quinta-feira, 20 de setembro de 2012

#Produção de Café - Análise Mensal




Saiba o que os concorrentes do Brasil estão fazendo para ampliar sua produção e agregar valor ao produto. Análise referente ao mês de agosto, com informações inéditas em português.
SUMÁRIO EXECUTIVO
O aumento do consumo de café, principalmente no segmento gourmet, surge como uma oportunidade para os cafeicultores do mundo inteiro focarem na produção de um produto diferenciado. As grandes empresas do setor, ao constatarem as novas demandas dos consumidores por produtos diferenciados, pretendem adquirir sua matéria prima de fontes sustentáveis.
Os governos dos principais países produtores de café continuam a estimular a produção do grão. As ações incluem: auxilio financeiro, disponibilização de linhas de crédito, renovação do parque cafeeiro e a assistência técnica aos produtores. Além disso, tornam-se comuns parcerias entre empresas privadas e os cafeicultores  em diversos países para aumentar a produção e a qualidade dos grãos.
Cresce o interesse dos países produtores em agregar valor ao produto. Em diversas localidades são observadas atitudes como o aumento da produção de grãos diferenciados, o incentivo às exportações de grãos torrados e moídos e atividades estratégicas para promover as marcas de café de cada país. O estimulo ao consumo da bebida em países produtores também é observado.
Alguns países africanos e asiáticos estimulam o plantio da espécie robusta.  O cenário favorável do grão, com preços a elevação dos preços no mercado internacional nos últimos meses, pode ter ocasionado este interesse. Além disso, há a expansão de novas áreas para o cultivo.
MUNDO
Sob a supervisão da Iniciativa Internacional de Comércio Sustentável1 (IDH, sigla em inglês), grandes grupos multinacionais buscam sucesso em um projeto ambicioso para a cafeicultura mundial. O objetivo é que 25% das vendas mundiais de café sejam adquiridas a partir de fontes sustentáveis até 2015. Os principais países visados são o Brasil, o Vietnã e alguns países da África.
O programa da IDH envolve a indústria, os exportadores, os governos, as ONGs (organizações não governamentais) e outras entidades. As quatro multinacionais participantes são a Kraft Foods, Nestlé, DE Master Blenders 1753 e Tchibo. Juntas, as empresas adquirem cerca de 36 milhões de sacas de 60 quilos de café, o que representa 30% da produção mundial.
No caso do Brasil, a meta proposta é um desafio. Apesar de a produção sustentável certificada ter crescido nos últimos anos, alguns programas de certificação, como o Certifica Minas, não são reconhecidos internacionalmente.
Desde o mês de Julho, se intensificou o planejamento das atividades no país para atender esta nova demanda. A estratégia é auxiliar o produtor a adotar as boas práticas agrícolas e depois escolher a certificação e o destino das vendas.
Outra oportunidade para os cafeicultores são os novos padrões de consumo dos apreciadores do café. Os números divulgados pelo estudo da National Coffee Drinking Trends, publicado pela Associação Nacional do Café dos EUA (NCA), refletem mais precisamente o comportamento do consumo da população norte-americana, através de amostras que refletem estatisticamente os segmentos demográficos hispânico e afro-americano.
Em 2012, o consumo diário de café aumentou 7%. O aumento de consumo ocorreu em todas as faixas etárias e foi mais significativo entre a população entre 18 e 39 anos. Entre aqueles com 18 a 24 anos, o consumo cresceu de 40% para 50%; e para a faixa etária de 25 a 39 anos, de 54% para 63%.
O relatório também mostra que o consumo de café gourmet aumentou, passando de 37% de em 2011 para 46% em 2012. Dentre os tipos de café, o maior crescimento foi das bebidas gourmet: em 2011, 25% dos norte-americanos disseram que consumiram este tipo de café, enquanto em 2012 esse percentual aumentou para 32%.
O aumento na demanda por café gourmet, principalmente pelos norte-americanos que são os maiores consumidores de café do mundo, pode implicar em maiores oportunidades para os cafeicultores.  Os que já produzem o produto diferenciado terão um mercado amplo para as exportações e os produtores que ainda não estão inseridos neste mercado, poderão investir na produção do produto gourmet.
