terça-feira, 1 de outubro de 2013

Disponibilidade generosa e safra-nova chegando


Por Rodrigo Correa da Costa
postado há 1 dia atrás

O congresso americano deve levar os Estados Unidos para um “desligamento-parcial” com a falta de acordo sobre gastos relacionados à saúde – que os republicanos usam como moeda de troca para aprovar o aumento do teto da dívida do país. Se na segunda-feira dia 30 de setembro o impasse permanecer, a partir da terça em torno de 800 mil servidores federais perderão seus vencimentos e alguns serviços não-essenciais serão suspensos.

As principais bolsas de ações fecharam em queda na semana e os índices de commodities virtualmente inalterados.

O café em Nova Iorque foi a matéria-prima que mais cedeu, 2.86%, seguido pelo açúcar que escorregou 2.20%. Em Londres o robusta ficou ainda mais fraco perdendo US$ 4.14 por saca, equivalente a -4.18%.

O arábica tentou romper os US$ 120 centavos por libra, mas não teve sequência de ganhos e encontrou origens vendendo para então chamar especuladores a pressionar os preços para novas mínimas. Mais uma vez a “respirada” rápida foi provocada por pequena cobertura de posição vendida de fundos, que tem sido o motivo das poucas altas nos últimos meses.

O final do ano safra para a maioria das origens produtoras de café, que se dá em setembro, marca uma disponibilidade generosa no Brasil, dado o bom volume da safra, e uma pressão vendedora que também cada vez mais aumentando para o robusta que está sendo colhido no Vietnã (sem falar de América Central).

A movimentação no físico foi abaixo do normal (ou seria acima do “novo-normal”?) com diferenciais colombianos frágeis e ofertas mais fracas em geral para embarques em 2014.

As torrefadoras mantêm a calma e o ritmo de apenas beliscar alguns contratos quando o terminal cede, nada significativo. Fotos de floradas na principal origem ajudam a dar um conforto ainda maior para os compradores.

Notícias que alguns produtores têm arrancado pés de café no Brasil contrastam com outras que indicam apoio de governos de outros países para renovação do parque produtivo em busca de produtividades maiores. No fim das contas o quadro de oferta maior para, ao menos, mais um ciclo de produção é o pano de fundo negativo para os preços, junto com o Real que voltou a enfraquecer.

O terceiro leilão das opções de vendas pela CONAB foi em linha com os dois primeiros, apesar de o prêmio ter inchado mais para o estado de Minas Gerais. Como houve sobras em todos os leilões, a expectativa é que um novo leilão aconteça em breve.

Ainda que a volatilidade diária esteja menor, os dois mercados de café caminham para novas baixas e devem deixar ainda mais desanimados os altistas que por ora tem basicamente como único argumento a posição vendida dos fundos. Os efeitos de um eventual “abandono” de lavouras ou tratos piores dos cafezais só se refletirão em 2015, e até lá tem bastante café para ser consumido.

Uma boa semana e muito bons negócios a todos.

Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

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