Tudo começou em Março de 2011, onde a onda de protestos pelo mundo árabe já havia derrubado os longevos governos de Ben Ali, na Tunísia, e de Hosni Mubarak, no Egito.
As revoltas abriram caminho para a formação de governos provisórios e, em seguida, a chegada de novos grupos políticos ao poder nestes países.
Foi nesse momento, que a Primavera Árabe - como se convencionou nomear este momento histórico - chegou à Síria, país-chave do equilíbrio geopolítico do Oriente Médio, localizado entre a Turquia, Jordânia, Israel, Líbano e Iraque. Na última sexta-feira (25), completam-se dois anos deste capítulo.
Sua realidade, no entanto, é alienígena à dos protestos pacíficos que marcaram o início da Primavera. Ao longo destes 24 meses, aquilo que se apresentava como um novo movimento democrático, gestado de dentro dos países árabes, passou a perder pouco a pouco, suas características mais essenciais: Os protestos, cartazes e gritos, deram gradual espaço, aos conflitos, às armas e às mortes.
A Síria encontra-se visivelmente devastada, pela guerra civil que se alastrou por todo o país. As imagens que chegam das grandes cidades sírias, como Aleppo e Homs, mostram-nos escombros e destroços de uma rotina, que já não existe mais sem a guerra. Até mesmo a capital, fortemente guardada pelas forças oficiais, já foi alvo de diversos atentados.
Enquanto a diplomacia internacional falha em dar qualquer contribuição de peso, para evitar que o derramamento de sangue continue, o conflito persiste sem desfecho no horizonte. Segundo as últimas estimativas da ONU, já são mais de 70 mil mortos, 100 mil feridos, e mais de um milhão e meio de refugiados fora das fronteiras do país.
A situação na Síria permaneceu uma questão, predominantemente interna, até que, em junho, deflagrou-se a crise dos refugiados. Buscando fugir da crescente repressão, milhares de sírios começaram a cruzar a fronteira com a Turquia, ao norte do país. A onda de refugiados (que se mantém, com alterações de intenso afluxo, até hoje) começou a internacionalizar o debate sobre a Síria, mobilizando a Turquia, potência regional e diretamente afetada pelo episódio, e também, a Liga Árabe, principal representação política das nações árabes, que, em novembro, optou pela suspensão da Síria de sua organização.
O inócuo debate internacional, por sua vez, tomou rumo quanto à legitimidade de armar a oposição síria. Potências ocidentais cogitam a ação, como modo de condicionar a resistência contra as forças de Assad, enquanto que o apoio da Rússia e da China à Síria segue decisivo, para a manutenção de Assad em Damasco. A ONU defende que o envio de armas tenderá, ao fim e ao cabo, à intensificação do conflito.
Therese Mourad
Gazeta de Beirute
Fonte: BBC News
Foto: AP
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