AMÉRICA CENTRAL
Há três fazendas na América Central que leiloam seus cafés on-line. Os cafés comercializados em pequenos lotes de cerca de 300 quilos, são das cultivares Gueisha, Mocha e Catuaí Amarelo.
Das três fazendas, duas estão localizadas na Guatemala e uma no Panamá. Elas usam o sistema de leilão de cafés especiais, aproveitando o surgimento das "micro-torrefadoras" que compram pequenos lotes, de no máximo de 10 sacos de café, e pagam preços acima dos preços internacionais da commodity. Em 2011, a fazenda El Injerto de Huehuetenango vendeu 208,3 sacas de café e, em 2012, 266,6 sacas. O valor máximo alcançado por um quilo de café em um único leilão foi de US $ 500.
ÁSIA
VIETNÃ
A Corporação Nacional do Café do Vietnã (Vinacafe) planeja investir US$ 57 milhões para renovar 11 mil hectares de café da espécie robusta, até 2020. O Banco da Agricultura e Desenvolvimento Rural do Vietnã financiará o projeto. A Vinacafe possui 20 mil hectares de café no país, mas cerca de metade são de plantas antigas, com baixa produção.
O país poderá agregar valor ao seu café com o incentivo a produção do café mais caro do mundo, o Café Kopi Luwak2, produzido apenas em Sumatra, na Indonésia. A organização Kien Cuong Co. Ltd, com o apoio do DANIDA (Danish International Development Agency) financiado pelo Programa do Setor de Negócios, fundaram uma fazenda de criação de civeta em Buon Ma Thuot, Dak Lak.
Os gatos civeta serão criados para distribuição aos pequenos cafeicultores para a produção do café, de elevado valor agregado. Esta é uma oportunidade aos pequenos cafeicultores para entrar no mercado de exportação do café Kopi Luwak, a um preço de mais de US $ 500 por quilo, já que mais de 85% das exportações de café vietnamita são provenientes de pequenos agricultores.
Apesar de Dak Lak produzir mais de seis milhões de sacas de café por ano, com valor total de exportação de quase US$ 600 milhões, uma pequena percentagem é vendida a preços premium. A maior parte do café exportado sofre de um desconto no preço médio de 20-25% em relação aos preços do mercado mundial.
INDONÉSIA
Há décadas a Indonésia está entre os cinco maiores produtores de café do mundo, mas o produto não satisfaz os padrões de qualidade. Devido à inconstante qualidade de seu café, especialistas de Bali pretendem instruir os cafeicultores para melhorar o café indonésio.
Os agricultores precisam ser instruídos sobre as formas corretas para produzir café de qualidade, desde o plantio da lavoura até os cuidados no processamento. Rai, um ex-consultor de uma empresa multinacional, que se tornou cafeicultor há 15 anos, atualmente está envolvido em educar os produtores de café de Bali em Tamblingan, Pupuan, Kintamani e em aldeias de Pengotan, para melhorar as técnicas de colheita e de processamento do café.
O café arábica plantado em Kintamani, Bangi, tornou-se o primeiro produto da Indonésia a ter uma indicação geográfica (IG). No entanto, os grãos são comercializados ”verdes”. Por isso, se pretende adicionalmente, com este trabalho, que os cafeicultores comercializem os grãos torrados e moídos. Caso os agricultores comercializem os grãos já processados, será possível obter preços em torno de 300% mais elevados, quando comparados ao grão verde.
ÍNDIA
Atualmente, cerca de 70% do café cultivado no país é exportado, portanto, quando os preços internacionais caem para níveis não rentáveis o mercado interno não é capaz de absorver a oferta. Por isso, com a finalidade de reduzir o risco da atividade frente às oscilações de preços no mercado internacional, o Comitê de Permanente do Comércio solicitou ao Conselho de Café o aumento de programas para estimular o consumo da bebida no país.
