Adital
De que maneira a mídia constrói e representa a juventude latino-americana? Que espaço de expressão os jovens encontram nos meios de comunicação e como isso interfere na sua educação? Essas e outras questões foram debatidas no seminário virtual "Educação e juventude – incidindo por uma perspectiva de direitos na opinião pública”, realizado e transmitido para diferentes países latino-americanos e caribenhos no último dia 08 de dezembro, em tempo real, pela Internet, com a participação da Adital.
O seminário debateu como os meios de comunicação retratam os jovens da América Latina e Caribe e as questões sobre a educação secundária. O objetivo foi discutir as múltiplas relações entre mídia e juventude. Participaram representantes dos movimentos sociais do Brasil, Colômbia, Argentina, Equador e Paraguai.
Seminário discute modos de representação e expressão da juventude nos meios. Foto: Reprodução. |
O debate é uma iniciativa da Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (Clade) em parceria com a Associação Latino-Americana de Educação Radiofônica (ALER). Nos últimos anos, a Clade vem conduzindo uma série de ações sobre juventude latino-americana e educação secundária com o objetivo de refletir sobre temas como acesso, gratuidade e sentido político-pedagógico desse nível de ensino.
A comunicadora argentina Florencia Pérez Lalli, integrante da organização não governamental Grupo de Estudos Sobre Educação em Cárceres (Gesec), de Mar del Plata, Argentina, enfatizou que a maior parte da presença da juventude nos meios de comunicação comerciais está vinculada a casos policiais. "E mencionam esses jovens como 'menores', um conceito vinculado ao depreciativo”, afirma. "É algo simbólico, mas temos de levar em conta”, complementou.
Segundo Florencia, a mídia hegemônica não se preocupa em discutir quem são esses jovens, qual é sua trajetória ou o que pensam. Além disso, a comunicadora alertou para a importância da educação nas prisões, um direito universal para todas as pessoas. "A educação permite construir um projeto de vida, o desenvolvimento da autonomia da pessoa, a circulação da palavra, a aprendizagem para a organização coletiva”, pontuou.
Já Andrea Sañudo, membro do grupo Comunicarte, que promove o desenvolvimento comunitário por meio da comunicação na Colômbia, destacou que os meios de comunicação privados tendem a estimular a construção de estereótipos, representando os jovens não como sujeitos, mas como objetos. "E objetos de normas”, ressaltou. Para ela, tal representação é diferente do que podemos ver e escutar nas ruas do país.
Para enfrentar essa realidade, Andrea apontou que várias iniciativas comunitárias e populares têm alcançado transformações, como na cidade colombiana de Medellín (Departamento de Antióquia). "Nesses lugares, onde tem havido questões de violência bastante complexos, a comunicação pode ajudar no resgate da memória”, explica. "Mas a possibilidade de fazer comunicação comunitária é muito difícil, pelos custos e pelas leis. É necessário uma construção em nível normativo que nos permita participar um pouquinho mais”, propôs Andrea.
Editor da Adital, o jornalista Benedito Teixeira ressaltou a importância da comunicação contra-hegemônica na participação política e social da juventude. "A construção do sujeito juvenil passa pela conscientização da importância dos jovens na participação política, econômica, cultural e social de seus países”, destacou. "Acreditamos que na juventude como sujeitos de sua própria história”, complementou.
Assista ao seminário completo:
Conheça mais sobre a Campanha latino-americana pelo direito à educação aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário