Área embargada pelo Ibama por infrações ambientais corresponde a 8,5% do total destinado à agropecuária
TATIANA FREITAS
TATIANA FREITAS
Comprador de alimento com origem nessas propriedades paga multa de R$ 500 por quilo do item adquirido
Cerca de 43 mil propriedades rurais estão embargadas por irregularidades ambientais no Brasil, segundo levantamento inédito do Ibama.
Os dados do Ibama estão disponíveis na Lista Brasil, uma relação das fazendas embargadas pelo órgão que está disponível para consulta na internet desde o final de abril. Graças a ela, foi possível fazer uma análise sobre a condição ambiental das fazendas em todo o país.
Até então, para averiguar a situação de cada propriedade, era preciso levantar os dados nas 27 secretarias estaduais do Meio Ambiente.
A lista cresce a cada dia devido ao maior volume de informações disponíveis, mas a expectativa é que, com a concentração dos dados de todas as áreas rurais do país em uma só ferramenta, a quantidade de fazendas embargadas comece a cair.
Cooperativas, tradings, indústrias e frigoríficos precisam consultar a lista de fazendas embargadas pelo Ibama com frequência, pois são penalizadas se forem pegas comprando produtos, como grãos ou animais, de áreas com irregularidades.
A multa do Ibama ao comprador é de R$ 500 por quilo do produto adquirido.
Para o produtor, a penalidade varia de acordo com o tipo de infração cometida. Mas todas as fazendas embargadas ficam impedidas de prosseguir com as suas atividades econômicas.
Os integrantes da lista do Ibama também ficam impossibilitados de tomar crédito --as instituições financeiras não podem conceder empréstimos a produtores ilegais.
SEM DESCULPA
A expectativa de órgãos ambientais e do setor é a de que o amplo e fácil acesso às informações iniba a prática de crimes ambientais.
"As empresas não têm mais desculpa para comprar produtos de fazendas embargadas. Elas não poderão mais alegar desconhecimento", diz o coordenador de monitoramento ambiental do Ibama, George Porto Ferreira.
A lista é atualizada diariamente, e o dinamismo só é possível graças ao sistema de monitoramento por satélite do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Após a captura e o processamento de imagens, o sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter), do Inpe, consegue identificar áreas desmatadas maiores do que 25 hectares.
A partir daí, são emitidos alertas para o Ibama, que vai até o local suspeito para averiguar o desmatamento --o tipo de infração mais comum.
O monitoramento por satélite, quinzenal desde 2004 e agora diário, contribui para a redução do desmatamento. Em Mato Grosso, principal Estado produtor de soja do país, ele caiu 93% entre 2004 e 2012, segundo o Inpe.
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