domingo, 2 de novembro de 2014

Greenpeace protesta no Salão do Automóvel


Notícia - 30 - out - 2014
Durante cerimônia de abertura do Salão do Automóvel, ativistas do Greenpeace foram detidos ao protestar por mais eficiência veicular
Durante Salão do Automóvel, quatro ativistas escalaram o teto do Pavilhão de Exposições do Anhembi e tentaram abrir dois banners com a mensagem: “Elas estão te enganando. Exija carros eficientes”. (©Brunno Marchetti/Greenpeace)
O Salão do Automóvel de São Paulo, o mais importante evento do setor automotivo do Brasil, foi inaugurado hoje com protestos do Greenpeace. Após a abertura do evento ao público, houve tentativa de manifestação: quatro ativistas escalaram o teto do Pavilhão de Exposições do Anhembi, onde acontece o evento. Eles tentaram abrir dois banners gigantes com os logotipos da Volkswagen, Chevrolet e Fiat – líderes em vendas de carro no Brasil – e uma mensagem aos consumidores: “Elas estão te enganando. Exija carros eficientes”.

O protesto foi reprimido pela Polícia Civil, os ativistas foram retirados, os banners foram recolhidos e seis ativistas foram encaminhados à Delegacia Especializada de Atendimento ao Turismo do Anhembi. Após permanecerem três horas na Delegacia, os ativistas foram liberados após terem prestado depoimento e de ter sido registrado um boletim de ocorrência de contravenção por perturbar o trabalho alheio.
No entanto, a polícia continuará a apuração e dará continuidade ao inquérito. A repressão ao protesto do Greenpeace comprova que as maiores montadoras do País evitam o diálogo e admitir a verdade: seus carros são ultrapassados.
Ainda hoje, mais cedo, durante a cerimônia de abertura, ativista do Greenpeace abriu um banner com os logotipos da Volkswagen, Chevrolet e Fiat - líderes em vendas de carro no Brasil - e um recado para as montadoras: "Chega de enrolação. Carros eficientes já!".
A manifestação faz parte da campanha que pede às três montadoras que assumam metas mais ambiciosas de eficiência energética de seus produtos. No lançamento da campanha, em abril desse ano, o Greenpeace divulgou o estudo Eficiência Energética e Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), feito em parceria com a Coppe/UFRJ. O documento mostra que os carros produzidos no Brasil poderiam - caso as montadoras adotassem a mesma meta de eficiência energética estabelecida pela União Europeia - consumir muito menos combustível e reduzir suas emissões de gases do efeito estufa, contribuindo para o enfrentamento das mudanças climáticas. Nesse cenário, mesmo que o número de carros nas ruas do país dobre em 2030, como é estimado, as emissões ainda seriam cerca de 10% menores que as de 2010. Além disso, os brasileiros economizariam cerca de R$ 287 bilhões com a redução do consumo de combustível.
Fiat, Chevrolet e Volkswagen foram desafiadas pelo Greenpeace a assumir publicamente o compromisso de igualar no Brasil a meta europeia de chegar à eficiência de 1,22 MJ/km até 2021. Mas até agora nenhuma delas deu passos concretos. “O Salão do Automóvel é uma das principais vitrines das montadoras, onde o mote é tecnologia e modernidade. Mas é pura maquiagem. As mesmas marcas que já produzem carros com menos consumo de combustível na Europa estão colocando veículos com tecnologia velha nas nossas ruas”, diz Fabiana Alves, coordenadora da campanha de Transporte do Greenpeace Brasil.
 
Nos últimos anos, o setor de Transporte foi um dos que mais contribuiu para alavancar as emissões brasileiras de gases estufa: de 1990 a 2012, segundo o Observatório do Clima, suas emissões aumentaram 143%, e o setor já lidera as emissões relacionadas ao consumo de energia no país. O último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU) também alerta que o setor é o que mais deve ter crescimento dentro das emissões globais, puxado principalmente pelos países emergentes – como o Brasil, que já é o quarto maior mercado de automóveis do mundo.
 
“As maiores montadoras do mercado brasileiro estão ignorando a crise climática global. Mais que isso, elas estão lavando as mãos com relação à responsabilidade que têm sobre esse cenário”, critica Fabiana Alves. “A tecnologia para produzir carros mais limpos e eficientes já existe na Europa”.
 
Desde o lançamento da campanha, as três empresas esboçaram respostas, todas vazias. Em nenhum momento se comprometeram a elevar a eficiência energética dos veículos produzidos no Brasil. Atualmente, a única meta que o país tem de eficiência energética veicular, estipulada pelo programa Inovar-Auto do governo federal, é voluntária e abaixo da meta obrigatória europeia. O Greenpeace mantém o desafio às empresas para que elas adotem metas mais ambiciosas.
 
“A frota de veículos cresceu muito nos últimos anos no Brasil, por isso é imprescindível adotar medidas rigorosas para que esses carros emitam cada vez menos gases de efeito estufa. O padrão de eficiência energética deve ser mais rigoroso para que os carros que cheguem às ruas sejam os mais limpos possível”, afirma Fabiana, do Greenpeace. “As empresas estão enrolando o consumidor brasileiro”.

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