domingo, 19 de maio de 2013

Ponte sobre o Atlântico: os novos ventos do Sul


Há cerca de 150 anos, o poeta baiano Castro Alves (1847-1871) expressava assim o ressentimento africano com o Brasil Império. Naquele momento, as relações entre os dois lados do Atlântico esfriavam, logo após o fim do tráfico de escravos, em 1850. Num mundo marcado pelo domínio imperial britânico, as relações dos dois mundos tinha como foco a América do Norte e a Europa.Na última década, Brasil e África estreitaram suas relações, passando para um novo patamar de cooperação internacional. Apesar da crise econômica mundial, a troca de conhecimentos e investimentos movimenta intensamente os dois lados do Atlântico

Maíra Kubik Mano

A retomada formal da proximidade viria apenas no final dos anos 1950, com novos Estados africanos conquistando independência política, num ciclo de descolonizações surgido após a II Guerra Mundial. Após a soberania das ex-colônias portuguesas – especialmente Angola e Moçambique – nos anos 1970, um fluxo relativamente intenso de bens e capitais voltaria a cruzar o oceano até tornar-se, no século XXI, uma das prioridades brasileiras.

“O comércio tem se fortalecido cada vez mais. Se pegarmos a África como um conjunto, ela se torna o quarto maior importador dos produtosbrasileiros”, ressalta Guilherme Schmitz, técnico de planejamento e pesquisa doIpea.

Porém, aponta o entrevistado, apesar da intensidade crescente há ainda pouco registro sobre toda essa movimentação. “Não costuma ser um tema em voga”, comenta. Para suprir um pouco essa lacuna o Ipea, em parceria com o Banco Mundial, lançou, no final de 2011, o livro Ponte sobre o Atlântico – Brasil e África Subsaariana, parceria Sul-Sul para o crescimento. O objetivo foi realizar um estudo do envolvimento do Brasil com a África Subsaariana na última década, com foco no intercâmbio de conhecimentos, comércio e investimentos, para entender melhor essas relações.

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