falou. O que é relevante para nós aqui é o que está nos autos, não o que está em jornal, revista.
Será?
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