ÁFRICA
ETIÓPIA
A Etiópia promoverá ainda mais as suas diferentes marcas de café no mercado internacional. As marcas finas de café etíopes, como Sidama, Harar, Yirgacheffe têm recebido o reconhecimento de aproximadamente 40 países e 113 empresas.
O governo etíope busca estruturar as atividades promocionais. Uma comissão composta por partes interessadas neste objetivo foi criada há seis meses para fortalecer ainda mais as atividades promocionais. A Arnold & Porter3 e outras instituições, estão empenhadas em apoiar a Etiópia com esforços para promover as diferentes marcas de café etíope no mercado internacional.
QUÊNIA
A empresa global de alimentos, Nestlé, reafirmou o seu compromisso de oferecer apoio técnico para mais de 26 mil produtores de café, através do Plano Nescafé, cuja finalidade é ajudá-los a aumentar seus rendimentos e também melhorar a qualidade do produto.
O Plano Nescafé no Quênia, em parceria com o Serviço de Gestão do Café (CMS, sigla em inglês), terá um investimento inicial de US $ 420 mil. Em todo o mundo, a empresa pretende investir cerca de US $ 354 milhões com o Plano Nescafé, nos próximos 10 anos (2011 a 2020).
Além do auxilio da Nestlé para fortalecer a cadeia cafeeira queniana, o país começou uma campanha para aumentar o cultivo de café em sua região ocidental. A ação faz parte de uma estratégia para incrementar a produção do grão e ajudar os agricultores a diversificar suas fontes de renda. O café é atualmente cultivado nas terras altas do Quênia, que incluem a região Central e se estendem até Machakos, no leste do Quênia, partes do Vale do Rift e o Oeste do país.
O Conselho de Café do Quênia (CBK) acredita que a demanda crescente de café pelos mercados emergentes, como a China, Índia, países do Oriente Médio e da África, indica uma oportunidade para o café queniano.
Além disso, a introdução de uma nova cultivar no distrito de Taita Taveta contribuirá para aumentar a produção local. A cultivar Batian está prevista para ser introduzida na região por agricultores do município, que trabalham em colaboração com especialistas da Fundação de Pesquisa do Café.
A variedade de café é apropriada para a área, além de ser tolerante a uma serie de doenças, em oposição às cultivares tradicionais. Os pesquisadores estabeleceram que esta variedade de café possui maior potencial do que Ruiru 11, que é a mais cultivada atualmente no Quênia.
UGANDA
A organização Uganda Coffee Development Authority (UCDA) busca recursos para adquirir e distribuir mais de 200 milhões de mudas de café para os cafeicultores. As mudas serão distribuídas aos agricultores afetados pela doença da murcha do café. A campanha também beneficiará os agricultores que demonstrarem vontade em investir na cultura.
Outra organização, de origem privada, que pretende contribuir para o aumento da produção de café ugandense, iniciou um sistema de monitoramento e avaliação de seu projeto na atividade cafeeira (vide Análise de Produção do mês de Maio, 2012). A Hima Cimento tem feito visitas regulares aos viveiros comerciais e as plantações dos agricultores. A intenção é garantir a qualidade, a eficiência dos viveiristas e incentivar os agricultores a terem cuidado especial com a produção de café, para que possam se beneficiar do projeto.
RUANDA
Há um esforço na busca por qualidade do café desde que Ruanda começou a sediar a Cup of Excellence. Este aumento é evidenciado pelo crescente número de cafés premiados: em 2010 o número foi de 26, já em 2011 passou para 36. Já as unidades para beneficiamento do café por “via úmida”, aumentaram de 189 para 215.
Em apenas uma década, Ruanda se tornou cada vez mais conhecida pela produção de cafés especiais, exportando para torrefadores líderes no mercado e grandes cafeterias. Atualmente, quase 27% do café exportado pelo país é classificado como "especial", sendo que em 2000 o país praticamente não produzia cafés especiais. Os ganhos cambiais sobre os cafés especiais de Ruanda subiram de US $ 0,00 em 2001, para mais de 12 milhões dólar atualmente, e tem crescido 10% ao ano.
