"Agora, meus amigos, é o popular salve-se quem puder. Ou assumimos a nossa própria responsabilidade de cidadãos, e passamos a economizar para valer água e luz, onde ainda tem, ou vamos todos para o inferno, e não demora. Não escapa ninguém", diz o jornalista Ricardo Kotscho
25 DE JANEIRO DE 2015 ÀS 16:53
As chuvas não vieram, os governos sumiram, o ministro das Minas e Energia entregou para Deus, e a mídia, finalmente, de uma hora para outra, descobriu que estamos à beira de um colapso no abastecimento de água e energia nas maiores áreas metropolitanas do país.
Diante dessa situação, não adianta mais nada ficar discutindo de quem é a culpa, se Dilma e Alckmin esconderam a verdade ou mentiram para os eleitores durante a última campanha, se a responsabilidade é municipal, estadual ou federal.
Agora, meus amigos, é o popular salve-se quem puder. Ou assumimos a nossa própria responsabilidade de cidadãos, e passamos a economizar para valer água e luz, onde ainda tem, ou vamos todos para o inferno, e não demora. Não escapa ninguém.
Vamos reconhecer: pertencemos a uma sociedade habituada ao desperdício de água, luz e comida, ao desrespeito à natureza, a entregar tudo nas mãos dos governantes ou de entidades sobrenaturais, na certeza brejeira de que, no fim, sempre se dará um jeitinho, e nada nos faltará. A maioria nem sabe o que é cidadania, algo que não se ensina nem nas escolas, nem nas famílias. Ao contrário, a onda agora é ostentação, dane-se o resto.
Desse assunto posso falar com conhecimento de causa. Sou filho de uma família de imigrantes, que passaram sede e fome durante a Segunda Guerra Mundial na Europa, e me ensinaram desde pequeno a não desperdiçar nada porque amanhã pode faltar.
"Aqui ninguém é dono da Light", cansei de ouvir minha mãe reclamar ao mandar a gente apagar a luz acesa sem necessidade. Tudo era motivo para bronca: não ficar muito tempo no chuveiro, não deixar a torneira aberta na hora de escovar os dentes, não deixar comida no prato, não esquecer de desligar a televisão, não comprar coisas caras se tem igual mais barato, não querer dar uma de bacana.
Nos altos e baixos da minha família, nos tempos de fartura ou de dureza, fui acostumado a viver assim, e tem dado certo até aqui. Acho que isso vale tanto para as famílias como para os países que gastam mais do que ganham, vivem endividados e, de repente, como agora, se espantam ao constatar que a festa acabou.
Claro que tudo isso não livra a cara dos governantes de todas as latitudes responsáveis pelo planejamento e implantação das políticas públicas. É para isso que são eleitos e bem pagos por nós. Por mim, deveriam ser todos processados por crime de responsabilidade administrativa pela incúria e soberba com que trataram questões vitais para o bem-estar da população.
E vocês, caros leitores do Balaio, como estão fazendo para economizar água e luz? Não podemos mais esperar que a solução venha dos céus ou dos palácios.
Vida que segue.
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