Dom Pedro II viajou ao Egito, Líbano, Síria e Palestina e deixou suas impressões registradas em cadernetas. Elas são mantidas pelo Museu Imperial e o conteúdo pode ser acessado pelo site da instituição.
São Paulo – O Museu Imperial, que fica na cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, guarda em seu acervo um bem precioso sobre as relações do Brasil com o mundo árabe na época da monarquia. São os diários das viagens que o imperador Dom Pedro II fez pelo Brasil e mundo afora, entre elas para o mundo árabe. As cadernetas trazem relatos da ida do monarca ao Egito, em 1871, e depois ao Líbano, Síria, Palestina e novamente Egito, em 1876.
Dom Pedro II (3º da dir. para esq.) visitou Egito
“O fascínio dele é o Egito. Ele deixa registrado isso em várias ocasiões”, afirma o diretor do Museu Imperial, Maurício Vicente Ferreira Júnior. O diretor destaca também o entusiasmo de Dom Pedro II com a passagem pela Palestina. Júnior ressalta características do imperador que transparecem nos diários, como a curiosidade, a emotividade com o que observa, e o sarcasmo, em função de comentários críticos e humorados com o que vê.
“Depois de ouvir missa na igreja dos Franciscanos à qual só a pé se pode chegar por causa destas ruas que parecem galerias de formiga fui às Pirâmides de Gizeh. O caminho quase todo por alamedas de acácias, das quais muitíssimas trançam entre si as comas do verde o mais esplêndido é condigno vestíbulo de tão venerando monumentos”, escreveu Dom Pedro II em sua primeira viagem ao Egito sobre a visita às pirâmides de Gizeh.
Os relatos da primeira viagem ao Egito contam basicamente sobre a visita a locais históricos, com algumas observações carinhosas e outras bem humoradas sobre as pessoas e lugares com os quais o imperador se depara.
O diretor do Museu Imperial conta que as viagens ao Oriente Médio não foram missões de estado, mas sim pessoais. Tanto que Dom Pedro II fazia questão de se registrar nos hotéis como Pedro de Alcântara e não como o imperador brasileiro. Júnior lembra que o monarca fez a primeira viagem ao exterior no ano de 1871, quando já estava na meia idade, após ter lido muito sobre os países e estudado outros idiomas.
“Às 7 e quase ¼ estava em El Arosieh (Betânia). Poucos árabes. Atravessei a aldeia para ir ao túmulo de Lázaro aonde cheguei depois de passar quase deitado de barriga para baixo por um buraco que abre para o vestíbulo de onde se descem 5 degraus, havendo até esse 27”, descreve o imperador no dia 27 de novembro de 1876, já na segunda viagem ao mundo árabe, sobre sua passagem pelo local onde fica o túmulo de Lázaro, personagem bíblico que teria ressuscitado. O local fica na atual Cisjordânia ocupada.
Nos diários da segunda viagem ao mundo árabe o imperador também se detém bastante nos locais históricos que visita, mostrando bastante conhecimento a respeito deles e fazendo algumas observações, ora analíticas, ora engraçadas. “Desde que iniciei a navegação pelo Nilo, acima e próximo de Assuan, não escutei outra coisa senão a exclamação – veja um crocodilo! – que não consegui enxergar e apenas entrever, rapidamente, três destas feras, empalhadas grosseiramente”, escreve ele na segunda passagem pelo Egito, em 1876.
No total, o arquivo do Museu guarda 47 cadernetas de viagem. Também há desenhos feitos pelo imperador em algumas, entre elas a do Egito. O material escrito não está exposto no Museu, em função do desgaste que pode sofrer o papel, mas seu conteúdo pode ser acessado pelo site da instituição. (veja link abaixo). Os relatos de viagem já foram assunto de um livro com CD produzidos pelo Museu Imperial na década de 1990, que estão esgotados, e também temas de exposição. Uma delas chamou-se “O Imperador Viajante” e percorreu 12 localidades no Brasil visitadas pelo imperador Dom Pedro II.
Júnior conta que dentro dos próximos dois anos deve ser publicado novo material com base nos diários de viagens e que o Museu Imperial planeja outra mostra sobre o tema. Nos materiais que estão expostos no museu há alguns objetos de viagens, mas eles são principalmente referentes aos deslocamentos do imperador pelo Brasil e estão inseridos em ambientes da casa, sem identificação específica das viagens.
“Depois de ouvir missa na igreja dos Franciscanos à qual só a pé se pode chegar por causa destas ruas que parecem galerias de formiga fui às Pirâmides de Gizeh. O caminho quase todo por alamedas de acácias, das quais muitíssimas trançam entre si as comas do verde o mais esplêndido é condigno vestíbulo de tão venerando monumentos”, escreveu Dom Pedro II em sua primeira viagem ao Egito sobre a visita às pirâmides de Gizeh.
Os relatos da primeira viagem ao Egito contam basicamente sobre a visita a locais históricos, com algumas observações carinhosas e outras bem humoradas sobre as pessoas e lugares com os quais o imperador se depara.