Apesar dos cafés especiais representarem apenas 3% do mercado mundial, seus compradores são exigentes e pagam bem por estes produtos. Estes cafés  geram um adicional de 15% a 25% de prêmio sobre os preços atuais de mercado que, para um país pequeno, sem litoral e com recursos escassos, fazem uma grande diferença.
Apesar do café sempre ter sido um dos principais produtos agrícolas exportados pelo país, Ruanda nunca tinha investido no mercado de cafés especiais, até recentemente. A mudança veio através do trabalho dos projetos PEARL e SPREAD, financiados pela USAID (United States Agency for International Development, sigla em inglês), para melhorar a cadeia do café no país.
Em 2000, a entidade trabalhou para o desenvolvimento de uma indústria de cafés especiais através da construção de estações de processamento de café (lavadores de café), formação de cooperativas e treinamento dos cafeicultores, provadores, e agrônomos para focarem em qualidade.
Os esforços do governo, aliados à ação da OCIR-Café, uma agência governamental com foco na indústria de café desde 1964, mudou o foco do país para a produção de cafés especiais. Em 2011, a OCIR Café se transforma em Conselho Nacional de Desenvolvimento Agricultura de Exportação.
AMÉRICA DO SUL
PERU
O Fundo Agroperu, do Ministério da Agricultura, destinará uma linha de financiamento de 13,7 milhões de dólares para renovar as lavouras do país.
Paralelamente, o Ministério auxilia a cadeia de café com o Agroideas (Programa de Compensação para a Competitividade). O programa permitiu financiar, desde 2011, 36 planos de negócios relacionados ao café, pelo valor de 8,76 milhões de dólares. O benefício é destinado às regiões de Junín, Cajamarca, Amazonas, San Martín, Cusco e Pasco.
A cadeia de café do país também será beneficiada com o estimulo à produção do grão ao invés do cultivo ilegal de coca. O Peru foi o maior produtor de folha de coca na América do Sul em 2011, seguido pela Bolívia e Colômbia, segundo o Escritório dos Estados Unidos de Política Nacional de Controle às Drogas (ONDCP). Contudo, o país recebeu US$ 42 milhões em financiamento da União Europeia para apoiar a sua luta contra as drogas até 2016. O dinheiro irá financiar programas de formação de técnicos especializados para apoiar os agricultores que querem mudar o cultivo da coca ilegal, para os cultivos legais, como café ou cacau.
Atualmente, existem 14 associações de ex-produtores de folha de coca que mudaram para o cultivo de café, cacau e óleo de palma, que coletivamente geraram US $ 150 milhões em vendas em 2011. Em 2010, havia 13 associações de agricultores e suas vendas foram de US $ 92,3.
O aumento na produção dos grãos peruanos é constante. Contudo, o consumo interno ainda esta aquém dos outros países produtores, sendo atualmente de somente 500 gramas per capita, enquanto os valores em países como Colômbia e Brasil são de quatro a seis quilos per capita, respectivamente.
Por esse motivo, o Ministério da Agricultura (Minag) instituiu que na quarta sexta-feira do mês de agosto é celebrado o Dia do Café Peruano. A data tem o objetivo de fomentar e massificar o consumo interno do café no país. É celebrado o desenvolvimento competitivo do café como produto bandeira e o crescimento de uma cultura cafeeira entre a população.
BRASIL
Um plano pretende contribuir para agregar valor ao produto nacional, com o aumento do reconhecimento do Brasil como fonte de cafés de qualidade e sustentáveis. O Plano de Marketing para os Cafés do Brasil é desenvolvido em conjunto pela iniciativa privada e governo para o período de 2012 a 2016. Pretende-se que o café brasileiro seja reconhecido pelos consumidores pela origem e nacionalidade. Isto acontece, por exemplo, com as massas da Itália, o uísque da Escócia, os queijos da Suíça e da França, o rum de Cuba, a tequila do México e a própria caipirinha do Brasil.
