quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Cai a diferença entre a safra cheia e baixa de café no Brasil



No Espírito Santo, agricultores estão deixando o arábica e apostando no conilon, que ganha mercado internacional com o passar dos anos

Por: Bruno Cirillo/DCI
São Paulo
A florada dos principais tipos de café começa a indicar qual será o tamanho da safra de 2012/2013. O setor parece caminhar para o fim da bianualidade, em que alta e baixa produção se alternam.
No Espírito Santo, os cafezais de conilon que ocupam a região central do estado já passaram por floração. No sul de Minas Gerais, os produtores de arábica aguardam o início desse período.
O gerente de Café da Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi-ES), João Elvidio, conta que “a florada do conilon é satisfatória, pois choveu na maior parte dos municípios”.
A entidade abrange cafeicultores de seis cidades e funciona como uma central de apoio à produção e à comercialização do café de sete mil associados.
Elvidio acredita que a próxima safra de conilon terá o mesmo volume da atual, isto é, 1,2 milhão de toneladas.
O especialista também menciona o estado de floração do tipo arábica, cultivado em proporções cada vez menores no estado.
“Ao sul do estado, a florada toda já ocorreu. No centro, as chuvas ainda não vieram em quantidade suficiente — a expectativa é que caim na semana que vem.”
Enquanto o volume de café conilon produzido na região central do estado cresceu 12%, na safra atual, o tipo arábica deve recuar 30% (para 600 mil toneladas, ou a metade da otra espécie) nos seis municípios ligados à Coopeavi.
“O clima está mudando, e o conilon vai atingindo áreas que antes eram somente do arábica. Estamos plantando conilon em toda lavoura que fica abaixo de 600 metros [do nível do mar”, afirma o cafeicultor Luiz Carlos Gomes, de Santa Tereza (ES).
Ele considera que a florada do café, em sua propriedade de 270 hectares e arredores, foi “de razoável para boa”, no caso do conilon. “O arábica sofreu uma chuva no fim de agosto e teve floração precoce — o que deve prejudicar os pés em novembro”, diz.
O período ideal para o desenvolvimento das flores do arábica é outubro, “o mês das águas”, segundo Gomes.   O produtor substituiu dez mil pés de arábica pelo tipo conilon neste ano. “Mas ainda plantamos mais arábica do que conilon, embora este tenha maior produtividade”, diz.
Os cooperados da Coopeavi, a exemplo de Gomes, têm investido na maturação e no descascamento do café conilon, para poder vendê-lo como uma variedade especial e, logo, mais cara.
90% do conilon produzido por Gomes, no ano passado, foram vendidos como “especiais”. Neste ano, entretanto, o nível caiu para 70%, segundo ele próprio.
“Houve um veranico entre janeiro e fevereiro que interferiu na maturação e no descascamento do café”, explica.
Condições favoráveis
No sul de Minas Gerais, chuvas de 50 mililitros, que vêm caindo desde o final de setembro, criam condições favoráveis para a próxima safra de café. 
“Está tudo satisfatório para o despertar da florada, que se dá de dez a quinze dias após o período das chuvas”, diz o gerente de Desenvolvimento Técnico da Cooperativa, José Geraldo Junqueira Filho.
A Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé) acaba de concluir uma colheita de cerca de 4,4 milhões de sacas, ante 3,6 milhões de sacas na safra de 2010/2011. Para o próximo ano, a princípio, o cenário parece continuar positivo.
“Cada ano é de um jeito. Nesse ano, as condições para a florada estão okay. Vamos ver a continuidade”, diz Junqueira, explicando que, após a floração, os pés precisam de chuvas regulares. 
DCI
Visualizar |   |   Comentar     |       

Nenhum comentário:

Postar um comentário