O diretor do Museu Imperial conta que as viagens ao Oriente Médio não foram missões de estado, mas sim pessoais. Tanto que Dom Pedro II fazia questão de se registrar nos hotéis como Pedro de Alcântara e não como o imperador brasileiro. Júnior lembra que o monarca fez a primeira viagem ao exterior no ano de 1871, quando já estava na meia idade, após ter lido muito sobre os países e estudado outros idiomas.
“Às 7 e quase ¼ estava em El Arosieh (Betânia). Poucos árabes. Atravessei a aldeia para ir ao túmulo de Lázaro aonde cheguei depois de passar quase deitado de barriga para baixo por um buraco que abre para o vestíbulo de onde se descem 5 degraus, havendo até esse 27”, descreve o imperador no dia 27 de novembro de 1876, já na segunda viagem ao mundo árabe, sobre sua passagem pelo local onde fica o túmulo de Lázaro, personagem bíblico que teria ressuscitado. O local fica na atual Cisjordânia ocupada.
Nos diários da segunda viagem ao mundo árabe o imperador também se detém bastante nos locais históricos que visita, mostrando bastante conhecimento a respeito deles e fazendo algumas observações, ora analíticas, ora engraçadas. “Desde que iniciei a navegação pelo Nilo, acima e próximo de Assuan, não escutei outra coisa senão a exclamação – veja um crocodilo! – que não consegui enxergar e apenas entrever, rapidamente, três destas feras, empalhadas grosseiramente”, escreve ele na segunda passagem pelo Egito, em 1876.
No total, o arquivo do Museu guarda 47 cadernetas de viagem. Também há desenhos feitos pelo imperador em algumas, entre elas a do Egito. O material escrito não está exposto no Museu, em função do desgaste que pode sofrer o papel, mas seu conteúdo pode ser acessado pelo site da instituição. (veja link abaixo). Os relatos de viagem já foram assunto de um livro com CD produzidos pelo Museu Imperial na década de 1990, que estão esgotados, e também temas de exposição. Uma delas chamou-se “O Imperador Viajante” e percorreu 12 localidades no Brasil visitadas pelo imperador Dom Pedro II.
Júnior conta que dentro dos próximos dois anos deve ser publicado novo material com base nos diários de viagens e que o Museu Imperial planeja outra mostra sobre o tema. Nos materiais que estão expostos no museu há alguns objetos de viagens, mas eles são principalmente referentes aos deslocamentos do imperador pelo Brasil e estão inseridos em ambientes da casa, sem identificação específica das viagens.
Museu Imperial traz peças da monarquia
O Museu Imperial foi criado em 1940 e está instalado na casa ou palácio de verão do imperador Dom Pedro II. No local onde ela foi construída ficava a Fazenda do Córrego, comprada por Dom Pedro I com o intuito de fazer da região um caminho mais curto do Rio para Minas Gerais, sem ter que passar por São Paulo. Dom Pedro I tinha o sonho de construir ali uma casa de verão, que se chamaria Palácio da Concórdia, mas acabou não fazendo. Recebendo a fazenda como herança, Dom Pedro II realizou o sonho do pai e construiu a casa.
A cidade de Petrópolis, então, se formou ao redor do palácio. Com a Proclamação da República, a casa foi comprada pelo estado e transformada em escola. No governo de Getúlio Vargas, com a valorização de tudo o que era nacional, ela virou em museu para abrigar peças referentes à monarquia. Parte dos materiais veio de outras instituições, mas a maioria é do acervo de Pedro de Orléans e Bragança, neto de Dom Pedro II.
O conjunto documental das viagens do imperador pelo Brasil e mundo recebeu no ano passado a nominação para o Registro Internacional do Programa Memória do Mundo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Crédito das citações: Museu Imperial/Ibram/MinC
Serviço:
A cidade de Petrópolis, então, se formou ao redor do palácio. Com a Proclamação da República, a casa foi comprada pelo estado e transformada em escola. No governo de Getúlio Vargas, com a valorização de tudo o que era nacional, ela virou em museu para abrigar peças referentes à monarquia. Parte dos materiais veio de outras instituições, mas a maioria é do acervo de Pedro de Orléans e Bragança, neto de Dom Pedro II.
O conjunto documental das viagens do imperador pelo Brasil e mundo recebeu no ano passado a nominação para o Registro Internacional do Programa Memória do Mundo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Crédito das citações: Museu Imperial/Ibram/MinC
Serviço:
Diários de Viagem Dom Pedro II
Acesso ao arquivo do Museu Imperial
http://www.museuimperial.gov.br/component/content/article/134-arquivo-historico-pt/4349-instrumentos-de-pesquisa.html
Acesso ao arquivo do Museu Imperial
http://www.museuimperial.gov.br/component/content/article/134-arquivo-historico-pt/4349-instrumentos-de-pesquisa.html
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