sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Movimentos sociais apontam avanços e desafios do Brasil Sem Miséria

20/09/2013 16:25
Cerca de 200 líderes de 55 organizações da sociedade civil participaram dos Diálogos Governo-Sociedade Civil
Brasília, 20 – Nos últimos 10 anos, o Brasil passou por duas revoluções. A primeira mudou a vida de 22 milhões de brasileiros que saíram da extrema pobreza. A segunda é o que se pode chamar de “revolução silenciosa”, cujos reflexos passam despercebidos por segmentos da sociedade que não conhecem os efeitos perversos provocados pela fome. A análise foi feita pela presidente da Organização Não Governamental Fome Zero, Fátima Menezes, durante a quarta edição dos Diálogos Governo-Sociedade Civil: Brasil Sem Miséria, realizada nesta quinta-feira (19), no Palácio do Planalto. 

“A abrangência do Brasil Sem Miséria é impressionante. As pessoas mais pobres sabem o que ele significa, pois vivenciam no dia-a-dia essa mudança. Mas há outro segmento que não entende a magnitude do programa, nem seu significado, pois não sabe o que é fome, nem pobreza”, afirmou Fátima Menezes.  O encontro reuniu cerca de 200 lideranças representantes de 55 movimentos sociais e segmentos de diversos setores da sociedade civil organizada. Eles tiveram a oportunidade de debater com a ministra Tereza Campello e com outros ministros os avanços e os desafios do Brasil Sem Miséria. Para a maioria, prevalece a defesa de que as ações do programa devem ser estratégias permanentes do Estado.

Segundo a presidente da ONG Fome Zero, as ações do Brasil Sem Miséria são tão complexas, que os números, isolados, não explicam como elas acontecem na prática. Ela avalia que a maioria das pessoas não tem ideia do que é buscar famílias que vivem em comunidades ribeirinhas em situações de pobreza para inseri-las no Cadastro Único, por exemplo. “É um trabalho tremendo, mas nem sempre a sociedade civil tem noção disso”, completou.

A análise coincide com os resultados apresentados no encontro pelo coordenador do Movimento Nacional da População de Rua, Anderson Miranda. Ele conta que, em parceria com os Centros de Referência de Assistência Social (Cras), o movimento conseguiu levar para o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal 500 moradores de rua na capital paulista. “Essas pessoas estão sendo matriculadas nos cursos do Pronatec [Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego], conseguindo emprego, alugando seu quartinho. Das 200 que fizeram os cursos, 60 já estão empregadas”, comemora Anderson. “Nossa preocupação agora é a moradia”, pontua, ao lembrar das  condições de vulnerabilidade vividas pela população de rua.

Na avaliação do presidente da Central Única das Favelas (Cufa), Preto Zezé, “as pessoas mais pobres, que nunca tiveram acesso aos serviços do Estado, agora estão tendo”. Ele colocou a necessidade de ampliar o público-alvo do Brasil sem Miséria e de fortalecer as ações sociais para proteger os jovens que, por vários fatores, acabam em instituições socioeducativas. “Eles precisam de novas oportunidades, principalmente os usuários de crack”, opina.

“O Brasil Sem Miséria é um marco na história do país. Os avanços foram muitos, mas existem grandes desafios pela frente”, afirmou a diretora eleita da Fundação Interuniversitária de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho, Ronalda Barreto. Segundo ela, uma das contribuições do plano é o incentivo à economia solidária. “O comércio justo e a proteção ao meio ambiente são estratégias que precisam ser fortalecidas”, defendeu.

O aumento na oferta de creches para ampliar a autonomia das mulheres que precisam trabalhar foi uma das sugestões apontadas pelas representantes da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) e da Marcha Mundial das Mulheres. As lideranças apontaram ainda a necessidade de tornar permanentes as ações de qualificação profissional, da agricultura familiar e aquelas voltadas à melhoria dos povos e comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e catadores de lixo, entre outras.

A ministra Tereza Campello reafirmou o compromisso do governo em manter o diálogo permanente com a sociedade civil para troca de experiências e aperfeiçoamento das políticas públicas de combate à pobreza. Promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o encontro contou ainda com a participação do ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e da ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, além de outras autoridades do governo federal.

Ascom/MDS
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