O Relatório Internacional de Tendências – até 02/junho/2014 do Bureau de Inteligência Competitiva do Café, aborda os temas de produção, indústria e cafeterias. Abaixo, os comentários da equipe do Bureau, sobre a questão da produção:
Produção
A busca por alternativas que melhorem o processo produtivo e a comercialização estão sendo os principais meios encontrados pelos produtores para aumentar sua competitividade. A introdução do café em mercados que ainda não possuem o hábito de consumi-lo tem trazido sucesso para alguns países produtores que identificaram esta oportunidade de expansão.
A mudança climática têm afetado gravemente diversos países produtores, prejudicando as lavouras e causando fortes quedas na produção e na qualidade do café. Porém, outros países que mantiveram ou alguns que até aumentaram sua produção, se beneficiaram da situação que provocou aumento dos preços do café no mercado global.
Os governos de diversos países produtores de café vêm tomando medidas para aumentar sua competitividade, explorando novas oportunidades e com foco em seus principais pontos fortes. A busca por novos mercados têm se mostrado interessante para diversos países que escoam sua produção para novos mercados através de parcerias e políticas. Produtores de café Fairtrade têm buscado diferenciar-se ainda mais através da preocupação com a qualidade do produto final, além da questão social. Para isto, algumas indústrias e governos vêm se unindo aos produtores para melhorar a qualidade dos cafés produzidos e agradar ainda mais os consumidores finais. Os cafeicultores que conseguem unir dois aspectos (qualidade e sustentabilidade) recebem prêmios maiores, aumentando sua competitividade.
Apesar de a diferenciação ser uma alternativa interessante, muitos produtores ainda têm mirado na produção intensiva, na mecanização, renovação de lavouras e aumento de produtividade para reduzir custos. Estes também conseguem melhorar sua competitividade mostrando-nos a necessidade da adequação de cada linha de trabalho de acordo com as condições, necessidades e objetivos de cada produtor.
Novos mercados
A identificação de novos mercados com potencial de aumento no consumo tem sido a estratégia de alguns países produtores. Um exemplo é a Nicarágua, que expandiu suas vendas de café para Taiwan. O incremento foi de 600% em valor e 638% em volume. Já o Brasil tem focado no mercado árabe, exportando 280 mil sacas de 60 quilos de café aos países da região no primeiro bimestre, um aumento de 46% sobre o mesmo período do ano passado.
Clima
O clima é uma variável importantíssima para a agricultura e motivo de grandes preocupações. Nas últimas décadas as discussões sobre aquecimento global ganharam muito destaque e, embora existam cientistas que questionem tal fenômeno, a possibilidade de sua ocorrência preocupa os cafeicultores. Em alguns países já existem projetos voltados para o desenvolvimento de variedades mais resistentes ao calor. Independentemente disso, fenômenos climáticos bem conhecidos como o El niño e a La niña podem prejudicar a produção cafeeira. Recentemente, variações climáticas causaram sérios danos às lavouras da América Central e do Peru, que sofreram gravemente com a ferrugem. Em períodos anteriores, esta doença não foi um problema dos mais danosos. Outro grande problema foi a seca que atingiu as principais regiões produtoras de café do Brasil, causando queda na previsão da safra de 2014 e dos anos posteriores, o que ocasionou a elevação do preço da commodity no mercado internacional.
Fairtrade
Após o surgimento do movimento Fairtrade, muitos produtores encontraram neste segmento uma oportunidade de aumentar sua renda através do recebimento de prêmios pela certificação. Uma parcela de consumidores nos países desenvolvidos não se importa em pagar a mais por um café produzido de maneira socialmente sustentável. Porém, um problema que prejudica o Fairtrade é a inexistência de critérios de qualidade mínima. Trata-se de uma certificação que não é voltada para atributos de experiência. Tendo esta situação em vista, umanova medida que está sendo tomada é a aliança entre indústrias e produtores a fim de, além da questão social, garantir a qualidade do café Fairtrade. Neste âmbito, a empresa Union Hand-Roasted Coffee trabalha, através do fornecimento de consultorias e apoio financeiro, com produtores de quatro cooperativas de Ruanda, para aumentar a qualidade dos cafés que posteriormente serão vendidos a ela com prêmios ainda mais elevados que os produtos Fairtrade “tradicionais”.
América Central - Guatemala
Aproveitando o bom reconhecimento de seu café como um produto de boa qualidade, as instituições de café da Guatemala vêm adotando estratégias de marketing e comércio para conseguir ágios cada vez maiores e aumentar a competitividade do país no mercado. Como exemplo, tem a criação da marca “Guatemalan Coffees”.
