Mudanças provocadas pela Política do Filho Único e o crescimento econômico desequilibrou relação familiar
Fernanda Morena
Fernanda Morena
A Casa de Bem-Estar Social N.1, a mais famosa instituição para o cuidado de idosos da capital chinesa, está com sua capacidade lotada. Há mais de dez mil pessoas na lista de espera por um dos 1,1 mil leitos disponíveis, o que faz com que a obtenção de uma vaga possa ultrapassar o tempo de vida dos candidatos.
Prática de tai-chi-chuan na Casa de Bem-Estar Social N1, em Pequim
“Muitas famílias decidiram colocar os avós em asilos por não terem tempo eles mesmos de cuidarem, em função do trabalho. Mas o que descobri nas minhas pesquisas é que a maior parte destas famílias sofreu muito ao tomar esta decisão, muitas vezes até a contragosto, e na maior parte do tempo para atender às súplicas dos pais”, explica a Opera Mundi, especialista em envelhecimento Heying Jenny Zhan, da Universidade da Geórgia.
A Casa de Bem-Estar Social é um estabelecimento público e fica localizada no coração do bairro Chaoyang, no centro de Pequim. Com instalações e serviços considerados excelentes, a casa consegue manter sua popularidade em alta mesmo com a tabela de preços pouco acessível para a maioria. Os leitos custam entre 650 yuans (227 reais) e 3,5 mil yuans (1.138 reais).
População mais velha
O sistema de previdência e seguridade social, ainda precário, não é capaz de dar o apoio necessário para um terço de sua população total formada por idosos. Analistas acreditam que o problema não é resultado do governo comunista e sim herança da cultura confucionista ainda do período imperial.
Conforme a cultura chinesa, os filhos devem aos pais o que é chamado de “piedade filial”. O conceito manda que os filhos homens cuidem de seus pais na velhice, sendo eles os responsáveis pelo amparo econômico e emocional dos idosos. As esposas eram responsáveis por cuidar da casa e do casal de sogros quando a velhice deles chegasse. Com o passar do tempo, esses valores passaram por uma “revisão”espontânea trazida pela nova conjectura social, mas ainda não desapareceram. E nem deverão desaparecer, segundo Heying.
“O maior motivo para as famílias enviarem os idosos para asilos não é a falta da piedade filial, mas sim a falta de tempo da vida moderna. Já foi comprovado que, para aquelas famílias que têm condições de manter os pais em casa e podem pagar uma enfermeira ou acompanhante durante as horas em que estão trabalhando, a opção pelo cuidado tradicional dos pais fica sempre em primeiro lugar”, aponta.
Diversos casos de abandono e descaso já foram também reportados na China, o que levou o país a criar, em dezembro do ano passado, uma lei que permite aos pais processarem filhos negligentes. E não é apenas a falta de apoio financeiro que dará o caso aos idosos; a falta de visitas dos filhos pode também ser motivo de um processo judicial.
Preparação e apoio aos idosos
Ainda que o sistema de previdência esteja mudando ao longo dos anos para incluir mais pessoas e atender melhor à terceira idade chinesa, questões como a poluição e os novos hábitos alimentares chineses (como o aumento do consumo de carne e doces) mudaram também o mapa da saúde na China.
Um programa criado em julho de 2011 colocou 33 hospitais da capital chinesa a operarem sob um fundo de segurança criado pelo Escritório Municipal de Recursos Humanos e Segurança Social de Pequim. No início do programa, o fundo cobria todos os serviços reembolsáveis por planos de saúde dos hospitais. Hoje, os hospitais são obrigados a cobrir os gastos caso eles ultrapassem o montante direcionado a eles anualmente.
Ainda não foram anunciadas medidas que envolvam projetos de planejamento urbano para absorver os 500 milhões de idosos que farão a composição da paisagem urbana da China nas próximas quatro décadas. Assim, o mercado de iniciativa privada e de serviços terceirizados, como o da Casa, floresce. “Não há um plano concreto para a mudança das cidades num país que está se tornando cada vez mais urbano. Mas há uma série de serviços criados especialmente para atender a demanda da população mais velha, como entrega de comida e centros de cuidado para idosos”, aponta Heying.
Diversos casos de abandono e descaso já foram também reportados na China, o que levou o país a criar, em dezembro do ano passado, uma lei que permite aos pais processarem filhos negligentes. E não é apenas a falta de apoio financeiro que dará o caso aos idosos; a falta de visitas dos filhos pode também ser motivo de um processo judicial.
Preparação e apoio aos idosos
Ainda que o sistema de previdência esteja mudando ao longo dos anos para incluir mais pessoas e atender melhor à terceira idade chinesa, questões como a poluição e os novos hábitos alimentares chineses (como o aumento do consumo de carne e doces) mudaram também o mapa da saúde na China.
Um programa criado em julho de 2011 colocou 33 hospitais da capital chinesa a operarem sob um fundo de segurança criado pelo Escritório Municipal de Recursos Humanos e Segurança Social de Pequim. No início do programa, o fundo cobria todos os serviços reembolsáveis por planos de saúde dos hospitais. Hoje, os hospitais são obrigados a cobrir os gastos caso eles ultrapassem o montante direcionado a eles anualmente.
Ainda não foram anunciadas medidas que envolvam projetos de planejamento urbano para absorver os 500 milhões de idosos que farão a composição da paisagem urbana da China nas próximas quatro décadas. Assim, o mercado de iniciativa privada e de serviços terceirizados, como o da Casa, floresce. “Não há um plano concreto para a mudança das cidades num país que está se tornando cada vez mais urbano. Mas há uma série de serviços criados especialmente para atender a demanda da população mais velha, como entrega de comida e centros de cuidado para idosos”, aponta Heying.
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