quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Ampliação das compras da agricultura familiar é desafio para a agenda da alimentação

26/08/2015 18:30
Ministra Tereza Campello ressaltou importância da compra de alimentos 
da agricultura familiar tanto pelo setor público como pelo setor privado

Salvador, 26 – A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza 
Campello, defendeu a ampliação da compra de alimentos da agricultura familiar tanto
 pelo setor público como pelo setor privado. Na abertura 5ª Conferência Estadual de
 Segurança Alimentar e Nutricional da Bahia, Tereza destacou a importância do Programa
 de Aquisição de Alimentos (PAA) como política de acesso a alimentos saudáveis e de 
qualidade.

"Não tem por que o setor privado não comprar. Ganha todo mundo porque fortalece a
agricultura familiar, os assentamentos, os extrativistas, pescadores, mas também
 coloca comida na boca das nossas crianças, do nosso povo, porque é alimento 
saudável, é comida de verdade", reforçou Tereza, nesta quarta-feira (26). Ela informou
 que o setor público tem como meta comprar 30% dos alimentos produzidos 
pelos pequenos agricultores. Esse percentual mínimo já era exigido nas compras para a merenda escolar.

                                                                                      Foto:Ubirajara Machado/MDS
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A conferência em Salvador faz parte do processo de debate entre sociedade 
civil e governos federal, estadual e municipais que resultará na 5ª Conferência 
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, marcada para novembro, em Brasília.

A ministra destacou outro grande desafio a ser discutido pelos delegados: o combate
 ao sobrepeso e à obesidade. Fora do Mapa Mundial da Fome das Nações Unidas desde
 2014, o Brasil tem esse novo problema a ser enfrentado. Dados divulgados pelo Instituto
 Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na semana passada, mostram que 32,3%
 das crianças com menos de 2 anos de idade consomem refrigerante. Mais da metade 
da população adulta tem excesso de peso.

O desafio de universalização da água foi outro ponto da agenda de segurança alimentar e
nutricional que Tereza ressaltou. “O acesso à água não é apenas uma questão de direito,
 mas de melhora na saúde, na qualidade de alimentação da nossa população”, afirmou. 
No Nordeste, estão previstas 100 mil tecnologias sociais de acesso à água para produção
 até 2018. O programa Água para Todos já entregou mais de 1,2 milhão de cisternas para 
consumo humano e 128,1 mil tecnologias para produção. 

O presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional da Bahia (Consea-BA),
 Naidison Quintela, confirmou que o acesso à água é uma grande preocupação apontada 
no ciclo preliminar dos debates para a conferência nacional. Ele destacou a necessidade 
de evitar o uso predatório dos recursos hídricos na irrigação. Naidison defendeu também 
a ampliação do uso de sementes crioulas, adaptadas para o Semiárido. Para isso, o governo
 federal está investindo na criação de 600 bancos de sementes na região.

Conselhos - Marie Arriaga, 33 anos, trabalha a temática segurança alimentar na comunidade 
de Pau da Lima (BA). Ela faz doutorado na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Marie 
defende a criação e a promoção dos conselhos locais de segurança alimentar e nutricional
 nas regiões administrativas de Salvador.

Segundo ela, a população não enxerga a alimentação adequada como um direito e poucos 
sabem o que é segurança alimentar. "A gente fala de desnutrição e obesidade, mas as 
pessoas não enxergam como um direito e responsabilidade do Estado. Se a gente quer
 falar de participação social, a gente tem que partir do local", afirmou.


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