(clique na imagem para assistir à entrevista de Garotinho no RJ TV, da Globo, em que ele fala da sonegação da emissora e de seu apoio à ditadura. Ao final, a repórter diz que a Globo não sonegou nada. Mas não mostra o Darf).
Eu não voto no Garotinho por várias razões.
Sou a favor da liberação e legalização de tudo (aborto, casamento gay, drogas, etc) e ele é contra tudo isso.
Sou um blogueiro ateu e defensor radical do laicismo do Estado, e Garotinho é envolvido demais com religião.
No primeiro turno do Rio, vou de Lindberg.
Mas eu não posso, simplesmente não posso, deixar de tirar o chapéu para a fleuma com que Garotinho enfrenta os repórteres da Globo.
Garotinho deveria fundar um workshop para todos os políticos brasileiros, sobretudo do PT.
Políticos devem ser questionados duramente sim, por jornalistas, mas o papel de polícia cabe à polícia, o de acusador ao Ministério Público, e o de julgador ao Judiciário.
Há um tipo de jornalismo que pretende ser tudo isso ao mesmo tempo, sem o direito de sê-lo.
Se houver um segundo turno entre Pezão e Garotinho, como indicam as pesquisas, ainda não sei para quem vai meu voto e meu apoio.
Garotinho terá dificuldade de superar a sua rejeição, mas tem chances, claro, porque tem o voto do interior do Estado e dos mais pobres.
Pezão tem um grande leque de obras para mostrar, mas carrega nas costas toda a estrutura viciada e corrompida do PMDB fluminense.
Toda aquela turma elitista e reacionária do Picciani, presidente do PMDB local, está com Pezão.
O Índio da Costa, vice de Serra nas eleições de 2010, supra-sumo da histeria reaça, virou secretário de Cabral e está com Pezão.
O “entourage” de Pezão é seu principal problema.
Por si só, ele é um bom quadro político, ideologicamente moderado, um articulador tranquilo e com bom senso.
Um boa praça.
Neste sentido, é o oposto de Garotinho, que esconde, sob a aquela fleuma indefectível que mostrou na reportagem da Globo, uma personalidade colérica e com algumas posições conservadoras radicais.
Além disso, Pezão surfa na onda de uma grande estrutura de comunicação e mídia cujo centro é a Rede Globo, que o apóia.
Pezão tem projetos importantes de infra-estrutura, já encaminhados, mas traz o risco de aumento da violência policial, falta de diálogo com os setores mais pobres e aliança com a Rede Globo.
Essas obras não são um detalhe menor. Pezão, efetivamente, terá um excelente trânsito com a presidenta Dilma, caso ela vença, para construção de parcerias no campo da infra-estrutura e do pré-sal.
Garotinho oferece o risco de mais um governo turrão, sem diálogo nem com prefeituras nem com governo federal, como foi seu governo e o de sua esposa, Rosinha.
Entretanto, Garotinho pode trazer uma ruptura estratégica da aliança entre o governo do Estado e a Globo, enfraquecendo esta última e abrindo espaço para o florescimento de outras mídias, até então sufocadas pela onipresença da Vênus.
Afastado das elites que orbitam ao redor da Globo, Garotinho é - forçosamente – mais aberto ao setor popular.
A prova disso é que ele foi, até o momento, o único candidato que aceitou conversar com os blogueiros. Houve contatos com todos os outros, mas somente a equipe de Garotinho concretizou uma reunião.
O enfraquecimento da Globo, por si só, poderia gerar um revolução cultural e política no Rio de Janeiro, com reflexos em todo o país.
Enfim, tomara que Lindberg cresça na reta final para trazer mais emoção às eleições fluminenses. Será difícil enfrentar uma escolha entre Pezão e Garotinho.
A entrevista de Garotinho mostra, porém, que, pelo menos, não será enfadonha.
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