O plano conceitual de marketing será agora detalhado nas estratégias, campanhas e ações práticas a serem realizadas, aproveitando-se principalmente os grandes eventos esportivos que o país sediará: Copa do Mundo, em 2014, Olimpíadas, em 2016, além da Copa das Confederações (2013) e Paraolimpíadas (2016). São ocasiões em que milhares de visitantes estrangeiros virão ao país e que haverá a oportunidade de transmitir-lhes a experiência e a cultura dos Cafés do Brasil, por meio de degustações, materiais impressos, iniciativas relacionadas à cultura e turismo, entre muitas outras possibilidades.
Nas próximas semanas, este plano estratégico de marketing dos Cafés do Brasil será distribuído para as agências especializadas em marketing e publicidade. O objetivo é que tenham conhecimento do posicionamento e conceito do trabalho a ser realizado, para contribuírem com suas ideias em uma eventual futura participação.
Ações de marketing são indispensáveis para o reconhecimento e a divulgação do produto brasileiro. Assim, realizações conquistadas pelo país podem ser difundidas internacionalmente, contribuindo para fortalecer a cultura de que o Brasil também é um grande produtor de café de qualidade. Como, por exemplo, a conquista brasileira de ter a primeira fazenda de café toda certificada.
Em janeiro de 2012, a Fazenda Nossa Senhora de Fátima (FNSF) que é 100% orgânica, com área de 500 hectares, tornou-se a primeira fazenda de café certificada pelo Fair Trade Certified TM. A Fazenda é parte de um programa piloto, realizado pela Fair Trade EUA, que explora a viabilidade de adaptação nos padrões de Comércio Justo para estendê-los para grandes propriedades, ao invés das tradicionais associações de pequenos cafeicultores.
Em 3 meses de certificação, 110 trabalhadores (dos quais 40% são mulheres) receberam 7.250 dólares em prêmios para o desenvolvimento da comunidade. O dinheiro será revertido em programas de saúde, que eles elegeram para investir.
MINAS GERAIS
O Governo de Minas Gerais reduziu o percentual de crédito presumido4 de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) concedido às indústrias e cooperativas de produtores rurais de café do Estado. O benefício fiscal que antes era de 3,6% passou para 1%.
A norma é válida para as operações de café cru, em grão ou em coco. A norma também determina que o governo mineiro destine 1,2% do valor equivalente às operações com café para um fundo estadual cujo objetivo é fomentar a produção cafeeira no Estado.
Outra realização do Governo do Estado contribuirá com o desenvolvimento da cadeia produtiva do grão. Trata-se da criação do Fundo Estadual de Café (Fecafé) que, em um período de três anos deverá disponibilizar R$ 100 milhões, com recursos do Tesouro Estadual e do setor produtivo. O Fecafé será administrado pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).
O Fecafé disponibilizará apoio financeiro ao setor, com recursos reembolsáveis e não reembolsáveis. Na modalidade de financiamentos não reembolsáveis se enquadram os recursos aos projetos de marketing para a divulgação do produto mineiro no mercado interno e externo, a capacitação de agentes da cadeia: produtores, provadores de café e baristas5 e a subvenção na contratação de seguro da atividade, que deverá atender as perdas provocadas por problemas climáticos.
Além do auxilio ao marketing do café mineiro proposto pelo Fecafé, outro programa irá contribuir para a divulgação do produto. Coordenado pelo Sebrae-MG e pela Federação da Agricultura, Pecuária de Minas Gerais (Faemg), com o apoio do Governo do Estado, foi lançado o projeto Origem Minas. O projeto irá promover e gerar negócios aos produtos do agronegócio do Estado, incluindo o café.
Para a promoção dos produtos, será utilizada a oportunidade do grande volume de pessoas de diversos países que visitarão o país na época dos grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Serão desenvolvidas estratégias de capacitação, promoção e comunicação. A promoção dos produtos do Estado será feita em hotéis, restaurantes e aeroportos e também haverá demonstrações em feiras e eventos estratégicos no país e no exterior.
Outra ação promoverá o café do Estado, em especial o da Região do Cerrado6. A Federação dos Cafeicultores do Cerrado formou um Grupo de Embaixadores da Região do Cerrado Mineiro, constituído por colaboradores das nove cooperativas e sete associações de cafeicultores que integram a Região e são associadas à Federação dos Cafeicultores do Cerrado.
