por Coocaram
A cultura do café é parte da história da região central de Rondônia desde sua acentuada colonização durante as décadas de 1960 e 1970. No início, a espécie cultivada era a arábica (Coffea Arabica) sendo posteriormente substituída pela espécie Robusta (Coffea Conephora), em função de sua melhor adaptação. Este pequeno texto não tem a pretensão de ser científico quanto ao sombreamento do café, mas procura relatar as experiências empíricas dos agricultores e agricultoras sob o prisma da agricultura familiar e agroecologia.
A cafeicultura ainda hoje, mesmo com a ausência de pesquisas e investimentos públicos em assessoria técnica, representa a principal atividade econômica de muitos agricultores e agricultoras familiares do estado de Rondônia. É importante enfatizar que, em Rondônia, a cafeicultura é uma atividade quase que estritamente de cunho familiar e que foi propulsora do desenvolvimento de várias cidades do estado.
Na última década, foi muito questionada a possibilidade de manter essa atividade como forma de renda para a agricultura familiar, em função das condições climáticas/pluviométricas que fazem com que a produção e produtividade sejam cada vez menores, considerando o modelo predominante de cultivo do café como monocultura.
Paradoxalmente, a experiência de produção do modelo agroecológico da cafeicultura sombreada tem encontrado muito êxito. Esse modelo vem sendo desenvolvido e aplicado há mais de 20 anos por agricultores e agricultoras familiares ligados ao Projeto Padre Ezequiel (PPE) da diocese de Ji-Paraná/RO e à COOCARAM. Seu mérito é que, mesmo com a menor incidência de chuva no período de floração do café, o sombreamento consegue uma produção superior à do modelo da monocultura, já que mantém a umidade retida no solo por mais tempo, enquanto a planta está mais forte devido à menor intensidade do sol.
Em alguns municípios de Rondônia, por anos consecutivos, não se conseguiu produzir café em razão do grande déficit hídrico no período de floração. Diante dessa situação, o pensamento dominante do monocultivo incentivava a irrigação das lavouras. Essa seria uma alternativa possível, porém os rios nas regiões cafeeiras do estado estão altamente degradados e os sistemas de irrigação propostos seriam grandes consumidores de água e energia.
Como alternativa a essa situação, os resultados alcançados com o sombreamento dos cafezais são imensos. O sombreamento deve ser parcial, para não prejudicar o desenvolvimento arbóreo da planta cafeeira. O modelo agroecológico sombreado também apresenta um baixíssimo índice de broca do café (Hypothenemus hampei); uma melhor condição estrutural física, química e biológica do solo; maior capacidade de absorção de água; pouquíssimos problemas com ataques de insetos (pois cria um melhor equilíbrio do sistema); e, especialmente, permite que o agricultor ou agricultora trabalhe na sombra.
A COOCARAM entende que esse é o modelo a ser seguido por seus cooperados e cooperadas. Atualmente 30% deles já adotam o sombreamento. As principais experiências estão localizadas nos municípios de São Miguel do Guaporé, Ministro Andreazza, Ouro Preto d’Oeste, Vale do Paraíso, Mirante da Serra e Alto Paraíso.
Entre as espécies arbóreas que mais favorecem a cultura do café estão o ingá (Inga edulis), a embaúba (Cecropia pachystachya) e outras espécies até então entendidas como leguminosas pertencentes à família das Fabáceas, Mimosáceas e Caesalpináceas. É possível também optar por espécies frutíferas que tenham valor comercial ou não, garantindo que o sistema seja o mais diversificado possível. Cada agricultor poderá desenvolver seu próprio sistema pelo princípio da observação.
Por fim, é importante destacar que o modelo agroecológico da cafeicultura sombreada é aceito como meio de recomposição florestal, dentro da necessidade de superar o passivo ambiental que existe em muitas propriedades rurais do estado de Rondônia.
Fonte: http://www.coocaram.com.br/cafes-sombreados-na-amazonia/
Paradoxalmente, a experiência de produção do modelo agroecológico da cafeicultura sombreada tem encontrado muito êxito. Esse modelo vem sendo desenvolvido e aplicado há mais de 20 anos por agricultores e agricultoras familiares ligados ao Projeto Padre Ezequiel (PPE) da diocese de Ji-Paraná/RO e à COOCARAM. Seu mérito é que, mesmo com a menor incidência de chuva no período de floração do café, o sombreamento consegue uma produção superior à do modelo da monocultura, já que mantém a umidade retida no solo por mais tempo, enquanto a planta está mais forte devido à menor intensidade do sol.
Em alguns municípios de Rondônia, por anos consecutivos, não se conseguiu produzir café em razão do grande déficit hídrico no período de floração. Diante dessa situação, o pensamento dominante do monocultivo incentivava a irrigação das lavouras. Essa seria uma alternativa possível, porém os rios nas regiões cafeeiras do estado estão altamente degradados e os sistemas de irrigação propostos seriam grandes consumidores de água e energia.
Como alternativa a essa situação, os resultados alcançados com o sombreamento dos cafezais são imensos. O sombreamento deve ser parcial, para não prejudicar o desenvolvimento arbóreo da planta cafeeira. O modelo agroecológico sombreado também apresenta um baixíssimo índice de broca do café (Hypothenemus hampei); uma melhor condição estrutural física, química e biológica do solo; maior capacidade de absorção de água; pouquíssimos problemas com ataques de insetos (pois cria um melhor equilíbrio do sistema); e, especialmente, permite que o agricultor ou agricultora trabalhe na sombra.
Entre as espécies arbóreas que mais favorecem a cultura do café estão o ingá (Inga edulis), a embaúba (Cecropia pachystachya) e outras espécies até então entendidas como leguminosas pertencentes à família das Fabáceas, Mimosáceas e Caesalpináceas. É possível também optar por espécies frutíferas que tenham valor comercial ou não, garantindo que o sistema seja o mais diversificado possível. Cada agricultor poderá desenvolver seu próprio sistema pelo princípio da observação.
Por fim, é importante destacar que o modelo agroecológico da cafeicultura sombreada é aceito como meio de recomposição florestal, dentro da necessidade de superar o passivo ambiental que existe em muitas propriedades rurais do estado de Rondônia.
Fonte: http://www.coocaram.com.br/cafes-sombreados-na-amazonia/
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