A crescente escassez de água em muitos países constitui uma grande ameaça para a segurança e o desenvolvimento, e deve ser tema de análise prioritária no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), alertam especialistas em um novo informe.
Stephen Leahy
Stephen Leahy
O milho é um alimento básico no “corredor seco” da Guatemala, afetado tanto por secas quanto por inundações.
Porém, esse estudo ignora a maior ameaça à segurança da água: as políticas de livre mercado, que convertem esse recurso em uma mercadoria, afirmam ativistas.
China e Índia não terão água potável suficiente para atender suas necessidades antes de 2030, diz o relatório A Crise Global da Água: Encarando um Urgente Tema de Segurança, divulgado na semana passada. Muito antes, a escassez vai gerar conflitos e piorar a instabilidade na África subsaariana, Ásia ocidental e no norte da África, acrescenta. "O futuro impacto político da escassez de água poderá ser devastador", segundo o ex-primeiro-ministro canadense Jean Chrétien.
"Usar a água da maneira como fizemos no passado simplesmente não é sustentável", disse Chrétien, copresidente do Conselho de InterAção (IAC), grupo de 40 ex-governantes que produziu o estudo. O IAC, juntamente com o Instituto para a Água, o Meio Ambiente e a Saúde, da Universidade das Nações Unidas, e a Walter and Duncon Gordon Foundation, do Canadá, organizaram uma conferência de especialistas no assunto no ano passado. As deliberações desse encontro derivaram em uma série de conclusões agora incluídas no informe.
Agências de segurança e inteligência dos Estados Unidos alertam que existem áreas no mundo nas quais a situação da água está se agravando, enquanto a capacidade local se ressente de condições para responder a secas e inundações, afirmou Zafar Adeel, diretor do Instituto para a Água, o Meio Ambiente e a Saúde. "Dentro de uma década, isto poderia derivar em problemas de segurança", acrescentou à IPS.
O crescimento econômico incontrolado, o livre comércio desregulado e a governança corporativa são as maiores ameaças à água, disse Barlow à IPS. "A agricultura industrializada e o comércio global de alimentos provocam uma grave perda de água no mundo. Precisamos de políticas sustentáveis locais que recompensem o uso sábio das bacias", ressaltou. Barlow lamentou o fato de o informe não tocar direto no coração do problema. "Somente haverá segurança de água no futuro se esta for declarada patrimônio comum e bem público, administrado equitativamente para o bem de todos", enfatizou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário