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Após observar o modo de brincar de três gerações, João Fortunato escreveu o livro "Linha de Pipa - Histórias Infantis de um Tempo Sem Internet" para mostrar aos pequenos de hoje como era a infância há algumas décadas.
RAFAEL BALAGO
RAFAEL BALAGO
Hoje, Fortunato se esforça para que a filha Maria Luísa, 9, passe mais tempo com a família e com os amigos.
O jornalista João Fortunato, próximo a seu escritório no bairro do Paraíso
O que a rua tinha de tão especial? Do que você brincava na infância?
João Fortunato - A gente se divertia com o que tinha, pois os brinquedos eram raros e caros. Pião, bolinha de gude, futebol, taco. No verão, eu jogava queimada até de noite na rua.
João Fortunato -
Quando começou a mudança?
Tenho dois filhos que, nos anos 1980, já brincavam com videogames, como o Atari. Foi o início do isolamento, que cresceu com a tecnologia. A criança hoje joga pela internet com adversários na China ou nos EUA, dividindo aventuras sem contato pessoal. Continua sozinha.
Tenho dois filhos que, nos anos 1980, já brincavam com videogames, como o Atari. Foi o início do isolamento, que cresceu com a tecnologia. A criança hoje joga pela internet com adversários na China ou nos EUA, dividindo aventuras sem contato pessoal. Continua sozinha.
E os celulares?
Minha filha, que não tem um, não pode ver o meu que quer pegar e jogar. Mas imponho limites. Não sou contra a tecnologia, mas a favor dos baratos de antigamente: a convivência e a amizade.
Minha filha, que não tem um, não pode ver o meu que quer pegar e jogar. Mas imponho limites. Não sou contra a tecnologia, mas a favor dos baratos de antigamente: a convivência e a amizade.
Na periferia, brincar na rua ainda é comum. Você prevê mudanças?
À medida que mais crianças acessem a tecnologia, a tendência é que passem mais tempo no computador e nos celulares e abram mão de outras atividades.
À medida que mais crianças acessem a tecnologia, a tendência é que passem mais tempo no computador e nos celulares e abram mão de outras atividades.
Qual o papel dos pais no processo?
Não há mais vias tranquilas, exceto as que têm cancela. A insegurança faz com que muitos pais retenham a criança em casa e as encham de atividades, como balé e futebol. Elas vão à escola em horário comercial e, de segunda a sexta, interagem com coleguinhas no recreio. No fim de semana, porém, acabam isoladas.
Não há mais vias tranquilas, exceto as que têm cancela. A insegurança faz com que muitos pais retenham a criança em casa e as encham de atividades, como balé e futebol. Elas vão à escola em horário comercial e, de segunda a sexta, interagem com coleguinhas no recreio. No fim de semana, porém, acabam isoladas.
Como usar bem a tecnologia?
A Maria Luísa pediu um videogame portátil, mas não ganhou, pois favorece o isolamento. Temos só uma televisão, na sala. A mãe gosta de novela, o pai de futebol e a filha de desenho; isso cria ilhas em casa. Que tal vermos TV juntos para brincar, conversar e conviver? Sua filha pequena logo terá 20 anos. É importante criar histórias juntos.
A Maria Luísa pediu um videogame portátil, mas não ganhou, pois favorece o isolamento. Temos só uma televisão, na sala. A mãe gosta de novela, o pai de futebol e a filha de desenho; isso cria ilhas em casa. Que tal vermos TV juntos para brincar, conversar e conviver? Sua filha pequena logo terá 20 anos. É importante criar histórias juntos.
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