publicado em 10 de outubro de 2014 às 18:10
Foi a revista Época, das Organizações Globo, que “esquentou” a pesquisa do Instituto Veritá, repercutida pelo site 247. A pesquisa foi parar no programa eleitoral de Aécio Neves
Lula aponta novo cerco da mídia em pesquisas fraudulentas e denúncias sem provas
10/10/2014 14:06
Do Correio do Brasil, dica do Gilberto de Souza, no Facebook
Por Redação — de Brasília e São Paulo
A campanha da presidenta Dilma Rousseff à reeleição constatou, nesta sexta-feira, que está em marcha uma série de ações coordenadas para iludir o eleitor com a falsa ideia de que o adversário tucano, Aécio Neves, estaria na dianteira nesta corrida pela vitória no segundo turno das eleições.
O primeiro passo – segundo uma ação judicial impetrada nesta sexta-feira junto à Justiça Eleitoral pela direção petista, com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – consistiu na divulgação das pesquisas de dois institutos, Paraná e Veritá, ambos paranaenses, com resultados completamente “fora da realidade”, segundo a direção do PT.
O material produzido por estas empresas foi amplamente utilizado no programa eleitoral de Aécio Neves, na noite passada. A atual presidenta, de posse desses dados, passou a questionar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o valor dessas pesquisas.
Publicado pela revista Época, o estudo feito pelo Instituto Paraná foi o primeiro a ser divulgado e mostra o candidato tucano oito pontos à frente de Dilma. Aécio registra 54% das intenções de voto contra 46% da atual presidenta. Nesta pesquisa, 2.080 eleitores teriam respondido ao questionário em 152 municípios. A empresa não definiu, com precisão, a área geográfica coberta por este levantamento.
Na ação junto à Justiça Eleitoral, os advogados da candidata petista ainda não inseriram a pesquisa do Instituto Veritá, que mostrou uma vantagem ainda maior entre os concorrentes. O levantamento coloca Aécio com 54,8% dos votos válidos contra 45,2% de Dilma, uma diferença de 9,6 pontos percentuais. A aferição foi realizada entre os dias 6 e 8 de outubro, com 5.165 eleitores de todo o país, avalisa o Instituto Veritá.
A petição, protocolada nesta manhã pela coligação petista, é dirigida contra o instituto de pesquisa, e não contra a revista Época, de propriedade das Organizações Globo. A ação movida pelo PT busca acesso à metodologia e à abrangência do estudo, pedindo mais informações ao sistema interno de controle, verificação e fiscalização da coleta de dados do Instituto Paraná.
Na noite passada, as primeiras pesquisas dos institutos Ibope e Datafolha sobre o segundo turno mostraram um cenário bem diferente. Os dois levantamentos colocam Neves numericamente à frente de Dilma, mas empatado tecnicamente. O tucano com 46% das intenções, contra 44% da petista, com uma margem de erro de 2 pontos para mais ou para menos. Considerando apenas os votos válidos – excluindo votos em branco e nulos – o senador mineiro fica com 51% dos votos, ante 49% da atual presidente, o que também representa um empate técnico entre eles.
Diferenças abissais
Mesmo nas pesquisas de empresas conhecidas, como o caso dos dois maiores institutos do país, os dados aparecem com níveis de discrepância alarmantes. A direção de campanha da candidata petista tem conhecimento que o número de eleitores da oposição é maior Sul e no Sudeste, mas a diferença entre Dilma e Aécio Neves, quando comparados os resultados das pesquisas Ibope e Datafolha, divulgadas nesta quinta-feira, sugerem panoramas completamente diferentes. No Sul, Dilma teria 41% segundo o Datafolha e 33% de acordo com o Ibope. Já os pontos de Aécio são 50% segundo o Datafolha e 61% conforme apuração do Ibope. A comparação apresenta, nos Estados do sul, uma diferença pró Neves de 28 pontos pelo Ibope e de nove pontos pelo Datafolha.
No Sudeste, Dilma registra 34% da preferência do eleitorado, com base no Datafolha, quatro pontos a menos do que os 38% divulgados pelo Ibope. Neves aparece com 55% no Datafolha e 48% no Ibope. A diferença em favor do senador mineiro é, então, de 10 pontos pelo Ibope e de 21 pontos de acordo com o Datafolha. As diferenças, nas regiões Sul e Sudeste, chegam a ser superiores a 200% entre Dilma e Aécio quando se trata do Ibope. No Nordeste, não é notada tal discrepância e, nas regiões Norte e Centro-Oeste, a comparação não pode ser feita da mesma forma, uma vez que o Ibope aglutina os dados das duas regiões.
