Os tumultos de Estocolmo refletem o fracasso do governo conservador.
Aftonbladet.
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O atirar de pedras e o incêndio de viaturas em Husby (nos subúrbios a norte de Estocolmo) é o espelho do fiasco de uma política. Foi preciso muito tempo para chegar a este ponto. Vai ser preciso ainda mais para repor a situação.
Existe uma ligação entre os tumultos do bairro de Husby e outros subúrbios pobres de Estocolmo e a acentuação das desigualdades nos últimos anos, sob o governo conservador de Fredrick Reinfeldt.
Husby é o símbolo das mudanças da Suécia levadas a cabo pela política governamental. O aumento da desigualdade e de injustiças acaba por criar conflitos. Não é novidade.
O pior é que o primeiro-ministro não apresentou nenhuma política que ajudaria a reduzir o fosso entre os rendimentos.
Husky é igual a muitos outros subúrbios problemáticos de Estocolmo. Em comum têm uma grande população de imigrantes, um número elevado de beneficiários da segurança social, muitos jovens com problemas escolares e uma taxa de desemprego elevada.
Segundo os números da agência sueca para o emprego, 20% dos jovens de Husby não desenvolveram qualquer tipo de atividade em 2010. Um em cada cinco jovens entre os 16 e os 19 anos não trabalha nem estuda. Na verdade, não fazem nada.
Mas a natureza humana inventa ocupações, e estes jovens – rapazes na sua maioria – encontraram novos afazeres. Por exemplo, empoleirar-se nas pontes e atirar pedras aos carros da polícia ou incendiar os carros dos vizinhos.
É verdade que eles não afirmam que é melhor gerar caos e partir coisas do que não fazer nada, mas é o que fazem, e esse é o problema.
Dos quatro jovens indiciados até agora na sequência dos motins de Husby, o mais velho tinha 18 anos. Todos, exceto um, já tinham sido condenados. Mesmo o mais jovem com 15 anos já pode ser penalmente responsabilizado pelos seus atos (a idade de responsabilidade penal na Suécia foi fixada nos 15 anos).
Não é preciso fazer nada para perceber que estamos frente a um fiasco político retumbante. O problema tem origem nos guetos. Dos doze mil habitantes de Husby mais de 60% nasceram no estrangeiro.
Se contabilizarmos os que nasceram na Suécia mas cujos pais nasceram no estrangeiro este número sobe até aos 85%.
O problema também está na escola. O primeiro-ministro Reinfeldt anunciou, dias atrás, a atribuição de novos recursos para a educação.
É uma boa notícia, mas que peca pela demora. Quando um em cada cinco estudantes do ensino secundário não vai à escola é porque o sistema de ensino local falhou.
O problema também está no emprego. O emprego que é o primeiro vetor da integração. É aí que se aperfeiçoa a utilização da língua, que se constroem redes de contatos e se ganha dinheiro.
Os subúrbios que acolhem muitos imigrantes exigem uma atenção colossal que os decisores políticos não lhes dão. Este problema de gestão não é de hoje e infelizmente tem sido ignorado.
Há bem pouco tempo nem se podia dizer que uma zona que alberga nada menos de 114 nacionalidades precisa de mais recursos e atenção do que outras que acolhem significativamente menos.
Em vez disso, os subúrbios com alta densidade de imigrantes foram apresentados como destinos exóticos onde se podia comprar legumes a bom preço.
O problema não vai ser resolvido da noite para o dia. Vai ser preciso injetar recursos consideráveis na educação, logo desde o jardim-de-infância.
Quando se começa a derrapar logo na adolescência, como é o caso dos jovens que foram indiciados, as probabilidades de regressar ao caminho certo são escassas.
Quando existem pais que estão desempregados parece muito natural não trabalhar. Quando ir à escola nos faz sentir enjeitados é fácil desistir de estudar. É aí que reside o mal – ou melhor dizendo, o pior de todos os males.
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