segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Todo entulho de obra é desperdício de dinheiro e recursos naturais

Ao ser obrigado pela legislação ambiental, em especial pela Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) e Resolução CONAMA 307/2002, a segregar os resíduos nas obras, é comum que a primeira reação seja adversa.

Fernando De Barros

Resíduos de construção civil, em usina de reciclagem

Resíduos de construção civil, em usina de reciclagem
Em especial quanto aos resíduos classe A, típicos de construção, como restos de concreto, tijolos, argamassas, telhas de barro, olha-se para as inúmeras caçambas de entulho retirados dos pátios e logo começa a reclamação sobre o preço do serviço de caçamba. A novidade agora é criticar também as empresas que fazem o tratamento dos resíduos Classe A – com a trituração para que voltem à cadeia produtiva como agregados, para serem usados na execução de pisos e outros usos não estruturais.
Ao reclamar do custo com o armazenamento, transporte e destinação ambientalmente adequada dos resíduos da construção civil, que de fato oneram as obras, muitas vezes os responsáveis pelas obras esquecem-se de que todo entulho depositado na caçamba é fruto também de erros e omissões na execução dos projetos.
Sim, é preciso reconhecer que boa parte do entulho de obra, resíduos Classe A, é fruto de falhas, muitas das vezes, de engenheiros e arquitetos! Ou o entulho excedente vem da ausência de um projeto bem elaborado, ou da falta de bons projetos complementares e sua compatibilização com o projeto original. Outro problema, muito comum, é a falta de supervisão adequada na execução dos serviços, muitas vezes delegada a mestres de obras ou pedreiros sem treinamento de qualidade.
É preciso ficar claro que em reformas, a geração de entulho é grande, mas muitas vezes inevitável. Fala-se aqui de obras novas, nas quais, com planejamento adequado, é possível evitar muito “quebra quebra” ou retrabalho – e assim minimizar a geração de muito entulho. Além disso, mais caro que o custo da destinação dos resíduos é o custo dos materiais desperdiçados e da mão de obra que terá que ser paga novamente para refazer o trabalho antes mal feito.
Todo resíduo é desperdício, dinheiro jogado fora. Antes de reclamar do custo da destinação ambientalmente correta dos resíduos, é preciso rever conceitos.
Para empresas que querem melhorar seu desempenho quanto à redução de desperdício e quanto à geração de resíduos, é indispensável que seja promovido treinamento de qualidade nas obras. Para isso, destaca-se o papel do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, que está à disposição também para o desenvolvimento de profissionais da construção civil.
Providenciar projetos de arquitetura e projetos complementares bem elaborados também melhoram a performance. Outra forma é promover minuciosa e atenta supervisão da execução da obra e o seu monitoramento. Um exemplo é implantar programa de redução de desperdício desde o início da obra, com metas de redução de número de caçambas por metro quadrado de obra construída. Só assim, com o compromisso e responsabilidade dos profissionais do setor, será possível reduzir a geração de entulhos e melhorar a segregação dos resíduos da construção civil na fonte, na obra.
Fernando de Barros é engenheiro civil, especialista em Planejamento e Gestão Ambiental, mestre em Engenharia de Edificações e Saneamento e responsável técnico da Master Ambiental.

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