domingo, 15 de setembro de 2013

Angela Merkel estremece ao responder perguntas de eleitores na TV



Uma Angela Merkel desestabilizada por uma, duas e... três perguntas: não é algo que acontece todos os dias. Mas aquilo que quatro estrelas do jornalismo não conseguiram fazer durante o duelo televisivo entre Merkel e Steinbrück no dia 1º de setembro, um painel de alemães selecionados pela rede ARD conseguiu perfeitamente. A emissora pública de TV convidou 150 alemães a fazerem perguntas à chanceler no dia 9 de setembro, para depois repetir o mesmo no dia 11 com seu desafiante socialdemocrata (SPD), Peer Steinbrück.

Frédéric Lemaître
Para Merkel, tudo havia começado bem com uma pergunta bem pouco constrangedora: por que ela se interessa menos por futebol feminino do que pelo masculino? A chanceler não teve problema nenhum em demostrar toda a atenção que ela também dá ao futebol feminino. As coisas começaram a ficar tensas quando um trabalhador temporário lhe explicou que sua empresa, um estabelecimento do grupo Thyssen-Krupp, empregava 40 funcionários permanentes e 500 temporários. "É difícil", reconheceu Angela Merkel, que se disse "disposta a olhar isso".
Além disso, várias perguntas trataram da dureza do mercado de trabalho, às quais a candidata não conseguiu responder de forma precisa. A chanceler pareceu especialmente estremecida quando um homem elegantemente vestido, que vive com seu companheiro há dez anos, lhe perguntou por que ela era contra a adoção de crianças por casais homossexuais --pergunta aplaudida pela plateia.
"Devo lhe dizer sinceramente que uma completa igualdade de direitos me parece difícil", respondeu a chanceler, constrangida. "Por quê?", continuou seu interlocutor: "Não estou certa de que seja bom para a criança", responde Merkel, claramente medindo suas palavras e sem poder dizer aquilo que todos sabem: que o assunto divide a CDU e que ela não tem vontade de trazer à tona o assunto.
Sem aliança com o Die Linke
Alguns minutos depois, Angela Merkel teve de engolir em seco quando um arquiteto nascido em Hamburgo, de pais chineses, mas que adotou a nacionalidade alemã aos 12 anos de idade, explicou que ele voltou a se sentir chinês no dia em que, em 2010, Angela Merkel declarou que "asociedade multicultural era um fracasso total". A chanceler havia explicado que, para ela, os imigrantes deveriam dominar a língua, mas diante desse executivo ela novamente pareceu desamparada. Foram essas três perguntas, dentre mais de quinze, que marcaram o debate.
Dois dias mais tarde, Peer Steinbrück se saiu melhor. É verdade que não lhe fizeram nenhuma pergunta difícil. Exceto por uma pergunta sobre o auxílio a se dar aos países europeus em dificuldades --sua longa resposta foi recebida com aplausos--, todas ou quase todas as perguntas trataram de temas sociais que constituem o cerne de seu programa: salários, aposentadoria, reforma do sistema de saúde, ajuda às pessoas idosas dependentes. Nenhuma pergunta sobre a Síria, nem sobre os debates dentro do Partido Socialdemocrata sobre a legitimidade das reformas sociais conduzidas por Gerhard Schröder dez anos atrás.
O candidato nem sempre respondeu com precisão, mas em nenhum momento pareceu atordoado. Ele justificou seu programa de aumento de impostos para os mais ricos: segundo ele, é preciso sobretudo investir na formação e na infraestrutura, ao mesmo tempo ajudando financeiramente as comunas e desendividando o Estado. Peer Steinbrück descartou categoricamente uma aliança com o Die Linke, o partido da esquerda radical, mas não se pronunciou a respeito de uma possível grande coalizão com Merkel. Ele se mostrou prudente quanto à gratuidade do acesso às creches.
Depois de ter sido mais convincente do que Angela Merkel durante o debate televisivo, o candidato do SPD passou pelo segundo obstáculo com mais facilidade. Apesar de tudo, as pequisas de intenção de voto ainda o apontam bem atrás da chanceler.
Tradutor: UOL

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