Terça-feira, 17 de junho de 2014 - 10:11
Para o educador Anísio Teixeira [1900-1971], a educação integral constituiria o caminho fundamental, o instrumento gerador de mudanças necessárias para fazer do Brasil um país moderno. Atualmente, 49 mil escolas públicas fazem parte do programa Mais Educação, que visa a fomentar a educação integral de crianças e adolescentes a partir do apoio a atividades desenvolvidas durante a jornada ampliada. A meta do governo federal é chegar a 60 mil escolas até o fim deste ano.
Uma das instituições integrantes do programa é a Escola-Classe 209 Sul, em Brasília. Segundo a professora Márcia Freitas do Nascimento, durante a jornada ampliada são realizadas atividades da base comum e outras, complementares. “A educação integral proporciona a melhoria da aprendizagem dos alunos, promove o melhor aproveitamento do tempo ocioso e propicia a prática esportiva”, afirma a professora, que tem licenciatura em língua portuguesa e em língua estrangeira (espanhol), além de especialização em organização do trabalho pedagógico.
De acordo com Márcia, a jornada ampliada ajuda o aluno a se desenvolver integralmente do ponto de vista cognitivo, afetivo, social e físico. Em sua maioria, os estudantes gostam do turno escolar ampliado porque têm a oportunidade de praticar esportes e de desenvolver aptidões.
Um exemplo é Marcus Vinicius Santos Ribeiro, 10 anos, aluno do quinto ano. No turno oposto ao das aulas regulares, ele estuda história, geografia, ciências e tem acompanhamento pedagógico. Para o estudante, um dos resultados com a mudança para a jornada ampliada foi a melhora das notas.
Adesão — O Distrito Federal tem 225 escolas de ensino fundamental inscritas no Mais Educação. Além disso, há outras 78 escolas de educação infantil, de ensino fundamental e médio com oferta de educação integral, sem estar ligadas ao programa.
Ao aderir ao Mais Educação, as escolas podem escolher até cinco atividades nos macrocampos do programa. Entre eles, acompanhamento pedagógico; educação ambiental; esporte e lazer; direitos humanos em educação; cultura e artes; cultura digital; promoção da saúde; comunicação e uso de mídias; investigação no campo das ciências da natureza e educação econômica.
De acordo com o coordenador de educação integral da Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação, Leandro Fialho, para que o aluno goste da escola e esteja motivado para frequentá-la, a instituição deve estar conectada com a realidade dele, com o seu dia a dia. Estaria aí, segundo Fialho, a importância dos macrocampos sugeridos pelo Mais Educação.
Leandro está convencido da necessidade de ampliar a jornada escolar do país, tal como no Chile e em países da Europa. “Como já dizia Anísio Teixeira, em todo país moderno e civilizado, os meninos têm educação integral”, afirma. Segundo Leandro, dados de 2013 apontam que 50% das escolas vinculadas ao Mais Educação eram frequentadas por estudantes de famílias beneficiadas pelo programa Bolsa-Família do governo federal. Além disso, a maioria das instituições de ensino está situada em regiões de vulnerabilidade social.
Qualidade — Jeovany Machado dos Anjos, titular da coordenação de educação integral da Secretaria de Educação do Distrito Federal, salienta que um dos benefícios do horário ampliado nas escolas é a melhoria da qualidade do ensino, de modo a proporcionar ao estudante o pleno desenvolvimento como pessoa, o exercício da cidadania e a formação para o trabalho, com a participação das famílias, instituições e sociedade. Ele também aponta a educação integral como capaz de ampliar tempos e oportunidades educacionais, sociais, culturais, esportivas e de lazer, com aprendizagens significativas e emancipatórias.
As escolas podem aderir ao Mais Educação até o dia 30 próximo. O cadastramento deve ser feito peloPrograma Dinheiro Direto na Escola (PDDE) interativo, de acordo com os procedimentos passo a passo.
Ana Júlia Silva de Souza
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