19 de novembro de 2014 | 15:33 Autor: Fernando Brito
Indispensável a leitura da reportagem de Daniel Castro, no UOL, sobre a entrada em operação, em 2015, da empresa alemã GfK, concorrente do Ibope na aferição de audiência das emissoras de TV.
A partir de abril , haverá um outra amostra do que é assistido pelos brasileiros, abrangendo, inclusive, canais de TV a cabo e de locação de filmes, bem como os programas sintonizados em estabelecimentos comerciais, onde os televisores são, hoje, presença inevitável.
A medição, numa primeira fase, abrangerá Rio e São Paulo, para chegar – até junho – em Campinas, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília, Vitória, Salvador, Recife, Fortaleza, Belém e Manaus. A pretensão é, adiante, usar o mesmo aparelho para registrar o uso de internet, via computadores, tablets e smartphones.
Como é a audiência que define a escolha da mídia e a aceitação dos preços negociados pelas emissoras para a exibição de comerciais, isso mexe com um mercado bilionário. É por isso que todas as outras emissoras de TV além da Globo, principal fonte de receita do Ibope, anteciparam pagamentos pelos relatórios de audiência e viabilizaram, assim, o investimento dos alemães.
Como nas pesquisas eleitorais, por isso, talvez comecemos, até lá, a observar mudanças expressivas nos números de audiência revelados pelo Ibope.
Por que?
Deixo que os amigos imaginem com a narrativa, em seu Facebook, do veterano jornalista e professor (meu, inclusive, porque é falível) Nílson Lage:
Instala-se no Brasil a empresa alemã que irá concorrer com o Ibope, sempre acusado de beneficiar a TV Globo nas suas medições de audiência.
Tanto essas suspeitas são generalizadas que as concorrentes da Globo se cotizaram para subsidiar parte da instalação dos 20 mil novos aparelhos medidores individuais da GfK.
Tanto essas suspeitas são generalizadas que as concorrentes da Globo se cotizaram para subsidiar parte da instalação dos 20 mil novos aparelhos medidores individuais da GfK.
Em 1979, quando dirigia o jornalismo da TV Educativa do Rio contratei com a UPI (United Press International, uma das maiores agências de notícias do mundo- nota do Tijolaço) a recepção do satélite, rachando com a Globo a perna de descida do satélite Intelsat. Nosso modesto telejornal das 22 h, transmitido em rede pelas emissoras educativas, estava com audiência de dois pontos quando um diretor da UPI (só me lembro o sobrenome, Menezes), oficiou-me denunciando o acordo. Pergunte-lhe o motivo e ele me confessou que o jornal tinha, de fato, não dois, mas seis pontos de audiência, o que levara a Globo a exigir exclusividade, embora pagando o custo todo da leg down. “É nosso maior cliente no Hemisfério Sul” justificou. E advertiu: “Se você contar, eu desminto”.
Poucos anos antes, quando o Chacrinha era transmitido pela TV Bandeirantes, dava sempre audiência inferior à da Globo em Brasília, o que era estranho. Segundo me contou José Carlos de Andrade, então diretor da Radiobrás, atual EBC (que reproduzia a programação da Band), o segredo é que o Ibope “fazia a medição no quarteirão dos senadores”, onde, de fato, Abelardo Barbosa tinha poucos fãs.
Ou será que você achava que é só com o seu voto que fazem isso?
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