Wikileaks: Parpública na mira do Goldman Sachs e “CIA privada”
O fundo criado pela Stratfor e o Goldman Sachs viu em um memorando da troika a hora certa para comprar títulos da Parpública, empresa criada para gerir empresas em processo de privatização em Portugal. A holding detém participações do Estado nas empresas a privatizar sob orientação de Antônio Borges, que já fora o escolhido pela Goldman Sachs para prestar serviços de consultoria à Parpública em 2004, em processos de privatização.
Esquerda.Net
Em fevereiro, o Wikileaks revelou ao mundo o convite que o Goldman Sachs dirigiu à empresa de espionagem Stratfor: a parceria num Hedge Fund chamado Stratcap. De acordo com um email de agosto de 2011, escrito por George Friedman, o CEO desta “CIA privada”, a oferta partiu do director do Goldman Sachs, Shea Morenz – “ele propôs uma nova aventura, Stratcap, que nos permitirá utilizar o conhecimento que produzimos sobre o mundo num espaço novo mas com conexões – um fundo de investimento. Onde previamente aconselhamos outros Hedge Funds, teremos agora o nosso próprio, inteiramente fundado pelo Shea (…) nos já estamos a trabalhar em simulações de investimento e transacções”. Outros emails mostram que, durante 2011, foi montada uma complexa estrutura financeira com recurso a offshores de forma a lançar a Stratcap sob uma capa de aparente legalidade.
O portal Esquerda.net teve acesso a estes emails revelados pelo Wikileaks que indicam que a Parpública – empresa que gere as participações do Estado português em grupos como a GALP, REN, Águas de Portugal, TAP e ANA – estava na mira deste fundo de investimento. Num email de setembro de 2011 um alto responsável da Stratfor, Alfredo Viegas, chama a atenção para o plano de privatizações anunciado pelo governo português e pela troika – “(…) isto abre algumas oportunidades de negócio muito interessantes no que toca a empresas paraestatais portuguesas e possivelmente em outros PIIGS (…) Para mim o ativo mais interessante são os 5,25% de obrigações da Parpública. O que torna estes títulos muito interessantes é que são convertíveis para a GALP – aquela empresa de combustíveis (…).”
A Stratfor não perdeu tempo. Num documento enviado ao CEO, George Friedman, intitulado “STRATCAP Portfolio - summary” é possível verificar a inclusão de um quadro que faz referência aos títulos da Parpública. E já em 10 de novembro, Alfredo Viegas exulta com as declarações de Pedro Passos Coelho, que nesse dia anunciou o plano de cortar a despesa pública em 43% até 2014 – “(…) é muito agressivo. Se eles fizerem isso, Portugal é uma grande compra… encurtando o nosso caminho para os títulos da Parpública.”
Antônio Borges e a privatização da Parpública
A Parpública foi criada em 2000 pelo Governo de Antônio Guterres com o objetivo de ser o instrumento do Estado para assegurar a gestão de empresas em processo de privatização. Esta posição concedeu uma importância central a esta holding pública que viu os seus lucros subirem a pique na última década, fruto das privatizações levadas a cabo por todos os governos. Com a vinda da troika e o plano do PSD e CDS para privatizar as últimas jóias da coroa – TAP, ANA, CP Carga, CTT e Caixa Seguros, Água de Portugal e RTP – a própria Parpública tem os seus dias contados, pois o Estado deixará de ter participações nessas empresas. Na segunda versão do memorando de entendimento foi avançada a possibilidade de dissolução da Parpública ou a sua integração na administração pública, “uma vez que as suas fontes de receitas serão afetadas pela privatização”.
A verdade é que até à decisão final é pela Parpública que passará o processo de privatizações, e é no âmbito da Parpública que opera Antônio Borges, assessor indicado por Passos Coelho para liderar o processo. Mas esta não foi a primeira vez que Antônio Borges lidou com a Parpública. Entre Fevereiro de 2004 e Abril de 2005 o Goldman Sachs prestou consultadoria financeira à Parpública no âmbito dos processos de privatização da GALP e EDP, recebendo por esse tempo 2,3 milhões de dólares do Estado português. Nesse tempo, o representante do Goldman Sachs perante o Estado foi Antônio Borges, que agora fala em nome do Estado a defender as privatizações, incluindo o modelo ruinoso de concessão da RTP apresentado na entrevista à TVI na semana passada.
