terça-feira, 21 de agosto de 2012

Novo livro de Galeano mescla poesia, ensaio e crônica


  20 DE AGOSTO DE 2012

“Os filhos dos dias” emprega formato de calendário para contar uma história para cada dia do ano. Primeira página deseja que o dia seja alegre como as cores de uma quitanda
Por Jaime Cimenti, no blog da L&PM
Os filhos dos dias é o mais novo livro do jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano, que vive, caminha e escreve em Montevidéu, aos 72 anos, e segue como um dos grandes nomes da intelectualidade contemporânea. Galeano escreveu o clássico moderno As veias abertas da América Latina - denunciando a exploração europeia – e já recebeu prêmios importantíssimos como o Casa de las Américas de Cuba, o Dagerman da Suécia e o Cultural Freedom Prize, da Lannan Foundation dos Estados Unidos.
Sua obra mescla, sem medo e sem cerimônia, com criatividade, gêneros literários diversos, como a poesia, a narração, o ensaio e a crônica. Memórias e memórias inventadas também entram, claro. Ao longo de várias décadas de trabalho, Galeano notabilizou-se por recolher as vozes e as almas das ruas em obras como Bocas do tempoDe pernas pro arFutebol ao sol e à sombra O livro dos abraços.
Nessa nova obra, Os filhos dos dias, Galeano utilizou o formato de calendário para contar uma história para cada dia do ano. Na primeira página ele deseja que o dia seja alegre como as cores de uma quitanda. Na última, ele fala de morte, de febre terçã e da palavra abracadabra, que, em hebraico queria dizer e continua dizendo: envia o teu fogo até o final. Pois é, para o dia 16 de julho, Galeano traz a história daquele jogo da Seleção Brasileira contra o Uruguai em 1950, quando o Maracanã abrigou duzentas mil estátuas de pedra. Para o 1 de abril não há história de bobos.
O escritor narrou o episódio do desembarque do primeiro bispo do Brasil, Pedro Sardinha – em 1553 – e que, três anos depois, teria sido devorado pelos caetés no Sul de Alagoas e inaugurado, assim, a gastronomia nacional. Para 19 de fevereiro, Galeano trouxe um diálogo-desafio terrível entre o consagrado escritor Horacio Quiroga e a morte. Para o dia 14 de abril, o escritor contou a história de Nellie Bly – a mãe das jornalistas -, que mostrou, em 1889, dando a volta ao mundo e reportando a viagem, que jornalismo não era só coisa de homem. Em 1919, ela publicou suas últimas reportagens, desviando das balas da Primeira Guerra Mundial.
Como se vê, Galeano abraçou a diversidade de povos e culturas, contando episódios que vão de 1585, no México, até, por exemplo, o 15 de setembro de 2008 na Bolsa de Nova Iorque, passando pela morte de John D. Rockefeller, em 1937, e muitos outros. L&PM Editores, 432 páginas, R$ 49,00, tradução de Eric Nepomuceno.
Leia também:
  1. Eduardo Galeano fala sobre seu novo livro
  2. Eduardo Galeano aponta quatro mentiras sobre o ambiente
  3. Galeano: “entre indignados e indignos”
  4. Breve crônica do Suriname, vizinho desconhecido
  5. Ninguém leu o livro de Amaury Ribeiro Jr?
  6. Venezuela elege novo Congresso com votos divididos
  7. O novo jornalista: um DJ intercultural?
  8. Biomassa: um novo olhar
  9. Um novo barco desafio o bloqueio a Gaza
  10. Por um novo horizonte feminista

Nenhum comentário:

Postar um comentário