sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Estancada, produção de leite da Argentina cairá pelo segundo ano consecutivo


postado há 1 dia atrás

Quando terminar 2014, a produção de leite da Argentina cairá pelo segundo ano consecutivo sem reverter uma situação que, na realidade, já soma três anos de estancamento.

Segundo estimativas do Centro da Indústria Leiteira (CIL), que agrupa as principais empresas do setor, a produção de 2014 ficará, com 11,072 bilhões de litros, 1% abaixo da registrada em 2013, quando foi de 11,184 bilhões de litros. São 112 milhões de litros a menos. Em número, não parece significativo em volume total, mas às indústrias preocupa a tendência de baixa.

Isso porque em 2013, a produção também tinha caído. No ano passado, a contração com relação a 2012 foi de 1,1%. Em 2012, o volume teve um crescimento pequeno, de 1,2%, que para os empresários, exibiu na verdade um sinal de estancamento.

“Estamos em um cenário claro de estancamento. Não há crescimento. O último ano de crescimento importante foi 2011, com um leve crescimento em 2012 depois”, disse o presidente da CIL, Miguel Paulón.

Nas estatísticas, 2011 foi justamente um ano com um aumento relevante da produção. Houve uma expansão de 8,7% com um volume de alcançou os 11,206 bilhões de litros. Em 2012, veio um aumento que levou a produção a 11,339 bilhões de litros.

Os fortes excessos de chuvas e as inundações que se registraram esse ano, o aumento dos custos para produzir e uma situação financeira delicada por parte dos produtores jogaram contra o crescimento do setor. Aos produtores, mais que beneficiá-los, a desvalorização de janeiro passado os prejudicou, devido ao fato de que seus insumos estão dolarizados enquanto recebem receitas em pesos com longos períodos de coleta. “Estaremos esse ano 1 ou 2% abaixo de 2013. Pelo menos, é o terceiro ano de estancamento”.

A indústria leiteira argentina está preocupada, porque tem uma capacidade instalada para processar mais leite do que hoje está sendo produzido no país. “Poderíamos estar processando 13 bilhões de litros de leite. O panorama é de preocupação, porque a capacidade instalada é maior e os custos fixos são importantes, tendo que pagar créditos que foram usados para investir”.

As empresas também citam o fato de que na primeira metade do ano, quando os preços internacionais estavam em torno de US$ 5.000 a tonelada de leite em pó, aqui, pelos controles do Governo, essa situação não pode ser aproveitada em toda sua magnitude. De fato, em fevereiro passado, o Governo freou as exportações e depois prometeu deixar vender volumes similares aos de 2013. “Nesse ano, que poderíamos ter aproveitado picos de preços na primeira parte do ano, houve uma possibilidade delimitada para exportações”.

Aos produtores o ano também não foi simples. Em maio, a Secretaria de Comércio, conduzida por Augusto Costa, ordenou às empresas não pagar mais de 3 pesos (0,3504 US$) o litro, medida que fez com que ficassem em situação bem ruim. No mês passado, a média para os produtores de leite foi de 3,153 pesos (US$ 0,3683) o litro, um valor melhor com relação ao topo imposto por Costa, mas que não consegue amortizar o aumento dos custos da produção.

“Na Argentina, é o segundo ano que baixa [a produção]. É algo esperável devido, fundamentalmente, à repetição de fenômenos climáticos extremos”, disse o consultor, José Quintana. “Esse ano, apesar das boas relações de preços com os grãos, que fazem com que a produção cresça em todo o mundo, o clima impediu o crescimento”.

A produção leiteira argentina está desacoplada do que se passa com a mesma atividade na região. Entre 2006 e 2013, o Brasil teve aumento de 28,3% e o Uruguai de 35,6%. Na Argentina, a melhora acumulada foi de somente 10%.

A reportagem é do La Nación.

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