No último dia 24 fez-se 40 anos desde a morte de Josué de Castro, o recifense que escolheu como objeto de estudo a fome. Desde que se formou em Medicina, na Universidade do Rio de Janeiro, em 1929, Josué de Castro entendeu que a fome é um fenômeno complexo.
Sara Brito
Sara Brito
Fome é fruto da ação humana - Josué de Castro pensava na fome como um flagelo não-natural, “fabricado pelos homens, contra outros homens”, dizia ele. Sua opinião era de que a fome independe de fatos da natureza; ela é fruto das ações e escolhas dos seres humanos e da condução econômica que eles dão ao ambiente em que vivem. A comunidade internacional se surpreendeu e o aplaudiu por esses e outros pensamentos publicados, em 1946, em seu festejado livro “Geografia da Fome”. Nele Josué analisava hábitos alimentares de diferentes grupos humanos e tentava descobrir as causas naturais e sociais que os levavam a tais hábitos.
Josué de Castro acreditava que a estrutura de produção latifundiária e de monocultivo não condizia com a busca pela segurança e soberania alimentar, muito menos com o conceito de Desenvolvimento Humano Sustentável. Em suas próprias palavras, no “Geografia da Fome”: “Nenhum fator é mais negativo para a situação de abastecimento alimentar do país do que a sua estrutura agrária feudal, com um regime inadequado de propriedade, com relações de trabalho socialmente superadas e com a não utilização da riqueza potencial dos solos.”
Assim, acreditava piamente na qualidade que a agricultura familiar e a Reforma Agrária poderiam trazer para a vida das pessoas. Defendia que a agricultura familiar seria a melhor forma de manter o homem no campo e de possibilitar a sua alimentação. “Mesmo com os avanços tecnológicos na agricultura que resultaram em crescimento das nações, incluindo o Brasil, não ocorreu o correspondente desenvolvimento social equilibrado, pelo contrário, nos distanciamos da solução do problema, com favorecimento ao agronegócio,” afirma o professor Pedro Israel.
Incentivar o desenvolvimento da agricultura familiar, fez parte das defesas de Josué de Castro: “a intensificação do cultivo de alimentos sob a forma de policultura nas pequenas propriedades, realizada de forma sustentável e garantindo a fixação do homem ao campo”.
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