Os Embaixadores serão os responsáveis em suas entidades e municípios por liderar a Estratégia de Marca da Região do Cerrado Mineiro e coordenar as ações de Comunicação e Marketing Desenvolvidas em conjunto pela Federação dos Cafeicultores do Cerrado.
ESPÍRITO SANTO
A Secretaria de agricultura do Espírito Santo anunciou uma meta ousada. O Estado pretende que 30% da sua produção de café conilon seja de “cereja descascado” em seis anos. Atualmente, aproximadamente 15 mil sacas de 40 produtores são beneficiadas como cereja descascado, em um universo de cerca de 40 mil propriedades rurais dedicadas à cafeicultura no Estado.
O conilon cereja descascado, classificado como "especial", consegue prêmios por possuir qualidade superior. Atualmente, o café comum dessa espécie é comercializado por cerca de R$ 270 a saca e o descascado vale 40,7 % mais, ou R$ 380. O investimento com os equipamentos para o processamento é maior, mas com o tempo a tendência é a redução dos custos.
A demanda por café conilon cresceu nos últimos anos, principalmente para os blends do produto industrializado. Estimativas apontam que o conilon represente hoje 45% do consumo total de café no Brasil, quando comparado com 20% há 20 anos.
Os primeiros embarques de conilon cereja descascado ocorreram em maio de 2012, para a Rússia. A melhor qualidade do produto brasileiro também já vem sendo reconhecida pelo mercado internacional, com a participação em rodadas de negócios e feiras do setor.
Recentemente, durante uma rodada de degustadores de torrefadoras de cafés especiais na Coreia do Sul, todas as amostras brasileiras (dez, de quatro municípios capixabas) foram aprovadas. Isto deverá render futuros negócios, embora o volume produzido ainda seja pequeno. O reconhecimento da qualidade do produto deve animar os produtores a investir em qualidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As informações coletadas pelo Bureau de Inteligência Competitiva do Café mostram que diversos países pretendem incrementar, quantitativamente, sua produção de café. No entanto, nessa análise foi observado que há várias iniciativas para melhoria qualitativa do café produzido pelos concorrentes nacionais.
Dessa forma, o Brasil precisa continuar investindo em qualidade, certificação e indicações geográficas. Como maior produtor mundial de café, o país precisa sustentar também a posição de maior produtor de cafés diferenciados.

Com o aumento da oferta de cafés especiais pelos diversos países produtores, uma forma de obter vantagem para o Brasil é aumentar a produtividade e a eficiência da produção de café. A lógica aqui é de que se muitos países oferecem grãos de qualidade superior, aquele que puder fazer isso com um custo menor obterá grande vantagem. Ou seja, com investimentos em tecnologia o Brasil pode oferecer cafés de qualidade a um custo mais competitivo do que os demais países, sem comprometer a qualidade.
NOTAS
1 Instituição holandesa de cooperação público-privada.
2 O café Kopi Luwak é feito a partir dos grãos de café consumidos pela palma Civet Asiático. No estômago do animal, as enzimas digestivas agem sobre os grãos, resultando em um café aromático com menor amargor do que o café produzido de maneira "regular".
3  Escritório de advocacia internacional.
4 O crédito presumido é aquele que pode ser registrado e usado pelas empresas, independentemente de custos com os quais ela tenha arcado para a sua atividade.
5 Profissional que prepara bebidas à base de café.
6 A Região do Cerrado Mineiro é a maior Indicação Geográfica em Café no Brasil, abrange 55 municípios e compreende uma área de 170 mil hectares de café.
COM INFORMAÇÕES DOS SITES:
Standart Media, How we made it in Africa, Viêt Nam News, Triple Pundit, The Economic Times, Agra-net, 2 Merkato, The Jakarta Post, Nation, The Star, Infosun Roy, Costa Rica Star, Scand Asia, New Vision, Coast Week, All Africa, Coffee Break, Café Point, Conilon Brasil, Cenário MT.
TAGS: produção de cafe, mundo, analise mensal, bureau de inteligencia competitiva do cafe, arabica, robusta, ufla
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