Uma Angela Merkel desestabilizada por uma, duas e... três perguntas: não é algo que acontece todos os dias. Mas aquilo que quatro estrelas do jornalismo não conseguiram fazer durante o duelo televisivo entre Merkel e Steinbrück no dia 1º de setembro, um painel de alemães selecionados pela rede ARD conseguiu perfeitamente. A emissora pública de TV convidou 150 alemães a fazerem perguntas à chanceler no dia 9 de setembro, para depois repetir o mesmo no dia 11 com seu desafiante socialdemocrata (SPD), Peer Steinbrück.
Frédéric Lemaître
Frédéric Lemaître
Além disso, várias perguntas trataram da dureza do mercado de trabalho, às quais a candidata não conseguiu responder de forma precisa. A chanceler pareceu especialmente estremecida quando um homem elegantemente vestido, que vive com seu companheiro há dez anos, lhe perguntou por que ela era contra a adoção de crianças por casais homossexuais --pergunta aplaudida pela plateia.
"Devo lhe dizer sinceramente que uma completa igualdade de direitos me parece difícil", respondeu a chanceler, constrangida. "Por quê?", continuou seu interlocutor: "Não estou certa de que seja bom para a criança", responde Merkel, claramente medindo suas palavras e sem poder dizer aquilo que todos sabem: que o assunto divide a CDU e que ela não tem vontade de trazer à tona o assunto.
Sem aliança com o Die Linke
Dois dias mais tarde, Peer Steinbrück se saiu melhor. É verdade que não lhe fizeram nenhuma pergunta difícil. Exceto por uma pergunta sobre o auxílio a se dar aos países europeus em dificuldades --sua longa resposta foi recebida com aplausos--, todas ou quase todas as perguntas trataram de temas sociais que constituem o cerne de seu programa: salários, aposentadoria, reforma do sistema de saúde, ajuda às pessoas idosas dependentes. Nenhuma pergunta sobre a Síria, nem sobre os debates dentro do Partido Socialdemocrata sobre a legitimidade das reformas sociais conduzidas por Gerhard Schröder dez anos atrás.
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