segunda-feira, 9 de junho de 2014

Tráfico de drogas persistirá enquanto houver possibilidade de lucro, afirma relatório



Marcela Belchior
Adital
taringa.net
Em 15 anos, ainda haverá no continente americano demanda relevante de substâncias psicoativas, incluindo álcool e medicamentos produzidos ilegalmente; uma pequena percentagem de usuários de drogas terá dependência química e alguns morrerão, outros vão desenvolver doenças ou infecções graves como Aids (Síndrome de Imunodeficiência Adquirida) e Hepatite C. O prognóstico é da Organização dos Estados das Américas (OEA), que acaba de divulgar o relatório Cenários para o problema de drogas nas Américas 2013-2025).
Lançado em Bogotá, capital da Colômbia, no último mês de maio, o documento analisa as políticas implementadas na região até hoje e projeta o contexto do continente pelos próximos anos. Elaborado por uma equipe de especialistas que trabalharam em dados por um ano, o relatório indica que nas Américas se encontram aproximadamente 45% do total de consumidores de cocaína no mundo, cerca de metade dos que consomem heroína e a quarta parte dos usuários de maconha.
Além disso, a OEA aponta que aumenta o uso de drogas à base de cocaína, de crack, de inalantes, drogas sintéticas e do uso indevido de fármacos ilegais. Esse consumo geraria no continente um negócio ilícito que movimenta em torno de 151 milhões de dólares somente nos mercados de venda no varejo.
O relatório projeta que as atividades ilegais deverão persistir enquanto existir a possibilidade de lucrar a partir delas, operando o narcotráfico em toda a América. Se o mercado ilegal de drogas aumentará ou diminuirá a violência urbana ou se a sociedade será capaz de desenvolver meios de prevenção e redução de danos relacionados ao consumo dessas substâncias, no entanto, ainda é difícil prever.
A OEA compreende que o consumo de drogas se converte em problema social na medida em que é parte de uma questão maior relacionada à insegurança, com instituições estatais enfraquecidas e incapazes de controlarem suas consequências, como o crime organizado, a violência e a corrupção. Para responder a esse contexto, a Organização aponta que se deve fortalecer o Estado, firmar alianças com os cidadãos e avançar na cooperação internacional.
O secretário Geral da OEA, José Miguel Insulza, explica que o impacto do consumo de drogas em suas várias dimensões afeta cada país de maneira diversa. Porém, destaca que é uma questão compartilhada por todos, que devem buscar ações conjuntas para a construção de políticas públicas de enfrentamento. "A relação entre as drogas e violência é um dos principais fatores de temor de nossos cidadãos”, enfatiza. "Essa situação deve ser enfrentada com maior realismo e maior eficácia se queremos avançar em soluções efetivas”.
O presidente da Colômbia, país com um dos mais graves e históricos problemas de narcotráfico da região americana, Juan Manuel Santos afirma que a intenção, no momento, é buscar bases para a construção de ações de combate. "Que fique claro que aqui ninguém está defendendo nenhuma postura, nem a legalização, nem a regulação, nem a guerra a qualquer preço. O que temos que fazer é usar estudos sérios e ponderados (...) para buscar melhores soluções. Não tenho dúvidas de que todos compartilhamos um destino comum”, enfatiza Santos.
Acesse o relatório na íntegra: migre.me/jFlLm

Marcela Belchior

Jornalista da ADITAL

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