quarta-feira, 22 de maio de 2013

Nicarágua: colheita de café desmorona


As perspectivas para o ciclo cafeeiro de 2013-14 da Nicarágua são desanimadoras. Os produtores calculam que deixarão de produzir 690.000 sacas de 60 quilos do grão, em detrimento do emprego e dos rendimentos em todo o país.

A Associação de Cafeicultores de Matagalpa – segundo departamento onde se concentra a produção de café da Nicarágua – prevê que para o ciclo de 2013-14, por causa da ferrugem e outras doenças causadas por fungos, deixarão de ser colhidas cerca de 70.000 manzanas (49.308 hectares) de café, devido ao processo de renovação.

Isso significa que a área de produção de café do país se reduziria em 38,84%, pois no último Censo Nacional Agropecuário (Ceneagro 2011), mostrou-se que em toda a Nicarágua foram cultivadas 180.219,72 manzanas (126.946,77 hectares) de café.

O Plano Nacional de Produção 2012-13 do Governo estabelece que o rendimento médio em um bom ciclo de café é de 10,15 sacas por manzana (14,41 sacas por hectare). O ciclo, que iniciará em outubro de 2013 e terminará em setembro de 2014, deveria ser de alta produção devido à bi-anualidade do cultivo.

A presidente da Associação de Cafeicultores de Matagalpa (Asocafemat), Aura Lila Sevilla, calcula que a produção nacional de café será reduzida entre 40 e 50% no ciclo que se inicia nesse ano. A produção poderia cair entre 843 e 997 mil sacas de 60 quilos.

Segundo a Organização Internacional de Café (OIC), no ciclo de 2012-13 na Nicarágua a ferrugem reduziu a produção em 306.667 sacas de 60 quilos, de uma colheita que se esperava em 1,5 milhão de sacas.

O Governo diz que as perdas foram de 168.666 sacas no total, mas somente em Matagalpa, a Asocafemat registrou-se 153.333 sacas perdidas. A associação estima que, a nível nacional, a produção caiu entre 306 e 383 mil sacas, dado próximo ao da OIC. Segundo Sevilla, como não se vendeu todo o café da colheita anterior, “nesse ciclo se pode somar e compensar”.

No entanto, para o presidente da Associação de Exportadores de Café da Nicarágua (Excan), José Angel Buitrago, a diminuição da produção será de 25 a 30%, ou seja, a produção baixaria para cerca de 1,07 milhão de sacas.

Isso, explica ele, porque dessas 70.000 manzanas, somente entre 35 e 40 mil manzanas deixarão de produzir completamente, enquanto que as demais teriam uma produção inferior, “como a metade”. Porém, ele adverte que todo o material verde vegetativo que já está infestado com a ferrugem “com os calores que estão ocorrendo e as chuvas que virão” apresentarão um caldo de cultivo para que a praga volte a se reproduzir com força.

Segundo a OIC, durante a colheita de 2012-13, com a perda de pouco mais de 306 mil sacas de café, foram perdidos 32.000 empregos. Prevê-se que com o dobro das perdas na colheita de 2013-14 o efeito na mão de obra será catastrófico, afetando principalmente as regiões de Jinotega e Matagalpa, onde são produzidos 59,86% do café, segundo dados oficiais.

Foi informado extraoficialmente que o chamado Programa de Renovação, Fortalecimento e Transformação da Cafeicultura na Nicarágua está terminando de afinar e será apresentado durante o ato oficial do início do ciclo agrícola 2013-2014, que será realizado nos próximos dias.

Na América Central, a Nicarágua é o único país que ainda não deu resposta aos produtores para enfrentar a ferrugem.

A reportagem é do Laprensa.com.ni, traduzida e adaptada pelo CaféPoint.

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