"O que fazer quanto à dívida e ao euro?" – pergunta o manifesto lançado por economistas da esquerda europeia que defendem uma alternativa política ao afundamento da Europa sob a pressão da austeridade. Francisco Louçã, Michel Husson, Mariana Mortágua e Eric Toussaint são alguns dos subscritores deste manifesto.
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Mas estas políticas de austeridade "são racionais do ponto de vista da burguesia", explicam na abertura deste manifesto, considerando-as "uma forma brutal de terapia de choque para restaurar os lucros, garantir os rendimentos financeiros e implementar as contrarreformas neoliberais".
Sobre o problema da dívida, os autores identificam as duas alternativas de longo prazo: "ou uma austeridade fiscal eterna ou uma política de cancelamento da dívida e uma moratória imediata da dívida pública", com a realização da necessária auditoria para quantificar as benesses fiscais dadas a quem vive dos rendimentos, a evasão fiscal, os resgates dos bancos ou o efeito de bola de neve criado pelos juros da dívida.
Os economistas defendem que a saída do euro não pode ser nem um tabu nem o ponto de partida para um governo de esquerda. E dão quatro argumentos para rejeitar a defesa da saída do euro como proposta política no momento atual: a soberania não seria reposta com a nova moeda a ficar à mercê dos especuladores; a dívida aumentaria com a provável nacionalização da banca para evitar a bancarrota, já que as dívidas privadas se manteriam em euros; a inflação e o aumento das taxas de juro provocariam mais desigualdade; e sendo uma proposta de desvalorização competitiva, acaba por abandonar a estratégia de uma luta europeia conjunta contra a austeridade.
"Continuar a luta sem propor a saída do euro e da União Europeia como alternativa, aumenta a área de manobra e negociação de um governo de esquerda, bem como as probabilidades de alastrar a resistência a outros países da União", defendem os subscritores, preferindo uma estratégia "progressista e internacionalista por oposição a ser isolacionista e nacional".
Os economistas apontam que "a ameaça da saída do euro não é de excluir como opção viável" e reconhecem que "a refundação da Europa não pode ser a pré-condição para a implementação de uma política alternativa". Admitem ainda que "as eventuais medidas retaliatórias contra um governo de esquerda devem ser neutralizadas através de contra-medidas que efetivamente recorram a políticas protecionistas se necessário", mas leem a expressão 'protecionismo' não no sentido mais comum da proteção dos interesses do capitalismo nacional em competição com outros países, mas sim da defesa duma "transformação social proveniente do povo".
A lógica deste “protecionismo por extensão” será a de "desaparecer tão cedo quanto as medidas sociais para o emprego e contra a austeridade possam ser generalizadas através da Europa", uma vez construída a relação de forças "que possa desafiar as instituições europeias".
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