Na Guatemala, pequenos produtores de café estão recebendo incentivo do governo e de fundações para diversificarem suas propriedades a fim de aumentar sua renda e garantir melhor qualidade de vida para as famílias. Neste contexto, a Root Capital’s desenvolveu um programa de apoio para que famílias cafeicultoras possam diversificar suas propriedades e aumentar a renda através da apicultura. Para isto, está fornecendo informações e assistência técnica na nova atividade, além de empréstimos para a compra de materiais e equipamentos, que deverão ser pagos através da renda incremental associada ao novo empreendimento.
Honduras
A Secretaria de Agricultura e Pecuária de Honduras anunciou que investirá aproximadamente 18 milhões de dólares para o desenvolvimento e a ampliação do segmento de cafés especiais do país. O projeto visa ampliar o reconhecimento da qualidade do produto no mercado internacional e os investimentos serão voltados para assistência técnica em produção com qualidade, aquisição de equipamentos pós-colheita, processamento de dejetos, produção e processamento de fertilizantes foliares orgânicos, construção de estruturas para funcionários, dentre outros.
América do Sul - Colômbia
A recuperação do preço do café no mercado global, aliada à recuperação da produção colombiana, resultado da renovação dos cafezais, serão fatores importantes no fortalecimento da cafeicultura e da economia do país. A valorização do café não poderia vir em melhor hora para a Colômbia, que vem aumentando significativamente sua produção e, inclusive, recuperou o posto de terceiro maior produtor mundial com 10,7 milhões de sacas na safra de 2013 e com previsão de 11,3 milhões de sacas na safra 2014. Além disto, outro fator que beneficiará a cafeicultura colombiana é a queda na produção devido ao surto de ferrugem na América Central e no Peru, concorrentes do país no mercado de cafés especiais. Confirmando as expectativas de continuação do aumento na produção colombiana de café para os próximos anos, devido às lavouras renovadas, a Federação de Café da Colômbia publicou um relatório mostrando que a produção do país no primeiro trimestre de 2014 foi 28% maior que o mesmo período em 2013. Considerados os últimos doze meses, o aumento na produção foi de 40% em relação ao mesmo período entre 2012 e 2013. Apesar desses dados, os produtores colombianos continuam insatisfeitos com a atividade. Segundo eles, o preço interno que recebem por seu produto é bem inferior ao ideal, considerando sua qualidade e o alto custo de produção.
Apesar do aumento da produção do país e da elevação do preço do café no mercado global, o governo colombiano não está tão tranquilo com a cafeicultura. Isto porque os produtores vêm fazendo vários protestos reivindicando que sejam cumpridos os acordos feitos em 2013 e que haja maior apoio financeiro para que eles possam honrar suas dívidas e desenvolver a atividade.
Objetivando escoar sua produção para novos mercados não tradicionais no consumo do produto, a Colômbia lançou sua marca “Juan Valdez” na Malásia através de uma parceria com a empresa My Coffee Asia que será responsável pela marca em todo o sudeste asiático. As primeiras lojas foram inauguradas em Jalan Ampang e Jalan Tun Razak e serão expandidas para as cidades mais importantes do país.
Com a predominância de pequenas propriedades, relevo montanhoso e processo produtivo rústico, o que inviabiliza a mecanização e muitas vezes eleva os custos de produção, o Peru tem se voltado cada vez mais para o mercado de grãos especiais. Neste segmento, o país segue uma tendência mundial, aliando a certificação Fairtrade com a boa qualidade da bebida, através da qual tem conseguido excelentes prêmios por seu produto no mercado internacional.
Os melhores preços recebidos pelos produtores peruanos aliados ao aumento do volume produzido, resultado de programas de recuperação contra a ferrugem, resultarão em uma elevação de mais de 10% nas exportações de café do país em relação a 2013. Segundo a ministra de Comércio Exterior e Turismo, Magali Silva, as exportações em 2013 foram de aproximadamente 700 milhões de dólares devido principalmente aos danos causados pela ferrugem e aos baixos preços, representando grande queda em relação ao valor aproximado de 1 bilhão de dólares atingido em 2012. Já em 2014 acredita-se que iniciará uma recuperação ultrapassando 800 milhões de dólares.
África - Uganda
Considerando o potencial de Uganda na produção cafeeira, as associações de produtores de café, em colaboração com a UCDA (Autoridade de Desenvolvimento do Café de Uganda), estão buscando a elaboração de uma nova estratégia para aumentar a quantidade, visando passar das 3,5 milhões de sacas, e melhorar a qualidade do café no país.
Henry Ngabirano, diretor executivo da UCDA, disse que a estratégia é gerar mais competitividade ao café de Uganda no mercado global. Porém, para isso, os cafeicultores, que são em sua grande maioria pequenos produtores, devem se unir no fortalecimento das associações para conseguirem melhores condições de compra de insumos e venda do produto, acesso à assistência técnica e equipamentos mais modernos, etc.
