sábado, 1 de setembro de 2012

Mosaico de influências e samba tradicional paulista



Marcos Manulu e Ministério do Samba trazem conjunto de influências e o samba tradicional para o Centro Cultural São Paulo
Por Gabriel Maia Salgado | Fotos: Roney Rodrigues
“Este é um dos primeiros lugares que me acolheu quando cheguei de Pernambuco”, afirma Marcos Manulu logo após sua apresentação no Centro Cultural São Paulo (CCSP), no penúltimo dia (28/08) da mostra Estéticas das Periferias. “Estou tocando aqui pela primeira vez um som que na verdade não está nem na periferia, que acaba tocando ritmos como samba, rap e funk. Esse som é a periferia da periferia”.
Manulu está à frente de um painel pintado pelo grupo Opni (Objetos Pixadores Não Identificados) — três cercados de madeira, de aproximadamente 2 metros de altura cada, com a representação de uma favela — e fica na mesma altura do público.

Com influências que vão do baião ao rock, do brega à música da banda irlandesa U2, o primeiro show é feito por Manulu que se autodefine como um mosaico de influências e que exalta as novas mídias digitais pela possibilidade da não obrigação artística em produzir discos-conceitos. “A minha matriz é formada desde Alceu Valença a Legião Urbana e na minha cabeça não faz sentido produzir só um tipo de música. Com as novas tecnologias posso gravar e disponibilizar uma, duas ou três músicas que seja pela internet”, diz o cantor nascido na cidade de Serra Talhada, em Pernambuco.
Manulu, que está “fora do fora do eixo” das grandes gravadoras e esquemas musicais, acredita que o maior desafio no meio artístico em que está inserido é a democratização de espaços para que músicos possam se apresentar com a devida estrutura e, consequentemente, sobreviver de sua arte. “A cidade de São Paulo possui mais de 11 milhões de habitantes e não pode ter só um centro cultural como este. Deveria haver um centro cultural grande em São Miguel, outro no Jardim São Luís e uma proposta para olhar a produção da periferia e propor novas pautas culturais”, defende o músico.
Da raiz do samba paulista
“Da brincadeira estamos ai tocando sem compromisso”, brinca Mauro Amorim, responsável por voz e violão do grupo Ministério do Samba, formado em 2010 e que resgata neste show sambas tradicionais que fazem referência a locais da cidade como os bairros Barra Funda, Casa Verde, Bexiga e Santo Amaro.
De acordo com o vocalista, que é acompanhado por Rafael Kasteckas (cavaco e coro), Denis (flauta transversal), Filipe Silveira Barra (cuica e percussões), Paulo da Silva Martins – Pixu (pandeiro e percussões) e Leonardo Escobar (tantan e coro), a proposta do show foi vasculhar e homenagear o samba de São Paulo.
De Osasco para o CCSP, o Ministério do Samba possui repertório composto por mestres do samba como Vadico, Geraldo Filme, Henricão, Germano Mathias e Paulo Vanzolini. Da roda de samba formada, sobretudo, por amigos, Mauro destaca a importância do grupo tocar uma música que realmente nasceu na periferia e que agrada desde o público jovem a senhores e senhoras saudosos do samba paulista tradicional.
O samba “clássico” é tocado pelo grupo osasquense no CCSP e traz algo mais que os grandes autores que os conceberam. A cultura das margens resiste e mais uma vez avança à região que é centro geográfico e econômico da capital. Os músicos tocam e a periferia mostra sua tradição.
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