No verão de 2014, o Blueseed poderá aportar na costa californiana, a cerca de vinte quilômetros do Vale do Silício, sul da baía de San Francisco. Esse barco, idealizado pela empresa americana Blueseed, serviria de "incubadora" de start-ups. Ele poderá receber a bordo cerca de 1.800 engenheiros e empreendedores, representando centenas de start-ups. Com uma vantagem: situado em águas internacionais e portando a bandeira das Bahamas ou das Ilhas Marshall, esse "Googleplex dos mares" (referência à sede do Google em Mountain View, na Califórnia) se livraria da regulamentação americana. Sobretudo em matéria de vistos de trabalho.
Jérôme Marin
Jérôme Marin
Como as empresas de alta tecnologia que fazem o nome desta rica região, o Vale do Silício vive da reinvenção. As aproximadamente uma dúzia de cidades do vale, que incluem Mountain View e Palo Alto, conseguiram evitar a recessão, prosseguindo em sua transformação de centros comerciais corporativos para centros urbanos. Na foto, o Museu da História da Computação em Mountain View exibe exposição que mostra a cronologia do avanço tecnológico na região.
Um simples passaporte e um visto de turista bastariam para se instalar ali. Os detalhes desse projeto ainda permanecem vagos, assim como a data de inauguração, já adiada diversas vezes.
No entanto, o projeto tem despertado interesse: 1.300 pessoas já se candidataram, em sua grande maioria cidadãos estrangeiros.
Empresas penalizadas
"O Vale do Silício não está mais sozinho", diz Jeetu Melwani. "Os Estados Unidos precisam perceber isso". Em abril, o Canadá lançou uma ofensiva visando os empreendedores, concedendo ao final um visto permanente. As autoridades canadenses não escondem: esse programa é destinado sobretudo àqueles que não podem permanecer nos Estados Unidos.
"É lamentável que seja tão complicado montar um negócio aqui", se queixa Josh Rio, fundador australiano do Sceene, uma rede social para celulares. "Assim como muitos outros jovens, eu saí da universidade antes de me formar. Isso torna minha situação ainda mais difícil, limitando minhas opções." Enquanto espera por um visto, ele teme ter de deixar o Vale do Silício.
A empresas são igualmente penalizadas. Para uma startup, um pedido de visto para um funcionário é um processo caro (pelo menos US$ 10 mil em taxas) e longo, sem nenhuma garantia de obtenção. Mesmo os gigantes do setor encontram dificuldades. "Eles dispõem de milhares de postos de trabalho para os quais não encontram candidatos", garante Emily Lam, do Silicon Valley Leadership Group, um grupo de pressão que reúne quase 400 empresas da região. "Se as empresas pudessem recrutar americanos e poupá-los do processo administrativo, elas o fariam", garante Lam. Mas as universidades não formam um número suficiente de engenheiros para atender à demanda. O índice de desemprego entre formados em engenharia eletrônica é quase zero, o que leva a uma inflação dos salários. Essa escassez poderá se agravar ainda mais. O think Tank Partnership for a New American Economy acredita que faltarão 230 mil formados em ciências, tecnologia, engenharia e matemática daqui a cinco anos.
"É lamentável que seja tão complicado montar um negócio aqui", se queixa Josh Rio, fundador australiano do Sceene, uma rede social para celulares. "Assim como muitos outros jovens, eu saí da universidade antes de me formar. Isso torna minha situação ainda mais difícil, limitando minhas opções." Enquanto espera por um visto, ele teme ter de deixar o Vale do Silício.
A empresas são igualmente penalizadas. Para uma startup, um pedido de visto para um funcionário é um processo caro (pelo menos US$ 10 mil em taxas) e longo, sem nenhuma garantia de obtenção. Mesmo os gigantes do setor encontram dificuldades. "Eles dispõem de milhares de postos de trabalho para os quais não encontram candidatos", garante Emily Lam, do Silicon Valley Leadership Group, um grupo de pressão que reúne quase 400 empresas da região. "Se as empresas pudessem recrutar americanos e poupá-los do processo administrativo, elas o fariam", garante Lam. Mas as universidades não formam um número suficiente de engenheiros para atender à demanda. O índice de desemprego entre formados em engenharia eletrônica é quase zero, o que leva a uma inflação dos salários. Essa escassez poderá se agravar ainda mais. O think Tank Partnership for a New American Economy acredita que faltarão 230 mil formados em ciências, tecnologia, engenharia e matemática daqui a cinco anos.
US$ 14 milhões em lobby
Vivek Wadhwa ressalta que "os imigrantes altamente qualificados tiveram um papel importante para fazer do Vale do Silício o centro incontestável da inovação tecnológica no mundo". Entre 1995 e 2005, 52% das start-ups criadas na região contavam com um estrangeiro entre seus fundadores. Entre eles, Sergei Brin (Google), Jerry Yang (Yahoo!) ou ainda Steve Chen (YouTube). Desde 2005, essa proporção caiu para 44%. "Cada dia que passa sem uma reforma é um dia em que perdemos parte de nossa vantagem competitiva", lamenta Mike McGeary, diretor da Engine Advocacy, uma organização que representa as start-ups em Washington.
Então o Vale do Silício tem redobrado esforços para ser ouvido. Nos três primeiros meses do ano, seus gastos com lobby junto ao Congresso chegaram a quase US$ 14 milhões. No Facebook, eles quadruplicaram em um ano. Mark Zuckerberg, o jovem presidente da rede social, se envolveu pessoalmente no debate, lançando seu próprio grupo de pressão (FWD.us). O Congresso parece disposto a agir. No Senado, um grupo bipartidário de oito senadores apresentou um projeto de lei que prevê elevar as cotas de imigração e criar um visto reservado aos empreendedores. É esse texto – e as inúmeras emendas relacionadas – que o Comitê Judiciário do Senado começou a examinar na quinta-feira (9).
O desfecho parlamentar permanece incerto, sobretudo na Câmara de Representantes. A imigração continua sendo um assunto delicado do ponto de vista político. E a situação no mercado de trabalho, com um índice de desemprego próximo a 8%, não ajuda. "Cada emprego em alta tecnologia que é criado representa 4,3 empregos em outros setores", alega Mike McGeary. O projeto de lei poderá criar até 1 milhão de empregos no país. Esses argumentos deverão convencer, porque os partidários de uma reforma sabem: caso essas negociações fracassem, a janela de lançamento só voltará a se abrir daqui a vários anos. O Vale do Silício acredita que será tarde demais.
Tradutor: Lana Lim
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