A ligação de Borges ao Goldman Sachs tem levado ao questionamento da sua imparcialidade na condução do processo de privatizações. Marc Roche, autor do livro «O Banco: Como Goldman Sachs dirige o Mundo», quando questionado sobre a escolha de Borges pelo Governo de Passos Coelho, alertou – “O problema é que o senhor Borges não disse o que fez no Goldman Sachs. Pode haver um conflito de interesses. É preciso total transparência (…) O senhor Borges tem de decidir se o Goldman Sachs tem ou não um papel nas privatizações».
O portal Esquerda.net teve acesso a estes emails revelados pelo Wikileaks que indicam que a Parpública – empresa que gere as participações do Estado português em grupos como a GALP, REN, Águas de Portugal, TAP e ANA – estava na mira deste fundo de investimento. Num email de setembro de 2011 um alto responsável da Stratfor, Alfredo Viegas, chama a atenção para o plano de privatizações anunciado pelo governo português e pela troika – “(…) isto abre algumas oportunidades de negócio muito interessantes no que toca a empresas paraestatais portuguesas e possivelmente em outros PIIGS (…) Para mim o ativo mais interessante são os 5,25% de obrigações da Parpública. O que torna estes títulos muito interessantes é que são convertíveis para a GALP – aquela empresa de combustíveis (…).”
A Stratfor não perdeu tempo. Num documento enviado ao CEO, George Friedman, intitulado “STRATCAP Portfolio - summary” é possível verificar a inclusão de um quadro que faz referência aos títulos da Parpública. E já em 10 de novembro, Alfredo Viegas exulta com as declarações de Pedro Passos Coelho, que nesse dia anunciou o plano de cortar a despesa pública em 43% até 2014 – “(…) é muito agressivo. Se eles fizerem isso, Portugal é uma grande compra… encurtando o nosso caminho para os títulos da Parpública.”
Antônio Borges e a privatização da Parpública
A Parpública foi criada em 2000 pelo Governo de Antônio Guterres com o objetivo de ser o instrumento do Estado para assegurar a gestão de empresas em processo de privatização. Esta posição concedeu uma importância central a esta holding pública que viu os seus lucros subirem a pique na última década, fruto das privatizações levadas a cabo por todos os governos. Com a vinda da troika e o plano do PSD e CDS para privatizar as últimas jóias da coroa – TAP, ANA, CP Carga, CTT e Caixa Seguros, Água de Portugal e RTP – a própria Parpública tem os seus dias contados, pois o Estado deixará de ter participações nessas empresas. Na segunda versão do memorando de entendimento foi avançada a possibilidade de dissolução da Parpública ou a sua integração na administração pública, “uma vez que as suas fontes de receitas serão afetadas pela privatização”.
A verdade é que até à decisão final é pela Parpública que passará o processo de privatizações, e é no âmbito da Parpública que opera Antônio Borges, assessor indicado por Passos Coelho para liderar o processo. Mas esta não foi a primeira vez que Antônio Borges lidou com a Parpública. Entre Fevereiro de 2004 e Abril de 2005 o Goldman Sachs prestou consultadoria financeira à Parpública no âmbito dos processos de privatização da GALP e EDP, recebendo por esse tempo 2,3 milhões de dólares do Estado português. Nesse tempo, o representante do Goldman Sachs perante o Estado foi Antônio Borges, que agora fala em nome do Estado a defender as privatizações, incluindo o modelo ruinoso de concessão da RTP apresentado na entrevista à TVI na semana passada.
A ligação de Borges ao Goldman Sachs tem levado ao questionamento da sua imparcialidade na condução do processo de privatizações. Marc Roche, autor do livro «O Banco: Como Goldman Sachs dirige o Mundo», quando questionado sobre a escolha de Borges pelo Governo de Passos Coelho, alertou – “O problema é que o senhor Borges não disse o que fez no Goldman Sachs. Pode haver um conflito de interesses. É preciso total transparência (…) O senhor Borges tem de decidir se o Goldman Sachs tem ou não um papel nas privatizações».
parabéns pela estrutura e conteúdo de seu blog
ResponderExcluirForte abraço Renato Artesanato em MDF