Os pesquisadores deram a pacientes pílulas de cafeína que equivaliam de duas a quatro doses diárias de café ou placebos. Depois de um mês e meio, os portadores da doença que tomaram as pílulas com a substância mostraram avanço significativo no controle dos movimentos e diminuição dos tremores.

O pesquisador líder do estudo, Ronald Postuma, relatou ao jornal inglês The Independent que pesquisas anteriores já mostraram que pessoas que usam cafeína têm menos probabilidade de desenvolver o Parkinson. “É a primeira vez, no entanto, que pesquisas mostram que a substância pode ajudar também a quem já tem a doença”, afirmou Postuma.

O resultado da pesquisa foi publicada inicialmente na edição online do jornal médico ‘Neurology’ (Neurologia). O neurologista Michael Schwarzschild, do Hospital Geral de Boston, nos Estados Unidos, ao comentar o estudo, afirmou que ele é interessante porque indica que a cafeína parece bloquear o mau funcionamento de um sinal cerebral causado pela doença. “Isso é feito de modo seguro e barato”, afirma.

Schwarzschild observou que os resultados ainda não sugerem que a cafeína já pode ser usada para tratar o Mal de Parkinson. “Mas a pesquisa deve ser levada em consideração quando o paciente discute o uso de cafeína com o neurologista”, diz.

No Brasil, a neurologista Mônica Fonseca, da Clínica São Vicente, chama a atenção para o fato de que outras pesquisas já indicaram que a cafeína poderia ter influência na produção de dopamina no cérebro —problemas motores do Parkinson são causados pela falta da substância no sistema nervoso central. “Isso não quer dizer que tomar café, da forma como tomamos no cotidiano, poderia ser medicação”, diz ela.