Para a pesquisa foram ouvidas 2.074 pessoas com mais de 16 anos de idade de 133 municípios de todo o Brasil. “O nosso objetivo foi medir a percepção sobre a importância da leitura para crianças pequenas, mas também o envolvimento do adulto nessa tarefa”, declarou o vice-presidente da Fundação Itaú Social, Antonio Matias. De acordo com o vice-presidente, a pesquisa é uma das ações da campanha que reconhece no estímulo à leitura uma oportunidade para que a sociedadese mobilize em torno dos direitos da criança e do adolescente. “Lutamos por essa causa porque muitos estudos já mostraram que a leitura na primeira infância pode ajudar muito no desenvolvimento dessas crianças”, completou.
Ampliação do vocabulário e do repertório da criança, maior senso crítico, criatividade estimulada e mais facilidade para escrever estão entre os benefícios da leitura para as crianças. De acordo com estudo doeconomista James Heckman, ganhador do prêmio Nobel de Economia, uma criança de 8 anos que é incentivada a ler domina cerca de 12 mil palavras, três vezes mais do que uma criança que não tenha recebido o mesmo estímulo.
A pesquisa também questionou os entrevistados sobre por quais razões eles consideram importante incentivar uma criança a ler: 54% citaram o desenvolvimento intelectual e cultural; 36% acreditam que a leitura na infância ajuda na formação educacional e na criação do hábito de ler; 10% dos entrevistados apontaram o desenvolvimento de valores éticos como principal razão; enquanto 9% apontaram o desempenho no mercado de trabalho.
Já dos 4% que responderam considerar pouco importante ou que não reconhecem razão para que crianças de até 5 anos leiam, 79% disseram que a criança ainda é muito nova, está na idade de brincar e, segundo alguns, a leitura poderia “enjoar” as crianças de estudar antes mesmo de frequentar a escola. Segundo a gerente de projetos do Instituto Pró Livro, Zoara Failla, tal percepção é equivocada. “A leitura também é uma forma de brincar. A criança vai se divertir com as ilustrações e com as pequenas frases que podem ser lidas pelo adulto. É um momento de familiarização, de descoberta. Basta ver como os pequenos pedem a repetição de uma boa história para ver como esse contato é lúdico”, afirmou.
A discrepância entre o reconhecimento da importância da leitura para crianças pequenas e sua prática revela, para Márcia Quintino, coordenadora de Mobilização Social da Fundação Itaú Social, uma lacuna a ser preenchida. Para a coordenadora, é preciso convidar o adulto a ler para as crianças, um desafio que pertence a toda sociedade. “Para a criança, o espaço doméstico é privilegiado e a leitura só aumenta a qualidade do tempo que se passa em família”, disse Márcia.