O Ibope entrevistou no total 3.010 eleitores para a realização da pesquisa, enquanto o Datafolha entrevistou 2.879, números relativamente próximos para resultados tão díspares. Os levantamentos apontaram ontem empate técnico entre Aécio, que registrou 46%, e Dilma, que teve 44%. Institutos de pesquisa foram alvo de fortes críticas no primeiro turno das eleições, devido a erros alarmantes em vários Estados.
Cerco da mídia
Além dos estranhos arranjos nas pesquisas eleitorais, estes resultados ganham projeção nacional nas asas da mídia conservadora. Donos de uma máquina de informação que cobre toda a extensão territorial, os principais jornais e TVs do país, simpáticos à eleição de Aécio Neves, reverberam os resultados das pesquisas, favoráveis ao político tucano, e amplificam as denúncias contidas em imagens e áudios vazados do depoimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, contra os partidos da base aliada à atual mandatária.
As notícias, assim chegam às redes sociais, aos blogs, sites de notícias, portais e outros noticiários televisivos. Das manchetes dos principais jornais do país aos programas eleitorais da oposição é um pulo.
Beneficiados pela delação premiada, Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef precisam apresentar, na Justiça, provas definitivas do que afirmam, ou afirmar apenas aquilo de que têm provas para garantir. Ainda assim, em segredo de Justiça, para não interferir, como ocorre no momento, na corrida eleitoral ora em curso. Em sentido oposto ao que prevê a legislação eleitoral e o bom senso jornalístico, reproduz-se à larga as denúncias sobre partidos, ministros, diretores da Petrobras e 13 empresas, entre elas as maiores empreiteiras do país, assim como ao tesoureiro do PT, João Vaccari. A acusação principal é a de que o PT recolhia 3% do valor dos contratos da Petrobras em propinas.
Sem nenhuma prova apresentada, as denúncias seguem adiante no período eleitoral sem que qualquer pronunciamento da Justiça, que parece facilitar o vazamento da delação premiada, seja adotado no sentido de resgatar a equidade do processo eleitoral. As consequências políticas das denúncias, portanto, foram plenamente alcançadas, com o PT outra vez imerso em um novo escândalo de corrupção, em uma situação de desvantagem para o candidato do PSDB, ainda que em pesquisas eleitorais questionáveis, com margens de erro elásticas, e sem tempo hábil para esboçar uma reação. Ao longo de 12 anos no poder, porém, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta Dilma alimentaram esta estrutura midiática ligada às forças da direita com bilhões de reais em publicidade estatal.
‘De saco cheio’
Lula, na véspera, pediu à militância do PT que não deixe as denúncias de corrupção afetarem o moral da campanha. Em um discurso de campanha, no Estado de São Paulo, o ex-presidente referia-se ao vazamento dos áudios referentes aos depoimentos de Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef detalhando um suposto esquema de corrupção na estatal.
– Toda eleição é a mesma história. Eles começam a levantar denúncias e, com denúncias, não precisam provar nada, só insinuar. Acusação de corrupção não pode abaixar cabeça de petista. Toda eleição é a mesma coisa, já estou de saco cheio – protestou, durante ato na quadra do Sindicato dos Bancários, no Centro de São Paulo.
Lula também comentou declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, que afirmou que os eleitores do PT são menos informados. As declarações de Fernando Henrique foram contestadas no primeiro programa da presidenta Dilma.
– É cultura deles, não é pensamento só do Fernando Henrique. O que eles não sabem é que quem não vota neles não é burro… O que esse povo não gosta é que pobre agora anda de cabeça erguida. Votar na Dilma é botar fim no preconceito da elite. Não é a Dilma que quer ser candidata a presidente, nós que precisamos dela para não haver retrocesso. O que deixa eles mais nervosos é que fizemos mais pela educação em 12 anos do que eles em 100 – pontuou Lula.
O ex-presidente acrescentou que os ideais neoliberais tucanos quebraram o país três vezes e estão apenas “travestidas de nova”.
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