segunda-feira, 30 de junho de 2014

Fundo islâmico do BB pode alcançar até US$ 500 milhões

Banco do Brasil irá lançar fundo de acordo com as regras da sharia em parceria com banco de Cingapura. Papeis de empresas brasileiras serão negociados no Oriente Médio e na Ásia.



Divulgação/BB DTVM
Takahashi: resultados precisam ser compatíveis com atividade da empresa
São Paulo – O Banco do Brasil se prepara para lançar um fundo de ações com base nas regras da sharia, a lei islâmica, entre setembro e outubro deste ano. O fundo irá negociar ações de empresas brasileiras listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em mercados do Oriente Médio e da Ásia.

“A expectativa é que tenhamos um patrimônio de US$ 50 milhões a US$ 500 milhões em um prazo médio de pelo menos um ano”, revelou Carlos Takahashi, presidente do BB DTVM, divisão de gestão de recursos do banco, em entrevista à ANBA. Os números correspondem aos valores mínimo e máximo esperados como patrimônio líquido do fundo.

Para lançar o fundo, o Banco do Brasil tem como parceiro o Islamic Bank of Asia (IBA), de Cingapura. É o banco asiático que dará suporte à instituição brasileira na certificação dos papeis negociados no fundo.

Para que o fundo esteja de acordo com a sharia, os rendimentos dos papeis negociados precisam ser obtidos dos resultados dos serviços prestados pela empresa e não de qualquer tipo de juros, o que configuraria usura, prática proibida pela lei islâmica.

“Os resultados e os números da empresa têm que ter compatibilidade adequada com a atividade central daquela empresa”, destaca Takahashi, explicando que pode haver a necessidade de troca de papeis do fundo, caso seja detectado algum tipo de lucro vindo de práticas consideradas usurárias.

As ações negociadas pelo fundo serão de empresas nacionais de commodities, energia, petróleo e gás, mineração e varejo. Takahashi conta que cerca de 20 companhias já foram aprovadas para terem suas ações negociadas pelo fundo islâmico. No Oriente Médio, os papeis serão vendidos pela BB Securities de Londres e, na Ásia, por uma corretora do BB aberta há um ano em Cingapura.

Em maio, representantes do Banco do Brasil se reuniram com investidores dos Emirados Árabes Unidos, Cingapura e Hong Kong para avaliar o potencial interesse deles no novo fundo. O presidente do BB DTVM lembrou que, além do Oriente Médio, há países asiáticos que também têm uma grande população muçulmana, como Indonésia, Índia, Cingapura e Malásia.

Empresas como bancos e fabricantes de bebidas, por exemplo, não podem fazer parte do fundo por não estarem de acordo com a lei islâmica.

Apesar de não ser o foco inicial do fundo, Takahashi não descarta a possibilidade de que os papeis possam ser negociados internamente. “Se percebermos que há interesse, vamos negociar no Brasil”, completou.

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