Para ver o relatório na íntegra clique aqui.
Produção
A busca por alternativas que melhorem o processo produtivo e a comercialização estão sendo os principais meios encontrados pelos produtores para aumentar sua competitividade. A introdução do café em mercados que ainda não possuem o hábito de consumi-lo tem trazido sucesso para alguns países produtores que identificaram esta oportunidade de expansão.
A mudança climática têm afetado gravemente diversos países produtores, prejudicando as lavouras e causando fortes quedas na produção e na qualidade do café. Porém, outros países que mantiveram ou alguns que até aumentaram sua produção, se beneficiaram da situação que provocou aumento dos preços do café no mercado global.
Os governos de diversos países produtores de café vêm tomando medidas para aumentar sua competitividade, explorando novas oportunidades e com foco em seus principais pontos fortes. A busca por novos mercados têm se mostrado interessante para diversos países que escoam sua produção para novos mercados através de parcerias e políticas. Produtores de café Fairtrade têm buscado diferenciar-se ainda mais através da preocupação com a qualidade do produto final, além da questão social. Para isto, algumas indústrias e governos vêm se unindo aos produtores para melhorar a qualidade dos cafés produzidos e agradar ainda mais os consumidores finais. Os cafeicultores que conseguem unir dois aspectos (qualidade e sustentabilidade) recebem prêmios maiores, aumentando sua competitividade.
Apesar de a diferenciação ser uma alternativa interessante, muitos produtores ainda têm mirado na produção intensiva, na mecanização, renovação de lavouras e aumento de produtividade para reduzir custos. Estes também conseguem melhorar sua competitividade mostrando-nos a necessidade da adequação de cada linha de trabalho de acordo com as condições, necessidades e objetivos de cada produtor.
Novos mercados
A identificação de novos mercados com potencial de aumento no consumo tem sido a estratégia de alguns países produtores. Um exemplo é a Nicarágua, que expandiu suas vendas de café para Taiwan. O incremento foi de 600% em valor e 638% em volume. Já o Brasil tem focado no mercado árabe, exportando 280 mil sacas de 60 quilos de café aos países da região no primeiro bimestre, um aumento de 46% sobre o mesmo período do ano passado.
Clima
O clima é uma variável importantíssima para a agricultura e motivo de grandes preocupações. Nas últimas décadas as discussões sobre aquecimento global ganharam muito destaque e, embora existam cientistas que questionem tal fenômeno, a possibilidade de sua ocorrência preocupa os cafeicultores. Em alguns países já existem projetos voltados para o desenvolvimento de variedades mais resistentes ao calor. Independentemente disso, fenômenos climáticos bem conhecidos como o El niño e a La niña podem prejudicar a produção cafeeira. Recentemente, variações climáticas causaram sérios danos às lavouras da América Central e do Peru, que sofreram gravemente com a ferrugem. Em períodos anteriores, esta doença não foi um problema dos mais danosos. Outro grande problema foi a seca que atingiu as principais regiões produtoras de café do Brasil, causando queda na previsão da safra de 2014 e dos anos posteriores, o que ocasionou a elevação do preço da commodity no mercado internacional.
Fairtrade
Após o surgimento do movimento Fairtrade, muitos produtores encontraram neste segmento uma oportunidade de aumentar sua renda através do recebimento de prêmios pela certificação. Uma parcela de consumidores nos países desenvolvidos não se importa em pagar a mais por um café produzido de maneira socialmente sustentável. Porém, um problema que prejudica o Fairtrade é a inexistência de critérios de qualidade mínima. Trata-se de uma certificação que não é voltada para atributos de experiência. Tendo esta situação em vista, umanova medida que está sendo tomada é a aliança entre indústrias e produtores a fim de, além da questão social, garantir a qualidade do café Fairtrade. Neste âmbito, a empresa Union Hand-Roasted Coffee trabalha, através do fornecimento de consultorias e apoio financeiro, com produtores de quatro cooperativas de Ruanda, para aumentar a qualidade dos cafés que posteriormente serão vendidos a ela com prêmios ainda mais elevados que os produtos Fairtrade “tradicionais”.
América Central - Guatemala
Aproveitando o bom reconhecimento de seu café como um produto de boa qualidade, as instituições de café da Guatemala vêm adotando estratégias de marketing e comércio para conseguir ágios cada vez maiores e aumentar a competitividade do país no mercado. Como exemplo, tem a criação da marca “Guatemalan Coffees”.
