segunda-feira, 24 Agosto, 2015 - 14:30
É embaixo da rede elétrica do Jardim Imperador, bairro localizado na zona leste de São Paulo, que a agricultora Florisbela Azevedo Silva, 75 anos, e o marido Valdomiro Gonçalves, 92 anos, viram a vida ser transformada. O que antes era um terreno abandonado, hoje é sinônimo de agricultura sustentável e produção de alimentos saudáveis para toda a comunidade.
“Eu nunca pensei que tiraria renda daqui, plantava só um cercadinho para a gente mesmo”, conta Florisbela. Há mais de um ano, o espaço pequeno que era cultivado para a família cresceu. Por lá, a vizinhança encontra desde verduras, como alface, até plantas medicinais bem conhecidas pelos brasileiros, como alecrim, capim cidreira e arruda.
Toda a produção, no entanto, tem um diferencial: os alimentos são orgânicos – sem a presença de adubos e insumos químicos. O divisor das águas para a família foi o projeto hortas comunitárias da Organização Cidades Sem Fome. “A participação da organização mudou tudo. Eles nos ajudam muito e fez com que eu tivesse a oportunidade de fazer o que gosto. Eu adoro trabalhar com a terra, plantar”, afirma a agricultora.
No Distrito Federal, outra experiência aproxima a produção rural da cidade. Há um ano, a chácara Toca da Coruja, localizada no Núcleo Rural Lago Oeste, a 40 quilômetros do centro de Brasília, faz parte de um movimento internacional chamado Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA). A ideia é integrar os produtores com os consumidores finais, por meio da co-produção.
“Dividimos os custos totais com 27 famílias. As pessoas que participam se tornam parceiros, acompanhando todo o processo de produção. O movimento vai ao encontro da busca por uma melhor alimentação e de apoio por parte dos produtores, promovendo relações mais solidárias”, explica a agricultora e coordenadora do projeto, Andrea Zimmermann, 37 anos.
Qualidade
Segundo o diretor do Departamento de Geração de Renda e Agregação de Valor (Degrav/MDA), Marcelo Piccin, a agricultura urbana e periurbana, como são conhecidas, à produção de alimentos dentro e no entorno das cidades tem grandes vantagens: diminui os custos de produção, aumenta a oferta de alimentos saudáveis, gera renda e emprego e promove a sustentabilidade ambiental.
“O tema da agricultura urbana e periurbana é uma reflexão sobre a importância de se produzir alimentos próximos às cidades. Há grandes vantagens ao estimular esse tipo de produção, entre elas, a qualidade do produto que chega aos consumidores. Por estarem mais próximos, os alimentos não percorrem grandes distâncias, estando mais facilmente disponíveis ao consumo. Assim, possivelmente, o custo de produção será mais barato e, os alimentos, mais acessíveis à população”, observa Piccin.
Para ele, o MDA reconhece a importância da agricultura urbana e periurbana, ao identificar os agricultores familiares independentemente da localidade. “Em 2014 fizemos uma alteração nos critérios da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), para que esses agricultores, localizados dentro das cidades ou no entorno delas, possam ter a documentação e, assim, o acesso às políticas públicas que fortalecem o campo”, reforça.
Comitê
No último dia 4 de agosto, a Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Sesan/MDS), publicou uma resolução que institui um Comitê Técnico na Câmara Interministerial de Segurança Alimentar (Caisan), para fomentar o debate de uma Política Nacional de Agricultura Urbana Periurbana. A coordenação do comitê será feita pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
O grupo terá encontros periódicos e encerrará as atividades ao final do período de validade do Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 2012/2015.
Caisan
A Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN) é uma instância governamental responsável pela coordenação e pelo monitoramento intersetorial das políticas públicas, na esfera federal, relacionadas à segurança alimentar e nutricional, ao combate à fome, e à garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA).
Gabriella Bontempo
Ascom/MDA
Ascom/MDA
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