Na Guatemala, pequenos produtores de café estão recebendo incentivo do governo e de fundações para diversificarem suas propriedades a fim de aumentar sua renda e garantir melhor qualidade de vida para as famílias. Neste contexto, a Root Capital’s desenvolveu um programa de apoio para que famílias cafeicultoras possam diversificar suas propriedades e aumentar a renda através da apicultura. Para isto, está fornecendo informações e assistência técnica na nova atividade, além de empréstimos para a compra de materiais e equipamentos, que deverão ser pagos através da renda incremental associada ao novo empreendimento.
Honduras
A Secretaria de Agricultura e Pecuária de Honduras anunciou que investirá aproximadamente 18 milhões de dólares para o desenvolvimento e a ampliação do segmento de cafés especiais do país. O projeto visa ampliar o reconhecimento da qualidade do produto no mercado internacional e os investimentos serão voltados para assistência técnica em produção com qualidade, aquisição de equipamentos pós-colheita, processamento de dejetos, produção e processamento de fertilizantes foliares orgânicos, construção de estruturas para funcionários, dentre outros.
América do Sul - Colômbia
A recuperação do preço do café no mercado global, aliada à recuperação da produção colombiana, resultado da renovação dos cafezais, serão fatores importantes no fortalecimento da cafeicultura e da economia do país. A valorização do café não poderia vir em melhor hora para a Colômbia, que vem aumentando significativamente sua produção e, inclusive, recuperou o posto de terceiro maior produtor mundial com 10,7 milhões de sacas na safra de 2013 e com previsão de 11,3 milhões de sacas na safra 2014. Além disto, outro fator que beneficiará a cafeicultura colombiana é a queda na produção devido ao surto de ferrugem na América Central e no Peru, concorrentes do país no mercado de cafés especiais. Confirmando as expectativas de continuação do aumento na produção colombiana de café para os próximos anos, devido às lavouras renovadas, a Federação de Café da Colômbia publicou um relatório mostrando que a produção do país no primeiro trimestre de 2014 foi 28% maior que o mesmo período em 2013. Considerados os últimos doze meses, o aumento na produção foi de 40% em relação ao mesmo período entre 2012 e 2013. Apesar desses dados, os produtores colombianos continuam insatisfeitos com a atividade. Segundo eles, o preço interno que recebem por seu produto é bem inferior ao ideal, considerando sua qualidade e o alto custo de produção.
Apesar do aumento da produção do país e da elevação do preço do café no mercado global, o governo colombiano não está tão tranquilo com a cafeicultura. Isto porque os produtores vêm fazendo vários protestos reivindicando que sejam cumpridos os acordos feitos em 2013 e que haja maior apoio financeiro para que eles possam honrar suas dívidas e desenvolver a atividade.
Objetivando escoar sua produção para novos mercados não tradicionais no consumo do produto, a Colômbia lançou sua marca “Juan Valdez” na Malásia através de uma parceria com a empresa My Coffee Asia que será responsável pela marca em todo o sudeste asiático. As primeiras lojas foram inauguradas em Jalan Ampang e Jalan Tun Razak e serão expandidas para as cidades mais importantes do país.
Com a predominância de pequenas propriedades, relevo montanhoso e processo produtivo rústico, o que inviabiliza a mecanização e muitas vezes eleva os custos de produção, o Peru tem se voltado cada vez mais para o mercado de grãos especiais. Neste segmento, o país segue uma tendência mundial, aliando a certificação Fairtrade com a boa qualidade da bebida, através da qual tem conseguido excelentes prêmios por seu produto no mercado internacional.
Os melhores preços recebidos pelos produtores peruanos aliados ao aumento do volume produzido, resultado de programas de recuperação contra a ferrugem, resultarão em uma elevação de mais de 10% nas exportações de café do país em relação a 2013. Segundo a ministra de Comércio Exterior e Turismo, Magali Silva, as exportações em 2013 foram de aproximadamente 700 milhões de dólares devido principalmente aos danos causados pela ferrugem e aos baixos preços, representando grande queda em relação ao valor aproximado de 1 bilhão de dólares atingido em 2012. Já em 2014 acredita-se que iniciará uma recuperação ultrapassando 800 milhões de dólares.
África - Uganda
Considerando o potencial de Uganda na produção cafeeira, as associações de produtores de café, em colaboração com a UCDA (Autoridade de Desenvolvimento do Café de Uganda), estão buscando a elaboração de uma nova estratégia para aumentar a quantidade, visando passar das 3,5 milhões de sacas, e melhorar a qualidade do café no país.
Henry Ngabirano, diretor executivo da UCDA, disse que a estratégia é gerar mais competitividade ao café de Uganda no mercado global. Porém, para isso, os cafeicultores, que são em sua grande maioria pequenos produtores, devem se unir no fortalecimento das associações para conseguirem melhores condições de compra de insumos e venda do produto, acesso à assistência técnica e equipamentos mais modernos, etc.
Para ver o relatório na íntegra clique aqui.
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